Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Primeiro Combatente de Macieira!

Quando fui contactado e convidado para aparecer no I Convívio dos Combatentes de Macieira, parti do princípio que se tratava apenas da Guerra do Ultramar. Vi depois que apareciam também os nomes daqueles que fizeram comissão (e não propriamente a guerra) na Índia. Se a ideia era incluir todos os combatentes, vivos ou mortos, por que não incluir também os da I Guerra Mundial? Não faço a mínima ideia de quantos seriam, mas pelo menos um havia e que eu conhecia muito bem, o Tio João do Costa.


A conversa sobre armas químicas está na ordem do dia, por causa daquilo que se passa na Síria, havendo o risco de isso poder despoletar (como já dizem alguns) a III Guerra Mundial. Pois seria bom não esquecermos que os antepassados da Srª Merkel usaram os mesmos meios que os sírios, em 1917 e 1918, matando milhares de soldados, entre eles alguns portugueses. O Corpo Expedicionário Português, treinado à pressa (a mata-cavalos, como alguém escreveu) pelo Gen. Norton de Matos no Quartel de Tancos, foi para a Flandres participar na última fase da guerra, aquela em que os alemães desesperados usaram todos os meios para evitar a derrota.
Muitos dos soldados portugueses morreram, encontrando-se os restos mortais daqueles que foi possível recuperar sepultados no Cemitério Militar de Richebourg. Mas nem todos morreram e um dos que escapou foi o Tio João do Costa, morador no Lugar de Travassos da freguesia de Macieira. Escapou vivo, mas com os pulmões queimados pelo gás de cloro (ou talvez mostarda) lançado às toneladas pelos alemães sobre as tropas aliadas.


Durante a década de 50 do século passado, quem passasse pela estrada que atravessa o Lugar de Travassos podia ver o Tio João sentado à sua janela tentando sorver o ar que lhe faltava nos pulmões. Ali passou os últimos tempos da sua vida até que a morte o libertou do sofrimento. O tempo vai apagando as memórias das pessoas e os mais novos, nascidos depois de 1974, não dão a mínima importância a isso, pois não conviveram nem intervieram (ainda) em nenhuma guerra. Os mortos da I Guerra Mundial já foram praticamente esquecidos e em breve acontecerá o mesmo aos da Guerra do Ultramar. As coisas só doem quando as sentimos na nossa própria pele.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Combatentes - António Martins!

Nome - António da Silva Martins
Nascido em 26 de Março de 1944
Assentou praça em - Outubro de 1965
Ramo das F.A. - Exército
Identificação - 80022/65
Especialidade - Condutor-Auto
Mobilizado para o Ultramar em - Julho de 1966
Pelo RI2 de Abrantes
Unidade - Companhia de Caçadores 1586
Destino - Guiné
Transporte - Navio / Uíge
Regresso em - Maio de 1968
Transporte - Navio / Uíge
Baixas durante a comissão - 15
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Transcrição do registo existente no site «Dos Veteranos da Guerra do Ultramar»

Mobilizada pelo RI 2 (Abrantes), desembarcou em Bissau a 04Ago66, seguindo para Piche onde assumiu a responsabilidade do respectivo subsector. A 21Set66 passou a unidade de intervenção e reserva do sector Leste, realizando operações e destacando pelotões para reforço das unidades em quadrícula, nomeadamente Nova Lamego, entre 10Out e princípios de Dez66; Medina do Boé entre 10Fev e 01 Mai67; e Béli entre 25Jan e 15Abr67. Em 280ut67, integrou as forças do subsector temporário de Canjadude, onde se manteve até 04Dez67. Regressou à metrópole a 09Mai68.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O preço de uma noiva!

Cada terra tem seu uso e cada roca tem seu fuso. Era assim que se dizia antigamente, porque agora nem há rocas nem fusos e a juventude de agora não tem sequer ideia do que isso era. Mas no tempo em que eu era criança e não havia ainda luz eléctrica em Macieira, nem alcatrão na estrada que vai para Barcelos, tosquiavam-se as ovelhas e espadelava-se o linho para dar trabalho à roca e ao fuso de onde saíam os fios para as roupas das gentes desse tempo.
Mas a conversa aqui é outra e não é dos fusos que quero falar, mas dos usos e costumes dos negros com quem nós, os combatentes, convivemos durante a Guerra Colonial. Embora me pareça que nas outras Províncias Ultramarinas (nome moderno dado às Colónias no tempo do Marcelo Caetano para camuflar o nosso papel de colonizadores) se passava o mesmo, vou falar de Moçambique por ser  o lugar onde vivi a minha guerra.
Homem quando atingia a maioridade e queria casar ia falar com o pai da pretendida e perguntava qual o preço que tinha que pagar para que lhe entregasse a filha. Habitualmente o preço era composto por 3 parcelas, uma em dinheiro, outra em bebida e a última em comida, destinando-se as duas últimas à grande "farra" do casamento que se seguia se o contrato chegasse a bom termo. Lembro-me que nos anos 60, quando eu lá estive, o preço de uma rapariga (virgem) era de 1.500$00, 1 pipo de 100 litros de vinho e uma vaca (elas eram tão pequenas e magras que mais pareciam cabritas).
Construir uma palhota com tecto de capim custava 200$00 e mais não era preciso para dar início a uma vida de casados. A vida continuava como dantes, ela a trabalhar na machamba, semeando amendoim, milho ou mandioca e ele na caça ou na pesca ou, de qualquer outro modo, à procura do que comer. E se o não arranjasse era encolher o estômago e rapar fome que era o remédio. Vida simples, tão simples como a de Adão e Eva quando Deus os pôs neste mundo.
Se acontecia de a mulher ser infiel ao marido, este pegava nela e ia entregá-la ao pai exigindo de volta o que lhe pagara por ela. Pelo menos o dinheiro, uma vez que o resto já tinha sido comido e bebido. E se desaparecesse fugindo com outro, seguia-se o mesmo procedimento, pois prejudicado é que o marido não podia ficar. Para a mulher um novo casamento significava um novo pagamento ao pai, mas o preço desce para metade.
Muitos dos combatentes portugueses, cujas hormonas os não deixavam ficar quietos, seguiram estes procedimentos para ter com quem dormir nos tempos que lá passaram. E alguns acabaram por trazê-las com eles no regresso e por vezes já com filhos ao colo.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A descolonização que envergonha os combatentes!

Transcrito do blog »Moçambique para todos»:
Ficheiros Secretos da descolonização de Angola é mais um testemunho da maior tragédia sofrida pela Pátria que "deu novos mundos ao Mundo. Mas é também um documento revelador de vilanias, traições, e covardias de muitos. É um grito angustiante e um brado de revolta. O Estado português e os seus agentes culpados uns, responsáveis outros, pela "descolonização", que eles próprios a crismaram de "exemplar", alijaram as suas culpas e responsabilidades para terceiros. Um acto de covardia. Esse Estado "descolonizador" que ainda não ressarciu as vítimas da "descolonização exemplar" (exemplarmente trágica). Outra vergonha. Outra injustiça. Outro crime. Leonor Figueiredo revela nesta sua obra as prisões de compatriotas nossos feitas por alguns militares portugueses que depois os entregavam ao MPLA. Muitos desses prisioneiros foram fuzilados pelo movimento liderado por Agostinho Neto, e todos eles agredidos física e torturados psicologicamente nas masmorras do MPLA.

domingo, 25 de agosto de 2013

Notícia de torto!

«Notícia de Torto» é um dos mais antigos documentos portugueses guardado a sete chaves na Torre do Tombo. Nele se relatam todas as maldades feitas a D. Lourenço Fernandes da Cunha pelos seus inimigos na tentativa de despojá-lo da sua grande riqueza. Poderão perguntar o que me leva a trazer este assunto aqui, a este blog que apenas trata de Combatentes e de Macieira. Pois, pela simples razão de que este senhor, por volta do ano 1200, se casou com D. Sancha de Macieira, filha daquele que é o homem a quem se atribui o nome da nossa freguesia, D. Lourenço Gomes de Macieira.
Quem estiver interessado em conhecer em detalhe o conteúdo do documento, facilmente encontrará na internet mil e um sites que o apresentarão em linguagem original (latino/galega) ou traduzido para português actual.
De seguida deixo aqui algumas notas históricas sobre as primeiras famílias que viveram em Portugal, na região de Barcelos e Braga, e portanto com ligações estreitas aos primeiros habitantes de Macieira.

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Lourenço Fernandes da Cunha foi um dos cavaleiros que, em 1176, acompanharam o infante D. Sancho na incursão na Andaluzia e ataque a Sevilha, cujo bairro de Triana saqueou, regressando a Portugal carregado de despojos.
Entre 24 de Outubro de 1198 e Abril de 1202, casou com D. Sancha Lourenço, filha de Lourenço Gomes de Macieira, de quem teve cinco filhos - Vasco, Egas, João, Gomes e Martim, e quatro filhas - Urraca, Sancha, Mor e Maria. Segundo ele próprio declarou, teve também dois filhos ilegítimos - Vicente e Maria.
Seus filhos João e Martim foram criados, respectivamente, no lugar de Midões, da freg. de S. Paio de Carvalhal, e na de S. João de Bastuço (ambas c. Barcelos). Posteriormente, foram acolhidos os dois na freg. de Santa Maria de Nine (c. V.N. de Famalicão).
Sua filha Maria foi criada na freg. de S. Lourenço de Alvelos, onde criaram uma outra, cujo nome omitem. Por causa de uma terceira filha, criada por Paio Teles de Alvelos, foi honrada a quinta de Sobreiro, da freg. de Remelhe (ambas do c. de Barcelos).
Mercê dos bens herdados por ele e pela esposa; de numerosas compras, de que ainda existem 24 escrituras, além de referências nas Inquirições; de doações particulares e régias, e de ocupações abusivas, Lourenço Fernandes da Cunha tinha grande fortuna territorial, concentrada nos concelhos de Barcelos, Braga e Póvoa de Varzim, mas estendendo-se ainda aos de Guimarães, Santo Tirso, Coimbra, Tábua, termos de Águeda e Vouga e a outras terras.
Vasco Lourenço e Martim Lourenço da Cunha foram partidários fiéis do infante D. Afonso contra seu irmão D. Sancho II e grandes proprietários. Vasco Lourenço, além dos bens legados pelo irmão, tinha propriedades nas fregs. de Santo Adrião de Macieira (c. Barcelos), S. Bartolomeu de Tadim (c. Braga), Santa Maria de Terroso (C. Póvoa de Varzim) e S. Cristóvão de Rio Mau (c. Vila do Conde). As propriedades de Martim Lourenço localizavam-se nas fregs. de S. Pedro de Sã, hoje lugar de Santiago de Sequiade , e S. João de Bastuço (c. Barcelos), Santa Maria de Bagunte, Santa Marinha de Ferreiró ,Santo André de Parada, S. Miguel de Arcos (todas do c. de Vila do Conde), Santa Maria de Nine (c. V. N. Famalicão), e S. Tomé de Negrelos (c. Santo Tirso).

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Combatentes - David Silva!

Projecto de «Ficha do Combatente».
Mais dia menos dia tenho que começar a preencher as fichas pessoais dos Combatentes de Macieira, senão nunca mais tenho isto a parecer aquilo que se pretende. Hoje vou aproveitar o facto de conhecer em pormenor a vida militar do meu irmão David e tentar construir aqui um projecto de "Ficha" que servirá depois para todos os outros combatentes. Há também o caso do Zé Maria (Risso) Rodrigues, cujos filhos me contactaram e prometeram arranjar os dados necessários para o seu preenchimento. Vamos, portanto, meter as mão à obra.

Nome - David Alves da Silva
Nascido em - 24 de Outubro de 1950
Assentou praça em - Outubro de 1968
Ramo das F.A. - Marinha
Classe - Fuzileiros
Número de Matrícula - 1491/68
Mobilizado para o Ultramar em - Outubro de 1969
Unidade - Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 11
Destino - Moçambique
Transporte - Navio Vera Cruz
Regressado em - Fevereiro de 1972
Transporte - Navio Infante D.Henrique
Camaradas mortos na comissão - Nenhum
Mobilizado de novo em - Abril de 1973
Unidade - Destacamento de Fuzileiros Especiais Nº 4
Destino - Guiné
Transporte - Avião Militar
Regressado em - Outubro de 1974
Transporte - Navio S.Gabriel
Camaradas mortos na comissão - 1
Além destes dados pessoais, pode (deve) constar também desta ficha algum facto relevante, como por exemplo, ferimentos, acidentes, participação em operações de grande envergadura, rebentamento de minas, emboscadas, etc.. No caso do meu irmão não conheço nenhum facto que valha a pena relatar aqui nem tive oportunidade de conversar com ele sobre este assunto. A única coisa de que me lembro e vale a pena aqui referir, foi a sua condição de «Prisioneiro de Guerra» na Guiné, depois do 25 de Abril e até ao regresso à Metrópole.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A nossa «História»!

Anotações de outros autores:
Esta freguesia "aparece nas Inquirições de D. Afonso II, de 1220, com a designação de "Sancto Adriano de Mazieira", nas Terras de Faria. O rei tinha aqui alguns casais dos quais recebia foros. Diz-se que esta freguesia foi o solar dos Macieiras, família antiquíssima de Portugal, não havendo, porém, memória aqui do sítio onde terão vivido, ainda que exista o lugar do Paço e a Quinta da Torre, talvez a indicar que em alguns deles esteve a casa solar dessa família."
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Quem teria idealizado o brasão da nossa freguesia? Não faço a menor ideia nem encontrei nada sobre o assunto nas pesquisas que fiz na internet. E daí dei corda aos meus pensamentos e tentei pôr-me no papel de um desenhador de talentos comprovados a quem tivessem encomendado um brasão para a freguesia que não o tendo se achava no direito de o ter, como muitas outras entidades deste país.
- Que tendes vós na vossa terra que a torne famosa?
- Que monumentos com história lá existem?
- Que riquezas produzis vós na vossa aldeia?
- Que símbolos quereis vós que apareçam no brasão?
Estas teriam sido as perguntas do desenhador antes de meter as mãos à obra. E a resposta que recebeu foi muito simples, simples como as gentes que desde sempre habitaram em Macieira.
- Nós somos lavradores e das nossas terras tiramos «o pão e o vinho» que é o nosso sustento e das nossas famílias.
Que outra coisa poderia ele ter decidido representar no brasão a não ser a roda da da azenha, onde era moído o milho para fazer o pão, e as pipas de vinho onde o dito era armazenado até ser comercializado ou consumido.
Se não foi assim que as coisas se passaram, bem poderia ter sido!

Sindroma de S.João Baptista!


- Eu sou a voz que clama no deserto!
Isto dizia S.João Baptista aos judeus que lhe perguntavam "quem és tu?". Hoje apetece-me dizer o mesmo, embora ninguém me tenha perguntado quem eu sou. Depois de tantas tentativas para fazer com que alguém diga qualquer coisa ou se registe como seguidor deste blog (ontem até um s.o.s. enviei) e sem pinga de sucesso é caso para dizer que estou a pregar no deserto. E isso cansa!

terça-feira, 20 de agosto de 2013

S.O.S.!

Residência paroquial de Macieira

E se o P.e Laranjeira também fosse fã da internet e lesse esta mensagem? Talvez resolvesse o problema que hoje me levou a Macieira, me fez subir aquelas escadas e tocar na campaínha daquela porta que se não abriu para me atender.
De facto não conheço o pároco de Macieira, apenas hoje descobri o seu nome, mas preciso de falar com ele para ver se me ajuda a localizar a família dos «Farinheiros» que emigrou para Angola no ano de 1955. Acredito que através do Registo Paroquial (registo dos baptismos realizados em 1944) conseguirei descobrir o nome completo e data de nascimento do irmão mais velho, o que será um ponto de partida para continuar as minhas investigações.
O ideal seria encontrar uma pessoa de Macieira que lhe levasse esta mensagem e me pudesse ajudar a conseguir o que eu pretendo, mas não sei a quem recorrer. Aproveito para lançar aqui o barro à parede a ver se cola. Se algum leitor deste blog (e tem havido muitos ultimamente) estiver em posição de poder ajudar-me peço que deixe aqui um comentário, ou algum meio de contacto, para eu me pôr em campo.
Tentar não custa nada, não é verdade?

A caminho do Picoto!


A Rua do Lobar é uma modernice que não existia nos tempos em que eu morava em Macieira, é coisa dos tempos modernos. O caminho que do Lugar do Outeirinho seguia para o Picoto era um autêntico carreiro de cabras cavado sobre penedos e cheio de pedras soltas que não convidava a grandes passeios. Passavam por ali os carros de bois e as pessoas nas suas deslocações para os campos ou para ir à igreja ao domingo.


O caminho original é o que passa por trás da casa que se vê na imagem acima. O que passa por cima da ponte que se vê na imagem de baixo é recente e imagino que foi deslocado do trajecto original para que a ponte pudesse ser construída num alinhamento mais correcto.
A abertura e pavimentação da estrada até Negreiros veio substituir o tal velho caminho que já só existe na minha memória e dar a esta zona um aspecto mais moderno e arrumado. Há dias passei por lá para ver se ainda existia o velho alambique do Padrão, onde o meu pai trabalhava quando nasceu o meu irmão David, mas o que lá existe agora é uma vivenda moderna que deve ser pertença de alguém da família Padrão.
Tinha eu, nessa altura, 6 anos de idade e lembro-me de ter corrido, com as minhas duas irmãs mais velhas, desde a casa dos meus pais, no Outeiro, até ao alambique para dar ao meu pai a notícia do nascimento do seu 7º filho. Estava eu longe de imaginar, nessa altura, que ele e eu haveríamos de nos converter em combatentes da Guerra do Ultramar, muitos anos depois.


O Rio Cudade (parece-me que é assim que se chama) e a mãe natureza parece que não gostaram muito da nova ponte nem da alteração do trajecto e fizeram com que ela caísse e o trânsito automóvel voltasse a ser feito pelo antigo caminho, o que passa por trás da casa. E com a crise em que estamos mergulhados e a correspondente falta de verbas, veremos por quanto tempo se manterá este estado de coisas.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Estatísticas!

Só por curiosidade e para aqueles que gostam destas coisas aqui vão as estatísticas de hoje deste blog.

Visualizações de páginas de hoje - 68
Visualizações de página de ontem - 425
Visualizações de páginas no último mês - 1.508
Histórico total de visualizações de páginas - 2.830


Nota-se à légua que a publicidade do Facebook ajuda!
E de que maneira!

domingo, 18 de agosto de 2013

Os Vitorinos e o seu burro!

Morando nos limites a norte do Lugar do Outeiro tem toda a lógica que me ligasse aos miúdos que moravam na Gandarinha para as brincadeiras do dia-a-dia. Estavam neste caso os três filhos da viúva, conhecida pelo nome de Vitorina, que levava a vida negociando em tudo que lhe podia dar uns tostões de lucro para matar a fome aos filhos. António, Armindo e Zé Maria eram os seus nomes e juraria que todos mais novos que eu.
Um burrico e uma carroça tão pequenina que mais parecia um brinquedo eram as ferramentas de trabalho da mãe dos meus companheiros de brincadeira. Cada vez que o burro não estava atrelado à carroça era levado pelos caminhos para encher a pança. A caminho dos Eiteirais ou para os lados do Monte do Adro não faltava lugar onde ele encontrasse comida do seu agrado. E só voltava para a corte lá para o fim da tarde, quando tivesse o depósito bem atestado.
Os irmãos Vitorino, pelo menos os dois mais velhos, eram os encarregados de tomar conta do animal enquanto ele pastava. Eu e o meu irmão Quim, se me não engano nascido no mesmo ano do mais velho dos Vitorinos, juntávamos-nos a eles na esperança de podermos fazer uma corridinha montados no lombo do bicho. Era sabido que o mais certo era malhar com os ossos no chão, mas naquele tempo e com a idade que tinha, isso pouco me preocupava.
Entre muitas outras aventuras lembro-me de uma vez vir montado no burro a descer o caminho do Monte do Adro em direcção à azenha do Tio Avelino Mariano e ser projectado pelo ar para o meio de um silvado, depois de o burro ter levantado os quartos traseiros e disparado uma parelha de coices, sabe-se lá porquê. Depois de se ver livre do cavaleiro, desatou a correr até casa e nós não tivemos outro remédio senão correr atrás dele, comigo a friccionar as pernas e braços doridos e os outros a rirem-se à minha custa.

Quero ainda acrescentar que foi na carroça da Vitorina e na companhia dos irmãos que fiz a primeira viagem à Póvoa. Havia alguém da família que morava no Bairro de Nova Sintra, um bairro camarário que existia nos arredores da cidade, do lado nascente, a quem a viúva foi visitar. Eu, com a desculpa de fazer companhia aos meus amigos, lá consegui convencer a mãe deles a convidar-me para os acompanhar e foi uma festa que nunca mais se apagou da minha memória.
Dos três irmãos apenas o mais novo esteve no convívio do dia 29 de Junho. O Armindo vive e trabalha em França e o António não pôde estar presente. Acabei por encontrá-lo no dia da festa de S.Tiago e trocamos umas palavras sobre os dias longínquos da nossa juventude. Desde 1955, quando saí de Macieira para ir estudar, que o não via e, embora ele se lembre de muito pouco a meu respeito, gostei de o reencontrar.

A Era do Facebook!


Apetece-me fechar os olhos e pensar como seria o mundo antes do advento do Facebook. Fica-se com a ideia que já ninguém passa sem ele e até eu tenho que reconhecer que me tem dado um certo jeito. Desde que iniciei este blog que sou obrigado a reconhecer que sem o Facebook o tempo que dedico a escrever sobre Macieira ou os seus "Combatentes" seria apenas tempo perdido. Sem o recurso a essa rede social para levar o blog ao conhecimento dos macieirenses que a frequentam, ninguém o teria lido ainda.
Quando o Américo da Zenha veio a minha casa convidar-me para o convívio organizado pela Casa do Povo, eu tive a ideia de criar este blog para publicar as fotos  da época da Guerra do Ultramar assim como algumas histórias que eles tivessem para contar. Depois telefonei para a Junta de Freguesia e atendeu-me a Ana Furtado que acabaria por ser a primeira (para não dizer única) leitora do blog. E para além dela não sei quem mais terá lido alguma linha das muitas que já escrevi.
Vendo que a coisa não pegava, lembrei-me de recorrer ao Facebook para ver se conseguia fazer com que  o blog chegasse ao conhecimento das pessoas de Macieira. Acreditava eu que haveria muitos combatentes com filhos e netos que gostariam de ouvir falar daquilo que os seus pais e avôs viveram e sofreram no Ultramar português. No princípio não imaginava que houvesse tanta gente de Macieira a usar computador e com conta no Facebook e fiquei agradavelmente surpreendido quando começaram a aceitar os meus pedidos de amizade.
Depois vieram as más notícias. Por razões que desconheço bloquearam-me a conta do Facebook acusando-me de usurpação de identidade. E só hoje consegui desbloquear essa situação e quase por milagre, pois tive que reconhecer uma quantidade de fotos de pessoas que realmente não conheço. E foi aí que percebi a importância do "bendito" Facebook, pois enquanto estive sem ele as visitas ao blog caíram quase para zero. Hoje, depois de ter publicado de novo no Facebook, tudo voltou ao normal e as visitas subiram em flecha. Tenho que reconhecer que a "blogosfera" ainda não chegou a Macieira e que não tenho outro remédio a não ser submeter-me à escravidão facebookiana.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A forja do ferreiro!

Um grande fole para soprar as brasas de modo a mantê-las sempre acesas, acionado por um braço de madeira à altura da cabeça de um homem. Uma bigorna de ferro no centro da oficina montada sobre um enorme tronco de madeira, onde o ferreiro malhava o ferro em brasa até o moldar à sua vontade. Uma enorme pedra de amolar que girava dentro de uma caixa de madeira com um pouco de água no fundo e que era tocada a pedal pelo ferreiro. Um caldeiro cheio de água suja de fuligem e ferrugem para a tempera das ferramentas completava a forja do ferreiro de Macieira.
Como que hipnotizado, eu sentava-me a olhar para ele a ver a sachola ou o machado que ali tinha levado para amolar sair do carvão de pedra ao rubro e com meia dúzia de marteladas tomar outra forma. Operação que era repetida duas ou três vezes até a ferramenta estar na forma pretendida e pronta para a tempera e depois a pedra de amolar para os retoques finais.
Para quem não tinha qualquer espécie de divertimento a não ser ver os carros de bois andarem de um lado para o outro, ou olhar para uma junta de bois a puxar um arado e lavrar os campos, aquilo era uma novidade e uma espécie de arte que eu adorava ver. Para mim o ferreiro era um artista a esculpir a sua obra, coisa que mais ninguém na aldeia sabia fazer.
Além de moldar, temperar e afiar as nossas ferramentas (de toda a gente da freguesia) ainda arranjou tempo para fabricar meia dúzia de rapazes de entre os quais saíram dois Combatentes de Macieira. Deixei-os em Macieira quando de lá saí em 1960, alistei-me na Marinha, fui até Moçambique de onde só regressei na primavera de 1968. Ainda antes do fim desse ano, casei-me e fiquei a morar na Póvoa onde vim encontrar o ferreiro e a sua família. Os pais já morreram, mas os filhos "Combatentes" por aqui continuam a fazer-me companhia.

sábado, 10 de agosto de 2013

Suíça - Bad Ragaz!

Bad Ragaz é uma estação termal no cantão suíço de S.Galo. O que ligará este lugar, provavelmente desconhecido para a maioria dos macieirenses, à freguesia de Macieira? Eu até posso estar enganado, mas juraria que a resposta certa é: a emigração.


A frequência com que alguém ali residente acede ao blog dos combatentes só pode significar que algum emigrante de Macieira ali arranjou trabalho para providenciar a si próprio e à sua família os meios de subsistência que não encontram no nosso país.


Há dias, um anónimo que se assinou por António fez um curto comentário dizendo que agora já encontrara o nome do seu pai nas listas que eu publiquei. Pela data e hora a que esse comentário foi deixado talvez me não engane se disser que veio da Suíça. E até arrisco a dizer que deve tratar-se dum filho do José Maria da Silva Rodrigues, um dos nossos combatentes.
Se assim for e ele ler esta mensagem peço-lhe que ganhe coragem e deixe aqui um comentário para ver se anima os outros filhos dos «Combatentes de Macieira» a dizerem alguma coisa sobre aquilo que os seus pais viveram ou sofreram no Ultramar Português.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Folha de Serviço!

Uma das minhas ideias ao começar este blog era fazer uma «folha de serviço» de cada combatente e depois relatar algum episódio mais marcante da sua vida. Para isso eu precisava de uma ligação mais estreita com eles, de uma certa convivência que criasse o ambiente ideal para essas histórias fluírem normalmente sem ter que ser eu a arrancá-las a ferros. Infelizmente, não morando eu em Macieira vai ser difícil isso acontecer, mas não atiro a toalha ao chão. Qualquer dia faço-me encontrado com algum deles e é uma questão de conduzir a conversa para esse campo. Até ao próximo convívio temos tempo para tudo isso e muito mais.
Durante o I Convívio já se tentou pôr alguém a falar sobre as suas vivências da guerra, mas só houve um voluntário para usar da palavra, o David do Couto.


O David foi estudante no Seminário de Braga, mas saiu antes de cantar missa. Como os seus estudos estavam já ao nível da universidade fez a tropa como oficial. Quando foi mobilizado para o Ultramar calhou-lhe em sorte ir para Angola e logo para a zona de Nanbuangongo que era um vespeiro de turras. Fez uma intervenção emocionada, vieram-lhe as lágrimas aos olhos e fez com aparecessem também nos olhos de muitos dos presentes na sala.
Vida de combatente é assim mesmo, por mais anos que passem o stress de guerra não desaparece nunca.

domingo, 4 de agosto de 2013

Fotos do António Ferreira!



















Fotos do Gabriel!

A minha ideia para este blog era juntar as fotos (da época) de todos os combatentes de Macieira que estivessem interessados na sua publicação. Até ao momento apenas consegui as do Gabriel Moreira e do António Jangueiro que aqui vou deixar de seguida. E começamos com as do Gabriel.






Dia do Combatente!


A nível nacional já foi em Abril, mas pelos quatro cantos de Portugal vai-se repetindo ao longo de todo o ano, como aconteceu em Macieira no dia 29 de Junho. Deixo aqui esta imagem que foi publicada recentemente no Facebook para quem a não viu ainda, porque sei que há muita gente que não alinha no Facebook.