Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Combatentes - Aires Ribeiro!

Ontem estive em Macieira e encontrei-me com alguns dos Combatentes cujos dados ainda não tinha recolhido. Um deles é o Aires Ribeiro que foi para a Guiné e regressou antes do conflito armado ter começado. Sorte a dele que foi poupado a muitos dissabores. Eu tinha decidido não publicar os dados daqueles que estiveram no Ultramar antes da guerra propriamente dita ter começado, mas pensando melhor e uma vez que me foram fornecidos aqui vão eles, embora de uma forma reduzida.

Nome - Aires Alves Ribeiro
Ramo das FA - Exército
Número - 293/59
Unidade - Companhia de Caçadores Nº 52
Destino - Guiné
Partida - 12/8/59
Regresso - 24/8/61

Como estamos a referir-nos a um período de «antes da guerra» achei por bem trazer aqui uma pequena parte de um relato (muito bem feito) por um ex-combatente da Guiné que conta o antes, o durante e o depois de tudo o lá aconteceu. Intitula-se «O Princípio do Fim», foi escrita por José Marcelino Martins e publicada no blog do «Luís Graça & Camaradas da Guiné. Refere-se, no entanto, ao período após a comissão do Aires, pois nada escreveu sobre o período que vai de 1959 a 1961.


  1. Em 10 de Agosto de 1961 embarca com destina à Guiné a Companhia de Artilharia nº 250, mobilizada no Regimento de Artilharia Pesada nº 2, aquartelado em Vila Nova de Gaia, assim como a Companhia de Cavalaria nº 252, mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 3, aquartelado em Estremoz, e a Companhia de Polícia Militar nº 257, mobilizada no Regimento de Lanceiros nº 2, aquartelado em Lisboa, para reforço da guarnição normal.
  2. A comissão da ONU responsável pelo acompanhamento dos territórios ainda sob dominação ou tutela colonial condena explicitamente, no mês de Novembro de 1961, por oitenta e três contra três votos, o governo português pela atitude de intransigência que mantém no que diz respeito à possibilidade de negociação dos processos de autodeterminação e independência das respectivas províncias ultramarinas.
  3. O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Dr. Franco Nogueira, entrega ao Presidente do Conselho de Ministros, Dr. Oliveira Salazar, em 12 de Janeiro de 1962, um documento intitulado “Notas sobre a Política Externa Portuguesa”. Neste Documento, de dezoito páginas, era preconizada a entrega de Macau à China e Timor à Indonésia, enquanto à Guiné e São Tomé e Príncipe seria dada a autonomia e independência. Os territórios de Angola, Moçambique e Cabo Verde seriam mantidos como colónias essenciais.
  4. Início, em 23 de Janeiro de 1963, da luta armada na Guiné, com um ataque ao quartel de Tite pelo PAIGC. Amílcar Cabral tentou fazer-se ouvir, com propostas e apelos ao diálogo, mas é com pelas armas que a Guiné se torna na segunda frente de combate africana.
  5. Nessa madrugada em que se deu o combate de Tite tombou o primeiro militar português, desconhecendo-se se por causa do fogo inimigo ou fogo amigo, sendo ele Veríssimo Godinho Ramos, Soldado Condutor Auto Rodas nº 834/59, do Batalhão de Caçadores nº 237, mobilizado no Regimento de Infantaria nº 6, no Porto, solteiro, filho de Joaquim Ramos e Ricardina Joaquim Godinho, natural da freguesia de Vale de Cavalos e concelho de Chamusca. Faleceu no dia 23 de Janeiro de 1963 durante o ataque a Tite, vitima de ferimentos em combate, Foi inumado no Cemitério de Vale de Cavalos.

domingo, 29 de setembro de 2013

Lista de Combatentes - Guiné!

A Guiné, a menor das colónias portuguesas envolvida na Guerra Colonial, foi aquela que na proporção da sua área mais baixas provocou nas nossas Forças. Pode dizer-se que em Angola e Moçambique a guerra se concentrou em duas pequenas zonas do território, correspondentes aos corredores de penetração dos guerrilheiros vindos de outros países, enquanto que na Guiné todo o território estava em guerra.
Na pesquisa que fiz para redigir este post encontrei dois números discrepantes no que concerne ao número de mortos na Guerra Colonial. O primeiro fala em 8.290 e o segundo em 8.831 e no que se refere à Guiné 2.070 no primeiro e 2.240 no segundo. Não consegui encontrar explicação para isto, mas acredito que o primeiro número pode referir-se apenas ao Exército e o segundo a todos os ramos das Forças Armadas. Para o nosso caso tanto importa, pois sabemos que de Macieira não tivemos nenhuma baixa na Guiné.
Como em qualquer dos outros Teatros de Guerra, havia zonas mais fáceis e mais difíceis, ou dito de outra maneira, que representavam um maior ou menor risco de vida para quem lá operava, mas de forma geral na Guiné pode dizer-se que todas eram difíceis. Fosse pela configuração do terreno, pelo clima ou pela maneira de ser mais aguerrida dos naturais da Guiné, a guerra que os militares portugueses enfrentaram ali foi muito mais dura que em Angola ou Moçambique. Eu, pessoalmente, da Guiné só conheço a capital, mas convivi com muitos camaradas que lá estiveram e ouvi relatos, na primeira pessoa, de muitos que lá combateram.
Segue abaixo uma lista dos Combatentes de Macieira que tiveram a pouca sorte de ir parar à Guiné e a grande sorte de regressar de lá vivos.


Abílio da Silva Marques Soldado 24-11-1971 11-10-1973
Adelino Alves Araújo Soldado 24-10-1970 29-10-1972
Adelino Gomes Azevedo Soldado 08-12-1963 10-04-1965
Adélio Ferreira Carvalho Soldado 19-03-1972 21-06-1974
Alvaro de Sousa Lima Furriel 25-11-1970 07-10-1972
António da Silva Martins Soldado 30-07-1966 15-05-1968
António Ferreira da Silva 1º Cabo 10-07-1968 01-04-1970
António Silva Martins da Costa Soldado 20-07-1967 01-07-1969
Armindo Rodrigues Carvalho Soldado 15-11-1969 30-09-1971
David Alves da Silva Marinheiro 07-04-1973 20-10-1974
Delfim Campos Silva Soldado 08-05-1964 03-05-1966
Domingos da Silva Martins 1º Cabo 04-05-1964 08-05-1966
Fernando Vieira de Carvalho 1º Cabo 28-11-1970 13-10-1972
Francisco Ferreira da Silva Soldado 20-04-1966 02-01-1968
Henrique Barroso da Costa 1º Cabo 03-04-1971 17-03-1973
Jaime Campos Ferreira Soldado 08-05-1964 03-05-1966
João Sousa Ribeiro Soldado 28-10-1967 28-08-1969
Joaquim Ferreira Araújo Soldado 06-02-1966 13-10-1967
Joaquim Ferreira Araújo Alferes 02-01-1974 19-09-1974
José Alves Vieira Soldado 10-01-1968 08-11-1969
José Barbosa da Silva Pereira 1º Cabo 02-05-1967 27-05-1969
José Campos Ribeiro 1º Cabo 28-10-1967 28-08-1969
José da Silva Ribeiro 1º Cabo 10-08-1961 12-08-1963
José Maria da Silva Rodrigues 1º Cabo 07-05-1969 03-03-1971
José Martins Alves Novais Furriel 17-07-1970 02-08-1972
Luciano Fernandes Campos Soldado 10-07-1968 01-04-1970
Manuel da Costa e Silva Soldado 26-04-1967 21-05-1969
Manuel da Costa Fonseca Furriel 10-04-1974 10-10-1974
Manuel dos Santos Falcão Soldado 15-11-1969 08-10-1971
Manuel Ferreira Araújo Soldado 23-09-1972 27-08-1974
Manuel Ferreira de Araújo Soldado 04-04-1970 14-04-1972
Manuel Ferreira de Azevedo Tenente 30-05-1969 05-02-1971
Manuel Lopes Campos Soldado 23-09-1970 16-09-1972
Manuel Lopes da Silva Matos Soldado 27-04-1961 19-04-1963
Manuel Pereira da Costa 1º Cabo 14-12-1970 23-12-1972
Manuel Santos Ferreira de Sousa Soldado 1963 1965
Moisés Vila Verde Carneiro 1º Cabo 24-07-1968 14-05-1970

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Santo Adrião de Macieira!

Pelo pouco que se sabe sobre Macieira, o seu primeiro nome terá sido Santo Adrião de Macieira (escrito assim, à moda romana ou galega tanto importa). Quando terá passado a designar-se por Macieira de Rates ninguém parece saber. Pesquisando sobre a origem de Rates, para tentar traçar um paralelo que possa unir as duas freguesias, também não se encontra nada de muito consistente.


A associação do nome de S.Pedro a Rates já parece ter algum fundamento na lenda de um fidalgo galego de nome Pedro (ou que adoptou este nome após a conversão) que teria sido convertido ao Cristianismo por S.Tiago Zebedeu, durante a viagem que este apóstolo de Jesus Cristo terá feito à província romana de Hispania, e nomeadamente a Compostela, por volta de meados do primeiro século da nossa era. Este fidalgo, um cristão novo, terá decidido viver em Rates e dedicado toda a sua vida à pregação da palavra de Deus. E segundo reza a lenda terá ali sido morto e enterrado por gente importante da região que não via com bons olhos a nova religião que ele pregava. Mais tarde, no sítio onde foi enterrado teria sido construída uma ermida, como reconhecimento da sua dedicação às coisas da religião católica.

Para complicar esta história houve um outro Pedro que, no último terço do Século XI, foi nomeado bispo de Braga e depois de renunciar ao cargo se recolheu a Rates onde veio a morrer e foi sepultado. E segundo rezam as crónicas, como era costume da época, dentro da ermida onde repousariam já os ossos do seu antecessor falecido cerca de mil anos mais cedo.
Pouco tempo depois aconteceu o casamento de D.Henrique de Borgonha com D.Teresa de Leão que recebeu a cidade da Braga e todas as suas possessões, Rates incluído, como dote de casamento. Foi esta D.Teresa, mãe do nosso primeiro rei, que mandou construir a Igreja Românica de Rates, como hoje a conhecemos, sobre as ruínas da primitiva ermida onde repousavam os ossos dos dois Pedros, o pregador galego do Século I e o bispo bracarense do Século XI.
Na velha Espanha do Século XI, havia três polos de suporte do Cristianismo, Toledo, Compostela e Braga. E como se depreende do facto de um velho bispo ter ali vindo morrer e de D.Teresa ter mandado construir a Igreja Românica, Rates era, nesses tempos, um posto avançado da fé católica e de suma importância para a arquidiocese de Braga.
Com o filho de D.Guterre Paes, amigo e conterrâneo do Conde D.Henrique, a dominar em Macieira e a D.Teresa como protectora de Rates, não me custa acreditar que as duas freguesias vivessem uma em função da outra, já nesse passado distante. No início do Século XII Braga foi oferecida ao Arcebispado, vendo aumentar assim de modo significativo a sua influência na região. E na sequência da reorganização que essa mudança de propriedade originou, não me custa acreditar que Rates tenha subido de nível dentro da Igreja, subalternizando Macieira que ficou na sua dependência. Creio que talvez dessa subalternização resultou o terem aposto ao nome de Macieira a designação de propriedade, ou seja, "de Rates".
Tudo que acabei de escrever é uma mistura de lenda, história e alguma teoria fabricada pela minha cabeça que gosta de esmiuçar estas coisas da história. Para aqueles que seguem estas coisas com interesse, tal como eu, acrescento um pequeno conselho:
- Leia tudo com cuidado e acredite se quiser!

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

A «Tragédia de Mopeia»!

O mais provável é não haver em Macieira, para além do Dino Fonseca, quem tenha ouvido falar de Mopeia ou do que lá aconteceu no dia 21 de Junho de 1969. O mais grave acidente acontecido durante a Guerra do Ultramar que vitimou 100 militares portugueses, 7 dos quais do Batalhão de Artilharia 2869 a que pertenceu o Dino, o naufrágio no rio Zambeze de um batelão carregado de tropas e viaturas que se deslocavam de Lourenço Marques para o Niassa.

Mezingo, o navio fluvial que participou no salvamento

Ainda não tive oportunidade de falar com o Dino sobre esta questão e também não sei em que circunstâncias havia homens do seu batalhão embarcados naquele batelão. Só ontem descobri que ele prestou serviço nesta Unidade do Exército que foi mobilizada para Moçambique, em Abril de 1969, pelo RAP2 e por isso trago este assunto aqui hoje. Segundo publicação no site UTW, deste acidente com o batelão do Zambeze, resultaram 7 mortos do Batalhão 2869 (2 da Cart 2495, 2 da Cart 2496 e 3 da Cart 2497), 2 dos quais ficaram sepultados no cemitério local de Mopeia e não tendo sido possível recuperar os cadáveres dos restantes 5 que o mais provável é terem sido devorados pelos crocodilos que infestam aquele rio.
Uma boa acção do governo sul-africano que tinha oferecido 30 viaturas ao Exército Português teve como resultado juntar, na capital Lourenço Marques, militares de muitas Companhias estacionadas no norte. Eles tinham vindo de propósito para conduzir e proteger as novas "máquinas" até as entregarem no comando das suas Unidades, em zona de guerra. O Comando Militar de Moçambique bem podia ter decidido enviar os carros de navio, até Nacala ou Porto Amélia, em vez de deslocar tanta gente e durante tantos dias para os levar por terra, mas só Deus sabe porque assim foi decidido.

Mezingo - Outra (melhor) foto

E depois foi a conjugação de vários factores, tais como o mau estado do batelão que fazia a travessia do rio, o excesso e má distribuição da carga que transportava, a cheia e enorme correnteza do rio e a hora tardia a que se iniciou a viagem (ao cair da noite) que levou ao desastre. Dos 150 homens embarcados e 30 viaturas militares pouco se salvou e esse pouco ficou a dever-se à ajuda de dois pescadores negros, os irmãos Campira, que pernoitavam numa ilhota no meio do rio e, apercebendo-se do acontecido, salvaram os homens que ficaram agarrados aos destroços e depois foram avisar as autoridades que enviaram o socorro possível.
Foi construído, em Mopeia, um cemitério de propósito para enterrar os militares mortos no naufrágio. Não sei ao certo quantos lá ficaram, mas sei que muitos não puderam ser lá enterrados por terem sido devorados pelos crocodilos ou outras feras depois de encalhar nas margens do rio. Morrer na guerra já era mau, mas morrer assim era aquilo que nenhum soldado português esperava. Sorte madrasta!

Manuel Cardoso, um dos sobreviventes
que conheço pessoalmente e de quem
ouvi o relato destes acontecimentos.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Terras de Faria!


O Monte da Franqueira e o Castelo de Faria estão intimamente ligados à nossa freguesia de Macieira. A história de uns e outros misturam-se através dos tempos e é fácil encontrar referências a essa realidade em muitos documentos espalhados pelas bibliotecas do país. No entanto não é disso que vou falar, mas sim dos tempos em que o nosso abade, o P.e Manuel Marques nos punha a peregrinar a caminho do monte com a faixa da Cruzada ao ombro.
Depois da Primeira Comunhão a miudagem entrava para a Cruzada e depois era vê-los em tudo que era cerimónia religiosa. Festas, funerais, procissões, etc. não saíam da igreja sem a Cruzada. Eu também passei por essa fase e logo que os meus pais me sentiram com estofo para aguentar a caminhada até ao Monte da Franqueira, lá fui eu todo inchado no meio dos outros rapazes e raparigas. No segundo domingo de Agosto, dia que era ansiosamente esperado durante o ano inteiro, formava-se a peregrinação no adro da igreja e bem cedinho partíamos a caminho da maior festa religiosa do concelho.
Posso garantir que para miúdos dos 8 aos 10 anos era uma caminhada e tanto. De Macieira até ao Convento dos Frades, onde era preciso chegar antes das 10 horas da manhã, eram mais de meia dúzia de quilómetros e a última etapa pelo monte acima deixava todos com a língua de fora. E depois ainda era preciso incorporar a procissão que dos Frades ia até ao Santuário com o pessoal e bandeiras das ordens de todas as freguesias do concelho. Uma festa e tanto, para aqueles tempos.
E depois da Missa e sermão, sempre muito mais demorados do que a gente gostava, vinha a parte mais agradável da festa. O farnel que a mãe levava numa condensa ou num açafate de vime guardado para estas ocasiões, tinha sempre algo mais do que aquilo que se comia no dia a dia. E para desenjoar da broa de milho que se comia todos os dias, havia uma rosca de trigo e para sobremesa uma melancia (quando as magras economias chegavam para isso). Suponho que não há ninguém com idade próxima da minha que não tenha vivido esta experiência e que não se lembre bem disso, tal como eu me lembro.

Cruzada do Coração de Jesus da Póvoa de Varzim

E para terminar, uma pequena resenha da história do Santuário da Senhora da Franqueira e da lenda ligada à sua construção.


« Os conflitos entre D. Afonso Henriques e sua mãe D. Teresa, no período da formação do reino de Portugal, eram frequentes. D. Teresa, irmã da Rainha de Leão, a quem prestava vassalagem, favorecia a nobreza de Leão em detrimento da portucalense. Segundo documentos autênticos, D. Afonso Henriques estava acolhido no Castelo de Faria, situado num dos cabeços do Monte da Franqueira, com o objetivo de formar e preparar o exército com que defrontaria os apoiantes de sua mãe.
Egas Moniz, ciente de que tal confronto iria opor pessoas do mesmo sangue, apelou à bondade da Virgem Maria para que essa batalha nunca viesse a acontecer, prometendo que, se lhe fosse concedida essa graça, mandaria erigir uma ermida em sua honra como agradecimento. A batalha não se deu e Egas Moniz cumpriu a sua promessa.
Ignora-se a data exata da construção desta ermida. Contudo, porque estes acontecimentos remontam ao primeiro quartel do século XII, sem margem de dúvidas podemos afirmar, que ela foi edificada antes do reconhecimento oficial do Reino de Portugal.
A capela-mor, de assinalável valor artístico, é de estilo românico, sendo vagamente iluminada por uma rasgada janela e, como quase todas as construções medievais destinadas ao culto católico, está voltada a ocidente.
Três colunas de mármore e uma mesa de jaspe, trazidas do palácio de Collun-Ben-Cayla, em Ceuta, como espólio de guerra por D.Afonso, 1º Duque de Barcelos, e oferecidas a N.Senhora, constituem a relíquia histórica do Santuário que ao longo dos séculos foi sendo restaurado e aumentado até chegar àquilo que hoje podemos ver e apreciar no alto do monte da Franqueira. »

Lista de Combatentes - Angola!

Muito embora não tenha ainda a versão final da lista de todos os Combatentes de Macieira, não quero esperar mais e decidi publicar aquilo que tenho. Mais tarde haverá lugar a rectificações, sempre que elas se justifiquem.
A primeira lista que publico contempla apenas os Combatentes que estiveram em Angola (Cabinda considera-se, para o efeito, parte de Angola) por ter sido o primeiro Teatro de Guerra a entrar em actividade. Como todos sabem, foi em Março de 1961 que os primeiros grupos de guerrilheiros armados, com pouco mais que catanas e canhangulos, atacaram os colonos portugueses no norte de Angola. Nessa altura poucos militares estavam naquela antiga colónia portuguesa, mas rapidamente começou a mobilização e navios carregados de tropas começaram a zarpar do Tejo em direcção a Luanda.


A lista que se segue está em ordem alfabética para permitir uma mais fácil consulta. As datas que aparecem nas duas colunas da direita referem-se às datas de saída e chegada a Lisboa, ou seja, o início e o fim da comissão de serviço no Ultramar.

Abel Ferreira da Silva Soldado 28-05-1961 04-09-1964
Abílio Araújo Martins da Silva Soldado 17-12-1973 08-02-1975
Abílio da Costa Guimarães Soldado 22-04-1960 10-05-1963
Abílio Miranda da Costa Soldado 15-09-1961 16-09-1963
Adrião Carvalho Leitão Soldado 07-03-1973 10-12-1974
Agostinho Carvalho Ferreira Soldado 08-07-1967 08-09-1969
Albino Ferreira Simões Soldado 23-11-1966 02-12-1968
Américo Santos Martins Oliveira 1º Cabo 27-01-1968 26-04-1970
António Barroso Costa Soldado 16-07-1963 07-10-1965
António Eiras Fonseca Soldado 04-01-1968 18-05-1970
António Ferreira Araújo Soldado 1963 1965
António Ferreira Martins Soldado 17-12-1965 14-01-1968
António Novais Alves Soldado 10-09-1970 01-02-1973
António Santos Ferreira de Sousa 1º Cabo 15-05-1971 19-05-1973
António Silva Oliveira Soldado 1963 1965
António Simões da Silva Soldado 26-03-1971 18-04-1973
A.Viriato Barbosa Silva Pereira 1º Cabo 08-05-1969 12-08-1971
Aparício Simões da Silva Soldado 12-01-1962 01-04-1964
Arlindo Ferreira de Carvalho Soldado 23-10-1961 05-06-1963
Armando José Oliveira Campos Alferes 17-05-1967 27-07-1969
Armindo Carvalho da Silva Soldado 18-02-1970 15-04-1972
Camilo Lemos dos Santos 1º Cabo 04-08-1969 13-11-1971
Celestino Martins de Oliveira Soldado 03-01-1971 23-03-1973
David Ferreira de Oliveira Tenente 20-07-1963 09-09-1965
Fernando Lopes de Matos Soldado 27-02-1967 27-02-1969
Geraldino da Costa e Silva Soldado 16-02-1969 30-09-1969
Geraldino Miranda Padrão 1º Cabo 10-02-1964 20-06-1966
João Batista Carvalho Leitão Soldado 11-06-1961 30-09-1963
Joaqim Martins Mariz Soldado 06-01-1971 20-03-1973
Joaquim da Silva Matos Marinheiro 1964 1966
Joaquim de Sousa Ferreira Soldado 09-10-1969 31-10-1971
José da Costa Fonseca Furriel 17-04-1971 27-03-1973
José da Silva Ferreira Soldado 18-08-1966 30-11-1968
José de Sousa Rodrigues Soldado 27-05-1966 09-10-1968
José Martins de Oliveira 1º Cabo 30-10-1972 06-11-1974
José Matos Rios Novais Tenente 1965 1967
Justino da Silva Oliveira Soldado 18-02-1967 02-06-1969
Manuel Ferreira Fonseca Furriel 17-04-1971 12-05-1973
Manuel Ferreira Martins 1º Cabo 28-06-1961 26-08-1963
Manuel Ferreira Nunes Soldado 08-02-1969 26-02-1971
Manuel Jesus dos Santos Novais Soldado 09-05-1964 17-02-1966
Manuel Lopes dos Santos Soldado 11-02-1972 19-04-1974
Manuel Martins Mariz Soldado 15-01-1973 30-01-1975
Mateus da Silva Marques 1º Cabo 07-10-1964 18-01-1967
Miguel dos Santos Oliveira Furriel 22-05-1974 22-08-1975
Rodrigo Araújo Martins da Silva 1º Cabo 11-04-1970 08-06-1972

sábado, 21 de setembro de 2013

Desanimado demais!

Lentamente começo a perceber que não vou conseguir nunca ter um comentário de quem quer que seja seja. E isso é um sinal para entregar os pontos, fechar a tasca e ir pregar para outra freguesia. Se não fizer uma chamada de atenção no Facebook para as mensagens publicadas não aparece por aqui ninguém e isso quer dizer que não há quem tenha marcado o endereço do blog nos seus favoritos. Mau sinal!
No dia do convívio fiz um apelo para que este blog fosse continuado pela Junta, pela Casa do Povo, ou por alguém ligado a este assunto (dos Ex-Combatentes) que morasse em Macieira. Só assim a coisa teria pernas para andar. Foi semente que caiu em solo estéril, como os padres pregam na igreja nos seus sermões, que não germinou nem deu fruto.
Vou ainda fazer um último esforço, publicar a ficha de alguns combatentes com quem tenho alguma facilidade de contacto e depois ... depois será o que vocês quiserem. Se ninguém reclamar pela paragem, pode ser que ela se torne definitiva.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Matos, Matos e mais Matos!


Hoje em dia falar no nome Matos em Macieira é o mesmo que falar na empresa de camionagem «Transportes Matos». No entanto há mais Matos do que à primeira vista se possa imaginar, diria mesmo que há Matos em todos os cantos e recantos de Macieira.
Além do meu amigo Quim Pimpa ou do seu primo Amaro que morava na Gandarinha, lembro-me de um outro Matos, ligeiramente mais velho que eu e que morava à entrada do caminho que vai para Penedo e que esta semana me comunicaram ter falecido há pouco. De qualquer modo lembro-me mais dos Matos da geração anterior, como o António e o Manuel pais do Amaro e do Pimpa, respectivamente, além dos outros irmãos.
Mas não pára aqui a lista dos Matos que quero aqui referir. Havia dois outros homens que usavam o mesmo apelido que, se a memória não me atraiçoa, eram de uma geração anterior às duas que já referi. Estou a falar do Tio Miguel do Matos que morava no alto da subida de Travassos, em frente à casa do Pereira, carpinteiro de profissão e de um outro, também carpinteiro, que morava no Lugar de Talho, na última casa que havia no caminho que vai para a azenha do Sá.
O Tio Miguel era padrinho de baptismo da minha irmã mais velha e por essa razão criou-se uma relação com a minha família que fez com que eu fosse visita habitual lá de casa. Perdia horas a vê-lo trabalhar e muitas vezes sonhei em tornar-me carpinteiro como ele. Mas enquanto a Terra vai dando voltas sobre o seu eixo, o nosso destino vai-se desenhando sem ter em conta muitos dos nossos sonhos de criança e eu de carpintaria conheço apenas o nome de algumas ferramentas.
O Matos que morava no Lugar de Talho e de quem não recordo o nome tinha um filho que se casou e fixou residência no Anjo (Argivai). Em 1961, quando o conheci, ele era Mestre de Obras, muito embora tivesse aprendido a profissão de carpinteiro com o pai. O meu pai estava cansado de pedalar até Macieira para visitar a família, a cada fim de semana, e decidiu mudar de residência. Por coincidência veio também morar para o Anjo, não muito longe do lugar onde morava o Matos. E uns meses depois de ali viver decidiu realizar um sonho que acalentava há muito, construir uma casa e deixar de pagar renda ao senhorio. E quem havia ele de escolher para lhe construir a casa? Nada mais, nada menos que o macieirense Matos, carpinteiro e mestre de obras.


Queria ainda contar uma outra coisa sobre o Matos de Talho que sempre retive na memória. Ele era um artista a fazer carros de bois e as grandes rodas chapeadas a ferro que saíam das suas mãos eram autênticas obras de arte. O progresso trocou esses carros por tractores que infelizmente são feitos noutros países e foi mais uma profissão que desapareceu de Macieira e, provavelmente, de todo o país.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O meu rio!


Uns fazem lindas poesias ao Rio Douro, outros cantam sentidos fados ao Rio Tejo, enquanto os estudantes de Coimbra namoram o Mondego no Choupal. Eu não tive a sorte de nascer nas margens de um desses grandes rios, mas também não me sinto triste com o meu pequeno rio em que aprendi a dar as primeiras braçadas.
Quando era criança ia muitas vezes a Chorente a recados da Tia Rita costureira (a senhora minha mãe) que me mandava levar a roupa a casa das clientes. Um dos caminhos que seguia para lá chegar era descendo por um carreiro até à Fonte da Gandarinha, seguir até à azenha do Mariano e daí até à Baralha, lugar onde confrontam as freguesias de Macieira, Gueral e Chorente.
O rio Codade que da encosta do monte de Chavão desce até à Baralha e daí num pulinho chega às Pousadas, onde eu e os meus colegas de brincadeira íamos nadar nos dias de verão, atravessava o caminho de lado a lado barrando o passo a quem queria passar de Macieira para Chorente. No verão, quando a água era pouca, passava-se sobre uma filinha de pedras para não molhar os pés. No inverno, a água subia perto de 1 metro de altura e só em cima de um carro de bois se conseguia passar.
Há muitos anos que por ali não passava, uma vez que aquilo fica completamente fora dos meus percursos habituais. Hoje deu-me a curiosidade de ver como estaria aquele recanto perdido do mundo que faz parte das minhas memórias de criança. Lá chegado mal reconheci o lugar. Um pontão foi construído para evitar que continuasse a passar-se por dentro de água e o lugar mudou completamente de figura. Não fora o trecho do rio que mostro na imagem acima e que está exactamente como dantes, eu passaria por ali sem reconhecer o lugar.
Não sou homem de fazer versos senão dedicaria uma pequena poesia ao meu rio, ao rio que fez rodar a mó do moinho que moeu o milho do pão que comi até aos 11 anos de idade e me ensinou a nadar para mais tarde enfrentar as águas do Ave, em Touguinha para onde os meus pais se mudaram, ou do Tejo, no Barreiro onde fui parar quando tinha 18 anos.
Depois disso nadei no Oceano Atlântico, no Índico, no Lago Niassa e em muitos outros lugares que já esqueci. Mas não posso esquecer que tudo começou ali muito perto da Baralha, no pequeno rio que atravessa Macieira de lés-a-lés, o Rio Codade.

União ou desunião?


As eleições estão aí à porta e com a aglutinação das freguesias vai haver uma mudança radical na forma de funcionamento das Juntas de Freguesia. A união das 5 freguesias que a foto documenta vai ter apenas um presidente e um local de reunião. Não deve ter sido fácil obter um consenso para escolher o candidato a presidente e não menos difícil terá sido também a composição da lista que o acompanha. Como funcionarão as coisas no futuro?
Por vezes dou comigo a fazer estas perguntas, pois tenho consciência que não é assunto de fácil resolução. O engraçado é não se ouvir falar destas coisas. Será que os candidatos são uns santos e todos se entendem como Deus com os anjos? Custa-me acreditar nisso!
Quase todas estas freguesias têm qualquer coisa do meu passado e por isso me interessa este assunto. Em Gueral nasceu o meu pai e por lá viveu até aos 18 anos. E tendo eu nascido na fronteira norte de Macieira, era-me mais familiar esta freguesia e as suas gentes do que, por exemplo, o Lugar de Modeste de Macieira. Em Courel andei na Escola Primária durante um ano e tenho lá muitas amizades desde esses tempos. Chorente foi a segunda terra do meu pai, onde trabalhou até se casar, onde deixou muitos amigos e uma afilhada que ainda lá vive com a sua família. Goios e Pedra Furada foram as freguesias por onde os antepassados do meu pai viveram as suas vidas e um descendente deles ficou bem conhecido na Casa do Povo de Pedra Furada tendo lá desempenhado o papel de enfermeiro até a Diabetes o ter impossibilitado de trabalhar. Aí viveu grande parte da sua vida, lá morreu e ficou sepultado. A esta União de Freguesias faltou apenas juntar as Carvalhas, onde a minha avó paterna viveu os últimos dias e em cujo cemitério está sepultada.
E para terminar esta abordagem política, de que por muito que queira não me consigo alhear, resta-me dizer que se tivesse estado no papel de Relvas, eu organizaria o concelho de Barcelos de um modo ligeiramente diferente. Veremos se os problemas trazidos por esta reorganização não serão maiores que as vantagens da mesma. 

domingo, 15 de setembro de 2013

Combatentes - António Ferreira!

Nome - António Carvalho Ferreira
Nascido em - 26 de Novembro de 1945
Incorporado em - 24 de Janeiro de 1966
Ramo das F.A. - Exército
Especialidade - Atirador
Matrícula -  17817/66
Posto - Soldado
Mobilizado em - 7 de Setembro de 1966
Unidade - Companhia de Artilharia 1595 do Batalhão 1893
Destino - Moçambique
Transporte - Navio Niassa
Regresso em - 4 de Setembro de 1968
Transporte - Navio Vera Cruz
Mortos na comissão - 5

Não existe, na internet, grande historial da passagem desta Companhia pela guerra. Tudo que encontrei foi um depoimento e algumas fotografias no site da UTW, além de uma lista dos 5 mortos desta Unidade com a sua identificação completa. A história, contada pelo José Salgado, reza assim:
  • Chegados a Moçambique ficámos aquartelados em Mecula, onde permanecemos até ao dia 25 de Março de 1967 participando em diversas operações de que resultaram 2 baixas no nosso pessoal.
  • A 26 de Março fomos deslocados para Révia, onde permanecemos até ao dia 7 de Novembro, participando em patrulhas e operações diversas de que resultaram 3 baixas no nosso pessoal. Foi o período mais duro de toda a comissão e mais triste por causa dos camaradas mortos.
  • Depois de Révia a Companhia 1595 partiu para Ribaué, onde ficou baseada até ao fim da comissão. No entanto teve ainda duas deslocações importantes, a primeira que durou cerca de 3 meses, na zona de Macomia/Cabo Delgado e a segunda, com a duração de +/- um mês, como uma espécie de férias bem merecidas, na Ilha de Moçambique.
  • Depois da Ilha regressou a Companhia ao Ribaué para fazer as malas e regressar à Metrópole, facto que aconteceu a 17 de Agosto de 1968. Depois disso foi só esperar pelo Vera Cruz e aguentar a viagem até Lisboa, coisa fácil de suportar para quem já tanto tinha passado em terras de Moçambique.

Duas imagens retiradas do site UTW que mostram a passagem pela Ilha

A questão do nome de Macieira!

Tendo lido tudo quanto me aparece à frente dos olhos sobre a origem do nome Macieira e cada vez mais me convenço que não foi a tal família abastada que ali se veio instalar no início da nossa nacionalidade que deu o nome à nossa freguesia. Tudo aquilo que se passou antes do início do Século XIII carece de documentação que o confirme, de modo que cada um pensa e interpreta livremente aquilo que decidiu investigar.
Que me perdoem os que pensam de modo diferente, mas eu estou plenamente convencido que são as famílias que herdam os nomes das terras onde nasceram, onde vivem ou de que são proprietárias e não as terras que recebem o nome dessas famílias. Tomem como exemplo o primeiro fidalgo com grande impacto na História de Portugal, o pai do nosso primeiro rei, o Conde D.Henrique. Conhecem-lhe outro nome além de Henrique? Não, porque não o tinha. Era conhecido por D.Henrique de Borgonha, a terra onde nasceu por volta do ano de 1066. E o seu filho que viria a ser o primeiro rei de Portugal recebeu o nome de Afonso, do seu avô e Henriques como apelido que, segundo a tradição romana, significa «filho do Henrique». Era assim nesses tempos, não havia nome de família, mas podia agregar ao seu nome próprio o nome das terras que eram sua pertença. Tal como ainda hoje acontece, veja-se o exemplo de D.Duarte Pio de Bragança.
Com o Conde D.Henrique vieram também da Borgonha outros fidalgos que acabaram por radicar-se em Portugal, na zona de influência de Guimarães, Braga e Barcelos e vieram a ter enorme influência no desenvolvimento que D.Henrique imprimiu ao Condado Portucalense, nos fins do Século XI. Estão neste caso D.Guterre Paes e o seu filho D.Paio que dariam início à linhagem dos Cunhas, Macieiras e Silvas que ainda hoje existem.
Estou por isso convencido que as freguesias da Cunha (Braga) e da Silva e de Macieira (Barcelos) já existiam muito antes do Conde D.Henrique ou o seu filho Afonso terem nascido. Se me perguntarem se o posso provar a resposta é não, mas resta-me a consolação de que também não há quem me possa desmentir.
E continuará um mistério a origem dos nomes das freguesias como a de Macieira, mas o mais certo é ter havido, no tempo em que se formaram os primeiros casais nessa zona, um cruzamento de caminhos ou ponto de encontro de caminhantes que seria dominado por uma macieira de grande porte ou um pomar de macieiras.
Só a partir do casamento de D.Lourenço Fernandes da Cunha com D.Sancha de Macieira, no início do Século XIII, se começa a poder acompanhar a vida destas terras e gentes através de documentos escritos. E, como atrás afirmei, estou plenamente convencido que os seus nomes provêm das terras onde habitavam e de que eram donos.
A seguir e para dar um certo ar de veracidade ao que escrevo, deixo um pequeno extracto encontrado na internet.
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Era D. Guterre Rico Homem da Raynha D. Thereza, e do Rey D. Affonco Henriques, e Sr. da freg.ª de Ozordão, e de Alderete Alto, e Baixo, e da Torre, quinta e Sollar da Silva, e he o pr.° em q o Conde D. Pedro comeca esta famlllia; foi elle de grande concelho, e vallor, e veyo com o Conde D. Henrique a q.m servio em todas as guerras contra os Mouros veja-se o Conde D. P.° tt.° 55 fl 310 N 1.º = Cazou com D. Maria Ovenal f.ª de Egas Yvanes de Ovenal 1.º Sr. da Caza de Aguilar como diz Sandoval allegado por Ascenso de Siqr.ª e diz mais q este D. Guterre se chamava D. Guterre Pallaes, e era espanhol, e Irmão de D. Fernando de Trastamara
In «MyHeritage»

sábado, 14 de setembro de 2013

Va de retro Satanás!

Sexta-feira 13, bruxas, almas do outro mundo e coisas que tal, hoje não me metem medo nenhum, mas quando era puto a coisa fiava mais fino. À noite, à lareira, a minha avó contava coisas do outro mundo em que a gente acreditava piamente. E depois aconteciam coisas que não se conseguiam explicar facilmente e acabavam por dar um certo tom de veracidade ao que ela nos contava.
Nesse tempo era habitual virem carros de bois trazer pipas de vinho aos taberneiros da Póvoa e no regresso, se não havia pipas vazias para levar de volta, levavam estrume para os campos retirado das fossas das Caxinas. Outras vezes levavam sargaço ou pilado que também servia para estrumar os campos. Saíam de Macieira muito antes do sol nascer de modo a chegar à Póvoa por volta das nove horas da manhã. Descarregar as pipas e preparar o carro para o regresso fazia-se em pouco tempo, a não ser que fosse preciso andar mais uns quilómetros para ir carregar o sargaço ou o pilado, lá para os lados de Averomar.
Segundo a minha avó, a aflição era passar a «Casa do Diabo», na Quinta de Calves, antes que fosse meio-dia, porque se acontecesse irem a passar ali quando soavam as 12 badaladas do meio-dia era o fim da macacada. Os bois (ou vacas) que puxavam o carro assustavam-se e partiam à desfilada sem haver quem tivesse mão neles. Dizia-se que o diabo saía da casa onde estava requerido, no canto da Quinta onde se juntam as freguesias de Beiriz, Touguinha e Argivai, e enquanto soavam as 12 badaladas assombrava aquele troço da Estrada Nacional 206 que liga o Anjo à Mata.
Acreditassem ou não no que se dizia, o certo é que ninguém arriscava a passar ali na hora do meio-dia. Ou se apressavam para passar ali bem cedo, ou faziam render o tempo para não dar ao mafarrico a menor chance de lhes pregar um susto. Pelo menos era assim que a Tia Maria da Eusébia, a minha avó materna, o contava!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Cerqueiral? Que é isso?


Há dias fui a Macieira e ao passar em frente à azenha de Verdeal (acho que é assim que se chama) resolvi meter por ali abaixo e ver o estado dos caminhos naquele canto da freguesia. Na minha ideia, mais curva menos curva havia de ir parar ao Lugar do Rio que era o destino que tinha em mente. Logo depois da pequena ponte sobre o rio Codade (não passa de um pequeno regato, mas é uma vaidade dizer que temos um rio que atravessa Macieira) notei que o caminho original foi alargado para o dobro, muito embora as obras não tenham terminado ainda. Mas, como diz o ditado, Roma e Pavia não se fizeram num dia e há que dar tempo ao tempo.
A meio da subida apareceu-me do lado esquerdo uma placa que indicava Rua do Cerqueiral de Baixo e continuando a subir fui desaguar na Rua do Cerqueiral de Cima. Já não me lembrava deste nome, mas de repente acendeu-se uma luzinha no meu cérebro e recordei o nome de uma amiga da minha irmã mais velha (nascida em Maio de 1940), a Ana do Cerqueiral. Pensava eu que Cerqueiral era o nome de uma família, a da Ana, mas agora percebo que era o nome do lugar onde ela morava. Agora, com a globalização e os modernismos da praxe passou a ser nome de rua, embora na imagem do Google Earth que mostro acima haja apenas uma casa no Cerqueiral de Baixo, o que parece não justificar que a separem do resto do Cerqueiral. Mas isto sou eu apenas a gastar o meu latim a troco de nada.
O que me levou a escrever estas linhas foi o facto de não ter conseguido passar do Lugar do Cerqueiral para o Lugar do Rio. Tive que dar meia volta e virar para trás e tomar a estrada da Fareleira para chegar ao Rio. Analisando a vista aérea que a imagem acima mostra, nota-se que existe já o caminho que liga os dois lugares. Faltará apenas prosseguir com o alargamento que começa na ponte, ao pé da azenha, prolongando-o até ao Lugar do Rio.


Como estamos em maré de eleições pode ser que a ideia pegue. E na próxima vez que eu decida meter o meu carro por aquele caminho consiga atingir o meu destino. 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Desafio!

Como já várias vezes afirmei, na internet encontra-se tudo e mais alguma coisa. Quando falei com o Zé Barbosa para recolha dos dados que deram origem à mensagem anterior, confrontei-me com a dificuldade de ele não se lembrar de uma série de coisas, tais como as datas de entrada no Exército, de mobilização para o Ultramar ou do regresso à Metrópole. Mas bastou-me saber que pertenceu ao Batalhão de Caçadores 1911 para fazer uma pesquisa na net e logo obtive as respostas que me faltavam, como se pode ler na parte final da mensagem anterior.

Clicar na imagem para ampliar

Mais que a informação que copiei para este blog, eu trouxe comigo também uma fotografia que encontrei algures e que aqui publico com um desafio para quem tiver bons olhos e boa memória visual.
- Será que a foto do Zé Barbosa consta ou não do conjunto que a foto mostra?

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Combatentes - José Barbosa

Nome - José Barbosa da Silva Pereira
Nascido em 12 de Outubro de 1945
Assentou praça em Outubro de 1966
Ramo das F.A. - Exército
Especialidade - Auxiliar do Serviço Religioso
Matrícula - 95477/66
Posto - 1º Cabo
Mobilizado em Maio de 1967
Para a Guiné
Unidade - Batalhão de Caçadores 1911 - Companhia CCS
Transporte - Navio Uíge
Regresso em Maio de 1969
Transporte - Navio Niassa
Mortos no Batalhão - 23 em combate e 6 em acidentes
oooOooo
Como auxiliar do serviço religioso o Zé Barbosa nunca teve contacto directo com o inimigo. No entanto houve uma vez em que se viu metido numa alhada por ter sido inesperadamente escolhido para uma patrulha ao Rio Cacheu. A história conta-se em duas palavras. Durante uma formatura, aproxima-se um oficial e diz:
- Preciso de 6 voluntários para me acompanhar ao Cacheu.
Como ninguém deu um passo em frente, ele apontou o dedo para a formatura dizendo:
- Tu, tu e tu - apontando para 6 dos que estavam na primeira fila - um passo em frente, marche!
E assim foi formada uma patrulha de 6 «voluntários à força» que acompanhou o oficial na patrulha que lhe tinha sido ordenada pelos seus superiores e que felizmente saiu e regressou sem ter disparado um tiro ou ter algum encontro desagradável com os turras.
oooOooo

De seguida, um pequeno extracto do depoimento de Fernandino Vigário, soldado condutor auto-rodas da mesma Companhia que o Zé Barbosa, feito para o blog do Luís Graça e Camaradas da Guiné.

Ao Batalhão de Caçadores 1911, desembarcado em 2 de Maio de 1967 em Bissau, foi-lhe destinado o aquartelamento de Brá, com a missão de reserva do Comando-Chefe.
Como a preocupação dominante do Comando do Batalhão era preparar os seus quadros e tropas o melhor possível para a guerra que íamos travar, providenciou-se que todas as Companhias operacionais incluindo a CCS fizessem na área da ilha de Bissau as seguintes atividades:
- Intensa educação física;
- Tiro em todas as ocasiões disponíveis na carreira de tiro;
- Exercício de embarque e desembarque das LDM no ilhéu do Rei em terrenos lodosos, e instrução sobre o mesmo por oficiais da Marinha;
- Colaboração na atividade operacional do BArt1904 no Sector de Bissau com relevo em patrulhamentos e emboscadas noturnas. 
Durante a estadia do Batalhão em Brá, as três Companhias operacionais realizaram no interior da província 15 operações.
O Batalhão, seguiu para Teixeira Pinto onde desembarcou a 15 de Agosto de 1967 e durante os nove meses em que actuamos no sector de T. Pinto o Batalhão cumpriu com determinação as missões que lhe foram impostas. Se a memória não me atraiçoa o Batalhão fez sete colunas de reabastecimento e escoltas a Có, e oito ou nove a Jolmete, e dezenas de operações nas matas com uma actividade bastante intensa.
Em 8 de Maio de 1968 o Comando do Batalhão ao deixar Teixeira Pinto, onde foi rendido pelo B.Caç 2845, estava convicto de que tinha cumprido com honra as missões de evitar que o inimigo penetrasse e dominasse o chão manjaco.
Em 26 de Junho de 1968 foi destinado ao Batalhão 1911 o Sector de Bissau com sede em Stª Luzia e até à data do embarque, realizou uma intensa atividade operacional no Sector que se cifra numa média de centenas de acções mensais.

domingo, 8 de setembro de 2013

Moçambique - Relembrar a História!

Por ter sido combatente em Moçambique é natural que eu aborde com alguma frequência assuntos ou notícias que que têm a ver com esta antiga colónia portuguesa. Ontem comemorou-se o 39º aniversário do fim do domínio português sobre aquele país que durava desde Março de 1498, quando Vasco da Gama, a caminho da Índia, por lá passou e a assinalou como pertença da Coroa Portuguesa.
De 1498 a 1964 muitas coisas se passaram naquela terra e nem todas abonam em favor dos portugueses. Não admira portanto que sempre tenha existido na cabeça dos moçambicanos a ideia de se verem livres de nós. Na década de 60 do Século XX, os colonizadores europeus foram abandonando África e entregando o destino daquelas terras aos seus donos e senhores de antigamente.


Portugal e o seu ditador Salazar resolveram não seguir o exemplo dos outros países colonizadores preferindo envolver-se numa guerra que não beneficiou ninguém (salvo os abutres do costume) e trouxe sofrimento a muita gente. No caso particular de Moçambique, onde prestei serviço durante 5 anos, a guerra começou apenas em Setembro de 1964, enquanto que em Angola e na Guiné duravam já há mais de 3 anos.
Aconteceu o 25 de Abril em Portugal e a guerra acabou na África Portuguesa sem ter havido um vencedor ou um derrotado. Os governantes portugueses (de certo modo dominados pelos militares que não concordavam com a guerra) deram ordens para depor as armas e após algumas vergonhas que poderiam ter sido evitadas os combatentes portugueses regressaram a casa «sem honra nem glória».
No dia 7 de Setembro de 1974, o Dr. Mário Soares deslocou-se a Lusaka, capital da Zâmbia (antiga colónia britânica descolonizada em 1962) onde se encontrou com os representantes de Moçambique, assinou o acordo de paz e terminou com aquilo que o Vasco da Gama tinha começado em Março de 1498.


Rubricados a 7 de Setembro de 1974, os Acordos de Lusaka marcaram o fim da dominação colonial de Moçambique, após 10 anos de luta armada movida pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) contra o regime colonial português e marcaram o início duma nota etapa na História do país.
Os acordos, que foram assinados por Samora Machel, Presidente da FRELIMO e primeiro Chefe de Estado de Moçambique independente, e pelo então Presidente português, Mário Soares, Moçambique, deram lugar a um governo de transição e que culminou com a proclamação da independência nacional a 25 de Junho de 1975.
Coincidentemente, hoje, Moçambique também celebre 25 anos da criação da Associação dos Combatentes de Libertação Nacional (ACLIN).
In Sapo (Mz)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Não deu certo!


O navio Império transportou muitos militares para a Guerra do Ultramar, especialmente para Moçambique. Era também no Império que se faziam as mudanças de militares entre a capital Lourenço Marques e as cidades do norte, nomeadamente Beira, Quelimane, Nacala e Porto Amélia, e vice-versa. Por isso era conhecido por muitos dos militares que combateram em África e por isso também o escolhi para servir de chamariz no Facebook, tentando chamar a atenção dos "amigos" para este blog. Infelizmente não funcionou, tenho que reconhecer que foi um falhanço completo. A ilação que tiro disto é que ou eu não tenho mesmo jeito nenhum para isto ou as pessoas não ligam patavina a este assunto dos combatentes e estou a perder o meu tempo.
Na minha mensagem eu pedia para partilharem a imagem de modo a que ela chegasse a mais pessoas e houve apenas uma partilha. Pedia também aos amigos dos amigos que partilhassem a imagem para me enviarem pedidos de amizade e nem um único recebi. Ou seja, para aí uns 99,99% de insucesso. Nesta conjuntura talvez seja melhor abandonar a ideia e escolher outro hobby em que ocupar o meu tempo.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Nem Serafim, nem Benjamim e nem Manuel!


Hoje consegui dar um pequeno passo na história dos «Farinheiros». Depois de recorrer à ajuda do Pe. António Laranjeira para descobrir a data de nascimento do Serafim, o irmão mais velho, fui ao Registo Civil para ver se conseguia uma Certidão de Nascimento. Felizmente, no registo de baptismo constavam os nomes completos do pai e da mãe, senão ter-me-ia sido impossível conseguir a certidão. Baseado no nome próprio apenas nada se consegue, mas tive a sorte de haver no registo do pai um averbamento do nascimento do filho mais novo, o Manuel. E a partir do nome deste tudo se tornou mais fácil, foi só substituir o nome próprio e logo apareceu o registo.
A primeira dificuldade foi a data de nascimento que eu julgava ser do ano de 1944 e afinal era de 1943, mas aí contei com a ajuda do pároco que não encontrando o registo no ano que lhe indiquei começou a andar para trás indo encontrá-lo em Outubro de 1943. A segunda dificuldade foi com os apelidos. A partir de Silva Vitorino, do pai, e Rodrigues da Costa da mãe, eu nunca esperaria que os filhos se chamassem Costa e Silva. Pegar no último apelido da mãe já não seria normal, mas juntar-lhe o primeiro do pai seria de todo impensável. Só depois de ver o nome Manuel da Costa e Silva registado como filho do Tio David Farinheiro é que descobri o estranho nome do meu colega da Escola Primária, Serafim da Costa e Silva, de quem só recordava o primeiro nome.
Na posse da certidão atirei.me aos Cadernos de Recenseamento Eleitoral convencido que em três tempos descobriria o lugar onde mora actualmente. E foi aí que se acabou a minha sorte. Nem o Serafim, nem o Manuel, nascido em Março de 1949, constam dos Cadernos de Recenseamento. E isso quer dizer que é quase certo não morarem em Portugal. Ou nunca chegaram a sair de Angola, depois da independência, ou partiram para a emigração logo depois de cá chegarem e nunca se recensearam no país onde vivem.
Nos seus registos de nascimento não foi feito qualquer averbamento. Nem casamento, nem falecimento, nada de nada. É mais uma desgraça que teremos que atribuir à Guerra do Ultramar. Com a perda de Angola perderam-se também todos os registos dos portugueses que lá moravam à altura. Os organismos públicos, civis e militares, deviam ter transferido para Lisboa todo a documentação lá existente, mas é quase garantido que o não fizeram e assim é-me impossível descobrir o que se passou com eles.
Quanto ao Serviço Militar, devem tê-lo cumprido em Angola e não creio que haja maneira de confirmar isso agora. Ou seja, fui parar a um beco sem saída. A não ser que, por milagre, alguém que os tenha conhecido leia isto que estou a escrever e entre em contacto comigo, a história dos irmãos «Farinheiro» termina aqui.

domingo, 1 de setembro de 2013

Poucos, mas bons!

A vida de um blog mede-se pelos seguidores que tem e pelos comentadores que se dão ao trabalho de escrever algum comentário sobre o que acabaram de ver ou ler. Tendo em atenção esses meios de avaliação, o sucesso deste blog é praticamente igual a zero. Seguidores, além da Ana Furtado a quem quase obriguei a inscrever-se, houve apenas 2 (que suponho serem macieirenses) que se inscreveram como seguidores. Quanto a comentários... nem vê-los.


No entanto, como aqui já referi há alguns dias, há visitantes que quase diariamente vêm espreitar para ver se há matéria nova. E há uma zona dos Estados Unidos (representada no mapa acima) que aparece constantemente nas minhas estatísticas. Como Mountain View, Palo Alto ou Menlo Park, não há um único dia sem um clic vindo daqueles lados. E isso é bom, serve para me dar ânimo para continuar a lutar por levar esta campanha avante.


Imagem retirada da net que suponho ser uma escultura existente num local público da cidade de Mountain View. Pode ser que os clics que o meu blog tem merecido venham de algum emigrante português, quiçá macieirense, que ande a ganhar a vida por aqueles lados e queira compensar-me com um comentário para eu ficar a saber um pouco mais das pessoas que se interessam pelo que vou aqui escrevendo. Além do mais seria um incentivo para que outros lhe seguissem o exemplo.


Nesta pequena exploração que levei a cabo para escrever isto, descobri que está sediado nesta cidade o quartel general da Google, empresa que veicula este blog para todo o mundo (e arredores, sem esquecer a Estação Espacial Internacional) com todos os seus conteúdos, fotos, videos, etc..
Acima podem ver uma imagem do interior das instalações e abaixo uma vista aérea de todo o complexo. Eu, como beneficiário deste e doutros serviços que a Google me oferece gratuitamente, aqui lhes presto a minha homenagem e deixo o meu reconhecimento.


We've come a long way from the dorm room and the garage. We moved into our headquarters in Mountain View, California—better known as the Googleplex—in 2004. Today Google has more than 70 offices in more than 40 countries around the globe.

Portugal na 1º Guerra Mundial