Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Alô juventude de Macieira!

Quero que leiam aquilo que a Jessica escreveu sobre a participação do seu avô na guerra (clicando neste link) e depois me expliquem a razão porque não consegui ainda descobrir nenhuma Jessica em Macieira de Rates. Sim, porque avôs que andaram na guerra há muitos, isso posso eu garantir.
E se não houver uma Jessica que se sinta capaz de ouvir a história da boca do seu avô e passá-la a palavras, talvez haja um João, António, Francisco ou Manuel que se sinta com capacidade coragem para o fazer. E se for preciso dar um jeito na escrita ou corrigir algum erro de ortografia cá estarei eu para o fazer.
E se houver um/uma primeiro(a) que o faça, acredito que outros se seguirão e teremos então um blog a sério sobre a história dos combatentes da nossa terra.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Combatentes - Joaquim Ferreira

Em continuação do que foi escrito na mensagem anterior, aqui ficam os poucos dados que consegui juntar deste combatente, o mais novo dos três irmãos «Jangueiros» que participaram na Guerra do Ultramar. Como ele é já falecido, muito dificilmente conseguirei actualizar/completar esta informação. Bastaria descobrir a Unidade Militar em que prestou serviço para, através de algum camarada, ser possível estabelecer o seu percurso na guerra. Se isso vier a acontecer, cá estarei para actualizar o seu perfil.
Nome - Joaquim Carvalho Ferreira
Nascido em - 1953
Alistado em - 1973
Ramo da F.A. - Exército
Mobilizado em - 1974
Destino - Guiné
Regresso em - 1975


Combatentes - Agostinho Ferreira

Muitas famílias contribuíram com mais que um combatente para a Guerra do Ultramar. A família Carvalho Ferreira, conhecida em Macieira pela alcunha de «Jangueiro», foi uma delas. Em 1966 viu o seu filho António partir para Moçambique, em 1968 o Agostinho para Angola e em 1973 o Joaquim para a Guiné. Do António já aqui publiquei o currículo de combatente, mas dos outros não consegui qualquer elemento. Mesmo assim decidi publicar o pouco que se sabe deles e dar o assunto como arrumado até que surja qualquer coisa de novo que justifique a reabertura do processo. E, para respeitar os moldes das publicações anteriores, quero fazê-lo em mensagens separadas para cada um deles, de maneira a tornar mais fácil a localização a quem pesquisar no blog, começando com o Agostinho.
Nome - Agostinho Carvalho Ferreira
Nascido em - 1947
Alistamento em - 1968
Ramo das F.A. - Exército
Mobilizado em - 1968
Destino - Angola
Regresso em - 1970

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Boas memórias do Cabo!


Muitos dos combatentes que lutaram em Moçambique na Guerra do Ultramar, passaram pela Cidade do Cabo, na África do Sul. Os navios de transporte de tropas como o Infante D.Henrique ou o Vera Cruz, habitualmente, faziam lá uma paragem. Eu próprio estive lá duas vezes.
O Cabo da Boa Esperança, antes chamado das Tormentas, é conhecido de todos por causa da história dos Descobrimentos portugueses. Mas esse conhecimento resume-se a saber que se situa no ponto mais a sul do continente africano e nada mais. Mas o Cabo é muito mais que isso. O porto é fantástico, a montanha da Mesa impressionante, a cidade moderna e bem organizada e o clima, em que se pode ter sol, chuva e nevoeiro num só dia e com alguma frequência, é inesquecível.
Tenho alguns amigos que depois da guerra preferiram continuar em África e alguns deles acabaram a trabalhar na África do Sul. Lá se casaram e tiveram filhos e alguns moram lá ainda. Outros regressaram a Portugal depois de reformados, mas os filhos lá continuam até hoje. Há ainda muitos problemas por resolver naquele país, mas sem sombra de dúvida que há lá mais futuro que aqui na nossa terra.
A África do Sul mudou muito desde a última vez em que lá estive e quero crer que nem tudo mudou para melhor. Uma coisa boa foi o fim do Apartheid. Aquilo de ter os brancos separados dos negros em todo o lado era coisa de deixar um cristão louco. Nos transportes públicos, então era uma verdadeira aberração. E para nós portugueses, não poder dirigir a palavra a alguém só por causa da cor da pele era coisa que não nos cabia na cabeça.
Vem tudo isto a propósito de um morador da cidade de Bellville, cidade satélite situada a 20 Kms a nordeste do Cabo, ter visitado este blog. Será algum português, quiçá macieirense, que anda a ganhar a vida por aquelas paragens? Bem gostava de saber, mas como as pessoas teimam em não deixar qualquer comentário ao que vêem e lêem, não verei o meu gosto satisfeito.
Já não sei mais o que hei-de fazer para que as pessoas se interessem e participem no blog e reconheço que se não fosse o Facebook e os «amigos» que consegui arrebanhar na minha conta, ainda seria muito pior. Paciência!

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Uma volta de 50 anos!


Foi na famosa década de 60 (do século passado) que aconteceu a maior vaga de emigração de que há memória em Portugal. A falta de condições para a nossa sobrevivência obrigou-nos a procurar fora de Portugal aquilo que aqui não encontrávamos. A agricultura era a miséria que todos sabemos, pois ninguém consegue alimentar uma família com alguns carros de milho e umas pipas de vinho. As poucas batatas, feijão ou centeio que também se tiravam da terra eram basicamente para consumo próprio e não traziam ao lavrador o ganho necessário para a sua subsistência. Indústria era coisa que não havia e a construção civil ocupava pouca gente.
Por outro lado, havia as nossas colónias em África, mas o grande Salazar não achava que estivesse aí a solução para os nossos problemas e tudo o que ganhámos com isso foi uma guerra que levou à morte muita da nossa juventude dessa época. Quando as coisas estavam já condenadas à desgraça houve muita gente que partiu, principalmente para Angola, para depois terem que abandonar tudo e regressar de mãos a abanar. Lembro-me de haver quem dissesse, antes de ter começado a Guerra do Ultramar, que o ideal seria mudar a capital de Portugal para Luanda e devolver o «rectângulo luso, jardim à beira-mar plantado» aos espanhóis para fazerem dele o que quisessem.
É verdade que a guerra, como acontece em todas as guerras, provocou uma mudança radical nos hábitos dos portugueses. Partiram das suas aldeias com os olhos fechados e regressaram com outra visão do mundo. Aprenderam a andar pelo mundo e muitos nunca mais regressaram a casa.. Começou a haver dinheiro no bolso das pessoas que não provinha da agricultura e dava para outras larguezas. Ao mesmo tempo, com o afastamento da crise pós-II Guerra Mundial, a indústria começou a ganhar terreno e empregar muitas pessoas.
Mas o grande remédio para os nossos males foi a emigração. Os países europeus, destruídos pela guerra tinham que ser reconstruidos e para isso era preciso mão de obra que eles não tinham. Morreram milhões de pessoas na Europa nessa guerra e, principalmente, homens e jovens que eram quem empunhava as armas, tanto do lado de quem atacava como de quem defendia. De Portugal, assim como da Grécia, da Jugoslávia, da Itália e da Espanha, sairam os braços que foram substituir os que tinham tombado na guerra. Com isso resolveu-se o problema deles e também o nosso com a garantia de um emprego bem pago que na nossa terra não havia hipótese de arranjar.
Passados 50 anos, com o Império Ultramarino e a guerra que o tornou livre completamente esquecidos, voltamos ao mesmo. Basta entrar no Facebook para descobrir que metade da juventude da Macieira vive na emigração. Seja em Inglaterra, na Suíça ou no Canadá (nem falo na França ou Alemanha a quem ficamos ligados desde a primeira vaga da emigração) é vê-los agarrados ao computador ou telemóvel para se ligarem aos familiares e amigos que ficaram por cá. Sim, porque ir é preciso, mas as raízes com os nossos nunca são cortadas.
Até eu, através deste pouco frequentado blog, sinto a influência dos macieirenses que andam por fora ,pois são diárias as visitas de alguns que consigo identificar através das terras onde labutam para ganhar a vidinha. Aproveito para daqui enviar uma abraço para todos eles e dizer-lhes que se agarrem ao que têm, porque aqui a vida está cada vez mais negra (infelizmente).