Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

A todos um Bom Natal!


O blog foi, mais ou menos, abandonado, mas isso não quer dizer que não possa vir aqui desejar as Boas Festas a um qualquer visitante ocasional que se perca por estas bandas.
E que o Novo Ano de 2017 seja um pouco melhor que este velho que está quase a bater a caçoleta!

sábado, 2 de abril de 2016

Almas penadas e cães danados!


Já que os combatentes não aparecem para me ajudar a preencher estas páginas, vou contar-vos mais uma história verídica que se passou comigo, aí pela altura em que eu tinha 10 anos de idade e que tem a ver com almas penadas e outras coisas que tais.
Com 6 anos e meio de idade eu ia todos os dias a pé para a escola de Courel, onde frequentei a 1ª Classe, por falta de lugar na Escola da D. Alexandrina do Couto. Como podem imaginar, nos meses de inverno era ainda de noite quando saía de casa e me fazia ao caminho pelos Eiteirais fora. Isto para dizer que eu não era de ter medo e andava na rua, de noite ou de dia, sem o mínimo problema.
Mas vamos lá à história que vos quero contar. Dizia-se que na Pedra Fita apareciam bruxas, à meia noite, quando era maré de Lua Cheia. E onde há bruxas, anda também o mafarrico e outras entidades da mesma família. Sabendo isto, cada vez que passava na Pedra Fita, depois do sol pôr, eu olhava por baixo do bigode para um e outro lado da estrada, a ver quando via uma dessas criaturas passar montada na sua vassoura. Feliz ou infelizmente, nunca tive o prazer de um tal encontro.
Como sabem, a minha mãe era a costureira mais reclamada da freguesia e não havia sábado (à noite) que não fosse preciso ir levar uma peça de roupa acabada à pressa, por vezes já à luz do candeeiro de petróleo. para uma qualquer lavradeira estrear na missa do dia a seguir, domingo. Umas vezes era para Gueral, outras para Chorente e até para Courel. Como as minhas duas irmãs mais velhas já funcionavam como ajudantes da costureira-mãe, era a mim que cabia a tarefa das entregas.
Um certo dia calhou-me ir a Gueral, aldeia da Ribeira, lugar que fica quase a chegar ao S.to Amaro de Chorente. Saí de casa ao escurecer e enquanto fui e regressei era noite cerrada quando passei pela Pedra Fita. Como de costume, deitei o rabo do olho para ambos os lados da estrada e não vi nada. Andados uns metros senti uns passinhos miúdos atrás de mim. Parei, virei-me para trás e vi um cão magricelas, de perna alta, que trotava atrás de mim. Quando parei ele parou também. Recomecei a caminhada e ele toc...toc...toc... sempre atrás de mim. Parei de novo e ele parou também. Aí comecei a ficar nervoso e a recordar todas as histórias de lobisomens que já tinha ouvido.
Comecei a assobiar para espantar o medo e fui andando até chegar ao cruzamento com o caminho que desce para a Gandarinha e a azenha do Tio Avelino Mariano. Aí chegado, abaixei-me de repente, apanhei uma pedra na valeta e virei-me para acertar com ela no cão cujos passinhos eu continuava a ouvir ecoar na minha cabeça.
Mas quando virei os olhos para o lado de Gueral, dali atá à Pedra Fita, não havia nada nem ninguém. Nem cão, nem bruxa, nem o diabo que os carregue. Acelerei o passo até chegar a casa e contei o acontecido à minha avó. Ela benzeu-se e disse apenas - Vade Retro Satanás!

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Pouco a dizer!

Só para que não passe em branco o mês de Fevereiro, quero deixar aqui meia dúzia de palavras. Esta semana recebi um mail do Cândido Macedo, Cabo Clarim da Companhia CCS do Batalhão 1886 que prestou serviço em Cabinda. Por coincidência a mesma Companhia e Batalhão do José Rodrigues que já mereceu mais que uma referência neste blog.
O Cândido gostava que eu o pusesse em contacto com o resto do pessoal do seu Batalhão, mas o meu azar, para além de não ter servido no Exército, não conheço ninguém além do meu conterrâneo e já citado José Rodrigues. E os poucos comentadores que têm visitado este espaço, que me lembre, nunca deixaram qualquer comentário a respeito da Unidade Militar a que o Cândido pertenceu.
É uma inegável evidência que computadores e ex-combatentes não são contemporâneos e isso não ajuda nada a publicitação deste espaço. 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Por onde andou o Zé Vieira!

Comentário deixado por Carlos Valente na mensagem sobre o Zé Vieira:

"O nosso Pelotão (Pelotão de Morteiros 2005), composto de 48 homens (1 alferes, 1 Sargento, e dois Furriéis) embarcou no Uíge, em Lisboa, no dia 10 de Janeiro de 1968, com destino a Bafatá.
O nosso Pelotão era um «Pelotão Independente», o qual estava dividido em esquadras compostas por um cabo e dois municiadores e que oferecia apoio aos vários destacamentos, como eram Banjara, Cambajú, Sumbundo, Sare Ganá, Cantacunda e Sare Banda, por um tempo de dois meses. Depois de cada dois meses de missão, as esquadras regressavam a Bafatá e eram substituídas por outra esquadra"

sábado, 16 de janeiro de 2016

Angola - Como tudo começou!

Pequeno excerto de uma peça jornalística sobre as causas próximas da Guerra Colonial em Angola.

Nestes meios nacionalistas sentiu-se a necessidade imperiosa de oposição ao sistema colonial, logo a seguir às primeiras independências africanas, mas especialmente a seguir à do Congo Belga, em Julho de 1960. Foi aliás, na sequência deste sentimento, que se planeou o assalto a duas prisões em Luanda: a Casa de Reclusão Militar e o Forte de São Paulo, com o intuito de libertar alguns presos nacionalistas.
De Leopoldville, onde estava exilado, Holden Roberto desaconselhou este projecto, sobretudo porque em Luanda, e torno da UPA, se movimentava apreciável número de mulatos, que não eram da confiança de Holden Roberto. Mas também porque ele desejava iniciar a guerra com uma insurreição de grandes proporções, já em preparação para a zona Bacongo, onde as raízes da UPA eram muito profundas. Contudo, os conspiradores de Luanda não só não detiveram a mobilização, como aceleraram a sua execução, a fim de aproveitar a presença na cidade de dezenas de jornalistas estrangeiros atraídos pelo assalto ao paquete SANTA MARIA, que poderiam vir a sensibilizar o mundo para a situação colonial portuguesa. Entre cerca de uma centena de participantes na acção, o núcleo principal era formado por protestantes ligados à UPA, havendo também estudantes católicos do seminário de São Domingos e alguns simpatizantes do MPLA e de outros grupos, porque o conceito destas militâncias não era então muito rígido.
O ataque iniciou-se na noite de 4 de Fevereiro. O balanço oficial de vítimas foi de cerca de 40 assaltantes e de 7 polícias, já que as forças portuguesas, recuperadas da surpresa inicial neutralizaram com facilidade o ataque realizado com «catanas e varapaus». Nos dias seguintes, e em especial no dia do funeral dos polícias mortos, os colonos brancos e as forças militarizadas desencadearam violenta repressão nos bairros negros de Luanda, que durou cerca de um mês. Curioso foi que o MPLA, cuja direcção estava exilada em Conacri, reivindicou a acção, enquanto a UPA se remeteu ao silêncio. 
O conselho de segurança da ONU foi convocado para apreciar os acontecimentos de 4 de Fevereiro. A UPA, assessorada por conselheiros americanos, pretendeu aproveitar a oportunidade para conseguir as simpatias mundiais para a sua causa, o que levou a preparar uma sublevação geral de grande parte da região norte de Angola, incluindo São Salvador, Uije, Dembos, Luanda e Cuanza Norte. Nesta zona, a partir de 15 de Março, elementos da UPA e os seus seguidores destruíram tudo o que encontraram pela frente: fazendas, postos administrativos, destacamentos policiais; atacaram brancos e negros, crianças e mulheres, numa onda nunca vista de chacinas e assassínios.
As vítimas cifraram-se em cerca de 1.000 brancos e de 6.000 negros. Esta actuação da UPA não só contribuiu para um profundo movimento de revolta dos colonos brancos, como deu ao Governo Português o argumento final de que necessitava para envolver o país numa guerra sem quartel contra qualquer movimento ou expressão nacionalista. Demonstrou também a ausência, no seio da UPA, de qualquer ideologia moderna, evidenciando-se a sua natureza tribal. De facto, os bacongos não conseguiram, nem sequer tentaram, o apoio, ou ao menos a neutralidade, dos trabalhadores negros contratados das fazendas do Norte, fundamentalmente constituídos por ovimbundos e ganguelas provenientes do Centro de Angola.
À dureza e barbaridade tribal, as forças portuguesas responderam implacavelmente. Em 9 de Agosto, o exército entrava em Nambuagongo, proclamada antes a capital dos revoltosos. Antes do fim do ano, incompreensivelmente, alguns responsáveis portugueses davam as hostilidades por terminadas.