Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Pedido de informações!

Domingos Correia da Silva foi combatente na Guerra do Ultramar, por volta dos anos de 1966 e 1969, em Angola. Depois da guerra a vida civil e a emigração para França. Morreu novo, em 1980, e agora o seu filho Paulo procura saber mais informações sobre o percurso que o seu pai fez enquanto militar e enquanto combatente.
Sem saber o número do batalhão ou companhia a que ele pertenceu é difícil descobrir qualquer coisa. De qualquer modo deixo aqui uma fotografia que tirou pouco antes de falecer e pode ser que algum antigo camarada o reconheça. Se isso acontecer agradeço que deixe aqui um comentário.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Regressando à Guiné!


A Guiné para mim foi apenas ponto de passagem no caminho para Angola e Moçambique. Assim tenho muita dificuldade em falar de algo que não conheço e se os camaradas combatentes que lá lá cumpriram a sua missão em defesa da Pátria não soltarem a língua nada feito.
Nos últimos dias foi deixado um comentário na publicação que se refere ao José Vieira e que eu quero trazer para aqui, pois de outro modo dificilmente será visto por alguém.

"O nosso Pelotão (Pelotão de Morteiros 2005), composto de 48 homens (1 alferes, 1 Sargento, e dois Furriéis) embarco no Uíge em Lisboa no dia 10 de Janeiro de 1968, com destino a Bafatá. O nosso Pelotão era um Pelotão independente o qual estava dividido em esquadras compostas por um cabo e dois municiadores e que oferecia apoio aos vários destacamentos, como eram Banjara, Cambajú, Sumbundo, Sare Ganá, Cantacunda, Sare Banda, por um tempo de dois meses. Depois de cada dois meses de missão, as esquadras regressavam a Bafatá e eram substituídas por outra esquadra".
Carlos Valente

Os lugares mencionados no comentário são-me totalmente desconhecidos, mas para quem estiver interessado, o fragmento de mapa apresentado acima ajudará a perceber que ficavam no nordeste da Guiné, na fronteira com o Senegal, onde a concentração de guerrilheiros do PAIGC era mais significativa e as infiltrações do país vizinho eram constantes.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Abatido ao efectivo!

Na minha última deslocação a Macieira tomei conhecimento que o José Maria Ferreira da Silva, morador no lugar de Penedo, soldado atirador do Exército Português, que, tal como eu, viveu a Guerra Colonial nas matas de Moçambique, tinha falecido.
Infelizmente, não tive oportunidade de conversar com ele e não possuo a menor informação sobre a sua vida como combatente. A única coisa que consta das informações reunidas pela Casa do Povo de Macieira é que a sua comissão de serviço no Ultramar Português teve início em Abril de 1966 e terminou em Julho de 1968 e, como referido acima, em Moçambique.
Estes dados levam-me a acreditar que terá nascido em 1945, o que o fazia um ano mais novo que eu. Ele e o seu irmão António que se encontra emigrado em França, também ele combatente, como 1º Cabo do Exército e na Guiné, a viver, actualmente, um problema de saúde do foro oncológico, foram meus companheiros de brincadeiras nos tempos da meninice. Moradores na aldeia da Gandarinha (agora diz-se lugar, mas nesse tempo ainda era assim que nos referíamos aos lugares onde morávamos) e eu na do Outeiro, era forçoso que vivêssemos as nossas vidas em função uns dos outros. E depois, como nenhum de nós era filho de lavradores, não tínhamos a obrigação de acompanhar os nossos pais para o campo e tomar conta das vacas, enquanto eles se ocupavam dos seus afazeres e tínhamos assim mais tempo para nós próprios e para as nossas brincadeiras.
Diz-se, em Macieira, que foi um bom rapaz e um grande homem e esse é o melhor epitáfio que posso juntar a esta notícia do seu falecimento.
Descansa em paz, camarada!

domingo, 14 de junho de 2015

A Maçã II

Mito ou não, conta-se que foi à sua sombra, ao cair-lhe na cabeça uma maçã, que Isaac Newton, descobriu a lei da gravidade…
Fruto simbólico da juventude, da renovação e da regeneração, ela é o alimento dos deuses nórdicos, que se têm de manter jovens e fortes até ao dia do Ragnarok. Quando Iduna, a guardiã do pomar sagrado, encarregada de dar a cada um dos deuses uma maçã por dia é raptada com a conivência do deus Loki, os Aesir começam a envelhecer e é o próprio Loki que a vai resgatar, para que os frutos comecem de novo a ser distribuídos e a juventude retorne aos seus membros.
É também com 3 maçãs douradas que vai deitando pelo caminho, que Hipomene vence Atalanta na corrida, conseguindo assim casar-se com ela.
Deslumbrada pela beleza dos pomos dourados que lhe vão aparecendo, a jovem, que tinha feito voto de nunca casar, ao abaixar-se para os apanhar atrasa-se, tendo assim de renunciar à sua promessa!
O 11º trabalho de Hércules, era roubar uma maçã do Jardim das Hesperides, guardado pelo temível dragão Ládon.
Na mitologia celta e germânica a macieira é considerada a árvore da imortalidade. A ilha de Avalon, ou ilha das Macieiras, era a morada dos reis e heróis míticos falecidos. É aí que o Rei Artur descansa até chegar a hora do seu retorno, enquanto à sombra de uma delas, Merlin ensina as suas artes.
Nas lendas celtas, a Mulher do Outro Mundo envia a Bran um ramo de macieira, antes de o levar para o outro lado do mar.
Mas também é conhecida como o pomo da discórdia, quando, durante um jantar oferecido por Zeus aos deuses, e para o qual ele se esqueceu de convidar Érin, a deusa da discórdia, esta, aparecendo de surpresa, atirou para a mesa uma maçã com a inscrição “Para a mais bela”…
A disputa generalizada entre Hera, Afrodite e Atenas, que disputavam o título, foi de tal ordem, que o pai dos deuses, sem saber para que lado se virar, astuciosamente convidou Páris, o príncipe troiano, para servir de juiz… O resultado foi a Guerra de Troia e Helena é que ficou com a culpa!

sábado, 13 de junho de 2015

Visita à Santa Terrinha"

Estou de partida para Macieira. Foi marcada, para este dia, uma homenagem a alguns Macieirenses que, no passado, dedicaram algum do seu tempo e capacidades para gerir a coisa pública. Também eu fui convidado a estar presente e, como todas as desculpas servem para visitar a terra que me viu nascer, aceitei.
Estou com algumas esperanças que a visita me possa proporcionar alguns dados que me permitam continuar com as publicações sobre os ex-combatentes da Guerra do Ultramar. Como tenho já referido várias vezes, sem uma ajuda de alguém que lá viva a tarefa torna-se praticamente impossível.
Vou pôr-me a caminho agora mesmo e no regresso veremos o que trago na sacola!

quinta-feira, 11 de junho de 2015

A Maçã I

Na religião cristã está associada à queda do Homem. Símbolo do conhecimento e da sabedoria, estava colocada no centro do jardim do Éden, como a árvore da ciência do Bem e do Mal, sendo proibido a Adão e Eva comerem do seu fruto. Ao fazê-lo, provocaram a sua expulsão do Paraíso, mas no livro do Génesis, na descrição do Paraíso, nada consta sobre qual seria a espécie dessa árvore. Porquê então a macieira?
Em latim, maçã diz-se “malum” a mesma que serve para designar “mal”, e a sua utilização generalizada como símbolo de amor, fertilidade e imortalidade, contribui para que ela se tornasse conhecida como o fruto da tentação!
E que o diga a Branca de Neve, que não conseguiu resistir ao encanto da maçã vermelhinha que a Bruxa Má lhe oferecia…Mas ao invés de a matar, e apesar do veneno que continha, as suas propriedades benéficas foram mais fortes, e a princesa entrou num sono benéfico que protegendo-a do envelhecimento, a manteve sempre bela, jovem e saudável até à chegada do seu Príncipe Encantado.
Dizem que na Arménia, quando um narrador acaba de contar a sua história, acrescenta: “E do céu caíram três maçãs, uma para quem a contou, outra para quem a pediu e a terceira para quem a ouviu…”

segunda-feira, 8 de junho de 2015

A Macieira - Para manter viva a chama!

Não são palavras minhas, mas vale a pena ler.


Podendo atingir excepcionalmente 10 metros. de altura, a macieira é uma árvore da família das «Rosaceae», pertencente ao género «Malus». De porte pequeno a médio, folha caduca, copa mais ou menos arredondada, ramificada, as suas belíssimas flores de um branco-rosado que surgem durante a Primavera, são um regalo para a vista.
Conhecida desde o Neolítico, é originária da Ásia, preferindo os climas temperados uma vez que necessita de baixas temperaturas no Inverno para obter uma abundante floração, é provavelmente a árvore cultivada há mais tempo.
O seu fruto, a maçã, do ponto de vista científico, não é um fruto, mas sim um pseudo-fruto. O facto de se poder conservar muito tempo em boas condições, sem perder o seu valor nutritivo, especialmente durante o Inverno quando os frutos não abundam, fez dela uma reserva alimentar importante através dos tempos.
Além disso, contém vitaminas B1, B2, Niacina, sais minerais, fósforo e ferro, sendo rica em pectina, que ajuda a baixar os níveis de colesterol, e também em quercetina, que ajuda a evitar a formação de coágulos sanguíneos. Como em quase todos os frutos, a maioria destas propriedades encontram-se na sua casca.
Todos conhecemos o provérbio “Uma maçã por dia, teu coração alivia” ou “Uma maçã por dia mantém o médico longe” (do inglês, an apple a day keeps the doctor away).
É também utilizada na confecção de bebidas alcoólicas como a sidra.

sábado, 9 de maio de 2015

BART 1886 - 49º Convívio!


No próximo dia 30 de Maio, em Vila Nova de Gaia, reúnem-se os camaradas do Batalhão de Artilharia Nº 1886 que combateu em Angola/Cabinda, durante os anos de 1966/1968, na Guerra Colonial de má memória.
Quem estiver interessado deve contactar a organização, através de um dos contactos seguintes:
916 576 830 - 919 026 032 - 965 034 033 - 915 087 197.
Aproveito para desejar um são convívio a todos os camaradas e que todos possam comparecer, porque cada vez somos menos!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Dia de Portugal!


Acima podem ver o programa das comemorações do Dia de Portugal. Uma vez mais há um pedido para que todos combatentes compareçam a esta cerimónia para mostrar a força da sua união. O verão é propício à organização de excursões para os mais diversos lugares do país, portanto aconselho a que este ano os organizadores se concentrem em Lisboa e façam uma campanha para encher os autocarros com os velhos combatentes que ainda têm força para sair de casa. De uma coisa podemos ter a certeza, eles não andarão por cá durante muitos mais anos.
Para quem tiver dificuldade em ler as letras pequeninas, aqui ficam as imagens aumentadas da Mensagem e também do programa das comemorações.



segunda-feira, 13 de abril de 2015

Combatentes - Mortos e abandonados!



Felizmente, a freguesia de Macieira não teve que chorar filhos seus mortos e abandonados nos teatros de guerra, mas é solidária com todas aquelas que sofreram esse desgosto. A descolonização muito mal conduzida pelos políticos portugueses do pós-25 de Abril não permitiu salvaguardar os nossos interesses nessa matéria. Deveria ter sido celebrado um acordo com os novos governos de Angola, Guiné e Moçambique que permitisse a recuperação dos restos mortais dos nossos heróis que ali deram as suas vidas ao serviço da Pátria Lusa.

sábado, 28 de março de 2015

Será?

Estive a dar uma vista de olhos nas estatísticas e verifiquei que há muita gente a passar por aqui, mas ninguém deixa uma mensagem a marcar presença. Ou será que essas estatísticas são enganadoras? Bem, para o caso tanto vale, uma vez que não tenho dados para continuar com o historial dos combatentes da minha terra.
Foi uma ideia engraçada ..., mas não funcionou!


quarta-feira, 25 de março de 2015

Lenda das cruzes!


Com o advento do protestantismo nos países nórdicos e da Europa Central, no início do século XVI, vários ícones cristãos foram queimados ou lançados à água. Aquela corrente religiosa proibia a adoração de todos os símbolos, à excepção da cruz sem nenhuma figura representada.
Seguindo a instrução dos clérigos protestantes, três imagens do Senhor dos Passos terão sido lançadas ao mar no Norte da Europa. Ao sabor das marés, as três cruzes terão vindo a flutuar até Portugal, conhecendo destinos diferentes: uma ficou pela praia de Fão, outra terá chegado até Matosinhos e a terceira terá entrado pelo rio Cávado e flutuado até Barcelos, onde foi acolhida numa ermida construída para o efeito.
A cruz retirada das margens do Cávado nunca poderá ser movida do local de onde está colocada, sob pena de se desfazer. Em séculos passados, por várias vezes, os barcelenses tentaram retirar a cruz da igreja para participar nas procissões e nunca o terão conseguido. À medida que se ia aproximando da porta da igreja, a imagem aumentava de tamanho e ficava com tão grandes dimensões que não conseguia atravessar a porta. É por isso que a imagem que sai na procissão, no dia da festa, não é a original, mas sim uma outra mandada fazer em Roma, em 1875.

sábado, 28 de fevereiro de 2015

A Casa do Povo!

Infelizmente, não tenho dados históricos para fazer aqui um trabalho como eu gosto, deixando para a posteridade um historial do que foi e como nasceu a nossa Casa do Povo. Deixem-me, por isso, transcrever para aqui alguns pedaços de legislação que ajudam a perceber como a coisa começou.
Lei 23051, de 22 de Setembro de 1933. 

Autoriza a criação em todas as freguesias rurais de organismos de cooperação social, com personalidade jurídica, denominados Casas do Povo, constituídos nos termos do presente decreto lei.
A partir do Decreto-Lei n.º 30 710, de 29 de Agosto de 1940, passaram a funcionar como instituições de previdência para o mundo rural. Em representação profissional dos trabalhadores e dos demais residentes na sua área»

Lei 2144, de 29 de Maio de 1969.

Promulga a reorganização das Casas do Povo e os regimes de previdência rural - Revoga o Decreto-Lei n.º 23051, continuando, porém, em vigor a sua legislação complementar e a legislação sobre as federações das Casas do Povo em tudo o que não contrarie as disposições da presente lei.
As Casas do Povo são organismos de cooperação social, dotados de personalidade jurídica, que constituem o elemento primário da organização corporativa do trabalho rural e se destinam a colaborar no desenvolvimento económico-social e cultural das comunidades locais, bem como a assegurar a representação profissional e a defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores agrícolas e a realização da previdência social dos mesmos trabalhadores e dos demais residentes na sua área.

Portanto, segundo reza a lei, a partir de 1933 poderia ser fundada a Casa do Povo da nossa freguesia. O porquê de isso só ter acontecido em Novembro de 1937 não sei explicar, mas alguém que more em Macieira e recorrendo à memória dos mais velhotes que ainda são deste mundo, talvez possa dar uma ajuda. Descobri, hoje, que a Casa do Povo até tem uma página no Facebook e tudo. Pergunto-me porque não constará lá a história desse organismo e as fases porque passou ao longo da História.
Vivi em Macieira apenas os primeiros 11 anos da minha vida e não guardo, por conseguinte, grande memória das gentes e das coisas da minha freguesia de nascença. Num tempo em que não havia Cafés por toda a freguesia, como há agora, a Casa do Povo era realmente a casa onde o povo se encontrava para conviver ou tratar de assuntos do interesse comum. Aos domingos à tarde, antes e depois da reza, era ali que os homens se entretinham, enquanto os afazeres diários os não obrigavam a recolher aos seus lares.
Mais que uma vez assisti à projecção de filmes, como os Pastorinhos de Fátima e outros de que já não recordo os nomes. Só não consigo perceber as razões porque o grupo de teatro que levou à cena algumas peças, em que também participei, não utilizava aquele espaço para o fazer.
Pelo que me é dado perceber, a actividade da nossa Casa do Povo é pouco menos que inexistente, uma vez que não serve de "Café", nem de consultório médico às gentes da nossa terra. E é pena, que o edifício é muito bonito e o espaço presta-se para uma grande variedade de eventos. Até a Junta de Freguesia saiu de lá e foi para um lugar muito menos nobre. Ao menos poupavam na renda se ali se tivessem mantido.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Macieira de Rates!

Não tive muito sucesso com a minha última publicação. Além de não aparecer ninguém com vontade de deixar um comentário escrito para animar a malta, também as visitas foram, em geral, poucas. E depois, no Google continua a não aparecer nada. Talvez dependa do título que dou à mensagem e, em consequência disso, dei a esta o título que podem ver.
Seja como for, não me resta outra alternativa a não ser seguir em frente e publicar tudo que puder sobre a nossa freguesia para ver se acordo o monstro. Ora cá vai mais uma série de fotografias com as respectivas notas.

Altar da Capela dos Passos

Capelinha do Senhor dos Passos

Altar de S. Tiago na igreja paroquial


Andor de S. Tiago no dia da festa

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Falta de publicidade!

Estou farto de pesquisar no Google sobre Macieira e nada. Pelos vistos não há ninguém que escreva seja o que for sobre a nossa terra. Pois bem, vou começar eu a escrever umas linhas e publicar umas imagens, servindo-me deste blog como veículo para levá-las até ao Google, e veremos se começa ou não a aparecer quando se fizer uma pesquisa usando o topónimo Macieira ou Macieira de Rates.
E vou começar por falar em algo que poderá ser uma novidade para os mais jovens, o uso do milho como principal alimento dos velhos tempos. Hoje semeia-se milho para fazer silagem para o gado leiteiro ou para alimentar aves de capoeira, os macieirenses alimentam-se de pão de trigo que é importado do estrangeiro. Antigamente as famílias coziam a fornada de broa de milho para toda a semana. Havia pão na masseira 24 horas por dia e 7 dias por semana. À falta de coisa melhor comia-se broa. Quando o caldo de couves galegas era "rarinho" esmigalhava-se lá para dentro um pedaço de miolo do dito pão de milho e viva o velho.
Em Macieira cultivava-se o milho antes de mais nada. A riqueza de um lavrador media-se em pipas de vinho e carros de pão, tudo o resto era acessório. Havendo milho, o que faltava para se chegar ao pão? Uma azenha para o moer, claro está. E azenhas era o que não faltava em Macieira, embora o rio fosse tão pequeno que parecia impossível ser capaz de mover as mós de pedra que trituravam o milho e o transformavam em farinha. E no verão, quando a água escasseava, recorria-se a um motor a gasóleo para as fazer girar. Sem pão é que ninguém podia ficar.
Começando de montante para jusante, a primeira azenha era a do Tio Avelino Mariano que durante os primeiros onze anos e meio da minha vida moeu o milho e centeio para fazer o pão com que matei a fome. Hoje não falta nada aos meninos que vão para a escola, desde um croissant com fiambre ou chocolate a um queque ou bolo de arroz, no meu tempo havia um naco de broa na sacola feita de linhagem e era um pau. Na hora de lhe meter o dente, não era raro comer algum fio de cânhamo que se tinha desprendido da sacola e grudado no pão.
Depois havia a azenha do Sá, a do Lobar, a de Verdeal e ainda uma no lugar do Carreiro que, tanto quanto me lembro, era a última antes de o pequeno riacho entrar na freguesia de Balazar, já no concelho da Póvoa de Varzim, e entregar as suas águas ao rio Este que as leva ao rio Ave para este as carregar até ao oceano Atlântico.
Abaixo deixo algumas fotos para dar uma pouco de beleza às minhas palavras e ajudar os que nunca viveram em Macieira de Rates a perceber aquilo que tento descrever.

Em Gueral, a caminho da azenha do Mariano

Na estrada que vai para o Monte do Adro

Azenha do Lobar

O abandono na azenha de Verdeal

Caminho para a azenha da foto acima

Rio Cudado no lugar do Carreiro

sábado, 24 de janeiro de 2015

Apagou-se uma voz do fado!



Corria o ano de 1963 e enchia-se de soldados a cidade de Lourenço Marques. Cada vez com mais frequência atracavam ao cais do porto desta cidade navios carregados de militares destacados para defender a pátria portuguesa nas costas do Índico. Uma vez desembarcados, quer se destinassem à capital ou tivessem que reembarcar de novo para continuar a viagem até um dos portos mais a norte, os militares desfilavam na baixa da cidade de modo a transmitir a quem ali vivia a força e importância da sua presença.


Depois de longos dias fechados no porão dos pouco confortáveis navios de transporte de tropas, era um alívio poder esticar as pernas, admirar a beleza da talvez mais bonita cidade do Império Português em África e gozar um pouco do ameno clima que aquela terra oferece a quem a visita. Para terem uma ideia de como eram as coisas, os carros, as pessoas e os hábitos desse tempo, deixo-vos aqui mais uma imagem recolhida na internet que data da mesma altura da foto anterior.


Nesse mesmo ano de 1963, foi convidada a participar num espectáculo que inaugurava uma nova boite na cidade a fadista «Saudade dos Santos» que ontem faleceu em Lisboa e cujo funeral se realizará na próxima segunda-feira, na Basílica da Estrela. Por termos partilhado esse momento das nossas vidas, numa cidade que me marcou profundamente, decidiu fazer aqui esta referência, muito embora este acontecimento nada tenha a ver com os «Combatentes de Macieira»


E junto-lhe a imagem da fadista,
com o aspecto que teria nesse
longínquo ano de 1963, para
aqueles que a quiserem recordar
como eu quero!

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Ano Novo!


Afinal o ano velho terminou sem que eu tivesse oportunidade de passar por Macieira e fazer-me encontrado com algum ex-combatente que quisesse partilhar comigo a sua passagem pela Guerra Colonial e assim dar origem a mais um ou outro post neste blog. Já não tenho grandes expectativas sobre isso, mas pode ser que o Ano Novo de 2015 traga alguma mudança para melhor. Faço figas para que isso aconteça.
Até lá!