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sábado, 14 de setembro de 2013

Va de retro Satanás!

Sexta-feira 13, bruxas, almas do outro mundo e coisas que tal, hoje não me metem medo nenhum, mas quando era puto a coisa fiava mais fino. À noite, à lareira, a minha avó contava coisas do outro mundo em que a gente acreditava piamente. E depois aconteciam coisas que não se conseguiam explicar facilmente e acabavam por dar um certo tom de veracidade ao que ela nos contava.
Nesse tempo era habitual virem carros de bois trazer pipas de vinho aos taberneiros da Póvoa e no regresso, se não havia pipas vazias para levar de volta, levavam estrume para os campos retirado das fossas das Caxinas. Outras vezes levavam sargaço ou pilado que também servia para estrumar os campos. Saíam de Macieira muito antes do sol nascer de modo a chegar à Póvoa por volta das nove horas da manhã. Descarregar as pipas e preparar o carro para o regresso fazia-se em pouco tempo, a não ser que fosse preciso andar mais uns quilómetros para ir carregar o sargaço ou o pilado, lá para os lados de Averomar.
Segundo a minha avó, a aflição era passar a «Casa do Diabo», na Quinta de Calves, antes que fosse meio-dia, porque se acontecesse irem a passar ali quando soavam as 12 badaladas do meio-dia era o fim da macacada. Os bois (ou vacas) que puxavam o carro assustavam-se e partiam à desfilada sem haver quem tivesse mão neles. Dizia-se que o diabo saía da casa onde estava requerido, no canto da Quinta onde se juntam as freguesias de Beiriz, Touguinha e Argivai, e enquanto soavam as 12 badaladas assombrava aquele troço da Estrada Nacional 206 que liga o Anjo à Mata.
Acreditassem ou não no que se dizia, o certo é que ninguém arriscava a passar ali na hora do meio-dia. Ou se apressavam para passar ali bem cedo, ou faziam render o tempo para não dar ao mafarrico a menor chance de lhes pregar um susto. Pelo menos era assim que a Tia Maria da Eusébia, a minha avó materna, o contava!

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