Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Combatentes - Américo Oliveira

Nome - Américo dos Santos Martins de Oliveira
Nascido em - 5 de Fevereiro de 1946
Data de alistamento - 18 de Abril de 1967
Ramo das F.A. - Exército
Especialidade - Atirador
Matrícula - 112873/67
Posto - 1º Cabo
Mobilizado em - 27 de Janeiro de 1968
Destino - Angola
Unidade - Comando de Agrupamento 2950
Transporte - Navio Uíge
Regresso em 26 de Abril de 1970
Transporte - Navio Uíge
Mortos na comissão - 0



O Américo teve uma vida militar mais complicada aqui na Metrópole do que em Angola para onde foi enviado para cumprir uma comissão de dois anos. Numa certa altura quiseram empurrá-lo para os Comandos, mas conseguiu escapar-se reprovando nos testes de admissão. Mesmo assim, foi chamado e mobilizado para o RAL 1 de Lisboa com a indicação que pertencia aos comandos.
Afinal acabou por ser a sorte dele, pois foi incluído num «Comando de Agrupamento», o 2950, que se destinava à vila de Carmona, zona de forte actividade terrorista, mas acabou por nunca lá chegar tendo passado toda a comissão de serviço numa zona mais sossegada da província do Uíge e não teve que participar em qualquer operação que pusesse em perigo a sua vida.
Os Comandos de Agrupamento eram uma espécie de delegação do Quartel General e tinham mais oficiais e sargentos do que praças. O seu trabalho era coordenar as tropas da sua zona e tratar dos problemas relacionados com a logística para garantir um bom funcionamento da orgânica militar. Pode dizer-se que o Américo teve uma guerra santa. Nem todos tiveram a mesma sorte!

domingo, 24 de novembro de 2013

De visita à Terra Natal!

Hoje fui até Macieira. A ideia era entrevistar alguns combatentes que me caíssem na rede, mas não tive muita sorte. Ao passar no Lugar de Talho apanhei o Américo e um pouco mais à frente, no Lugar de Outil, o José Rodrigues. Do Américo recolhi os dados necessários para publicar a sua história, o que farei brevemente. Depois segui viagem e não consegui encontrar quem procurava. Regressei a casa pela Pinguelinha, a caminho de Rates, e parei apenas para bater umas chapas para a minha galeria de recordações.

Clicar nas imagens para as ampliar
Travassos e Outeiro vistos da Cumieira

Minas e Penedo vistos do Campo de Futebol

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Não há regra sem excepção!

Futebol não é assunto que esteja no âmbito deste blog, mas hoje tudo nos é permitido. A vitória épica conseguida hoje em Estocolmo que validou o nosso passaporte para o Brasil 2014 dá-me o direito de abrir uma excepção e esquecer por momentos as matérias relacionadas com os combatentes.
Na primeira metade do Século XX Portugal tinha ainda um império ultramarino que se estendia do Minho até Timor. Quem já tiver esquecido, ou tiver nascido depois do 25 de Abril, pode consultar o mapa abaixo que está lá tudo. A D.Alexandrina, minha professora da 4ª Classe, obrigava-nos a conhecê-lo na ponta da unha e quem falhasse as respostas candidatava-se a levar com a cana da Índia pelas orelhas abaixo.


Na primeira metade do Século XXI já não temos nada disso, mas temos outra coisa que nos enche de orgulho, o Cristiano Ronaldo, o melhor jogador do mundo. Quem assistiu ao jogo disputado hoje em Estocolmo que nos apurou para o campeonato mundial Brasil 2014, não vai esquecer este dia.


Não é qualquer jogador que consegue marcar um «Hat-Trick» num jogo como este que condenava a equipa perdedora a ficar de fora da prova maior do futebol, portanto um jogo em que cada atleta dá tudo o que tem. Ele conseguiu-o e todos nós temos que prestar-lhe a homenagem que merece.
Força CR7, és o melhor do mundo!

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A Casa do Zé das Ovelhas!


O que determina o valor de um bem, seja ele móvel ou imóvel, é o interesse que possa despertar aos interessados em investir nesses bens. A casa que vêem na imagem está desabitada há muitos anos, aliás vê-se isso pelo seu aspecto decrépito. A menos que o proprietário lhe reconheça algum valor estimativo e não a queira vender por qualquer preço, temos que admitir que este bem (casa e terreno anexo) não vale um pataco, uma vez que ninguém se mostra interessado em comprá-lo.
Nos meus tempos de criança passei ali bons momentos. Os quatro rapazes que lá moravam eram os meus parceiros de brincadeiras e as árvores de fruto que existiam na sua horta eram uma tentação extra, no tempo da fruta. Depois, toda a família emigrou e foi para lá morar uma personagem sobejamente conhecida em Macieira, o Zé das Ovelhas. Confesso que mal me lembro deste homem, pois tendo saído de Macieira muito novo nunca convivi com ele nem com a sua família.
Hoje, esta casa é conhecida pelo nome do seu último inquilino, «A Casa do Zé das Ovelhas». Também não sei há quanto tempo ele a abandonou ou que destino levou, mas pelo aspecto da casa já devem ter passado dezenas de anos. Tanto quanto sei, o proprietário é um dos filhos do Laurindo Loureiro, de Gueral, que é também dono da casa onde eu nasci e que, tal como esta, está também em ruínas. Admito que apenas os terrenos estão a ser aproveitados para fins agrícolas. Fraco rendimento para tanto metro quadrado de terreno. É a pobreza do nosso país no seu melhor.

domingo, 17 de novembro de 2013

A passagem para a outra margem!


Está prometido e as promessas são para cumprir!
Amanhã, dia 18 de Novembro, vão (re)começar as obras de recuperação da Ponte do Lobar e os próximos visitantes que vierem assistir à Festa de S.Tiago (que era o caso destes que desciam a Rua do Picoto) já não terão que saltar por cima do obstáculo.
Entende-se que a actual crise e a escassez de recursos tenha dificultado o arranque desta obra, mas a cor política da Câmara de Barcelos e da Junta de Freguesia de Macieira também devem ter dado o seu contributo. Resta-nos a esperança de que a nova equipa que gere os destinos da freguesia tenha a habilidade suficiente para ultrapassar essa questão.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Caminho para a escola!


Uma das entradas para a «Quinta do Margarido». Ao fundo o casario do Lugar de Talho e por trás dele algumas casas do Lugar do Picoto.
Se bem me lembro, o nome do dono destas terras era Aparício Carvalho, pai do actual proprietário,  o Aurélio, portanto não sei de onde vem o nome de Margarido. Mas aquilo que eu sei é que este caminho era o meu preferido nas deslocações de casa para a escola.
Ao passar em frente ao portão, situado debaixo daquelas árvores que se vêem do lado esquerdo da imagem, se havia um cão à solta era preciso dar ás de Vila Diogo para escapar aos seus dentes. Em três tempos estava no Lugar de Talho, passava pela Fonte de Crujes e pela casa do Fontes e logo desaguava no adro da igreja, onde ficava a nossa escola.
Os donos da quinta não gostavam muito que a gente fizesse daquilo passagem habitual, mas lá iam consentindo e tratando-se das crianças do lugar a caminho da escola, fechavam os olhos e mantinham os cães presos para evitar algum percalço. E no verão havia árvores de fruto que, do lado de cima, deixavam cair alguns frutos para o caminho. À falta de melhor passavam a fazer parte do lanche a comer na hora do recreio, pois na bolsa nada mais havia para trincar além de um naco de broa de milho.
Que tempos aqueles!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Irmãos Farinheiro!

Ainda não consegui adiantar mais nenhum passo na história dos irmãos «Farinheiro», mas foi-me garantido que todos os 4 irmãos prestaram serviço militar em Angola. Um deles, não sei ainda qual, foi condutor e praticou um acto heróico que lhe deu direito a uma condecoração. Transcrevo abaixo a mensagem recebida, via Facebook, de um dos seus camaradas de armas:

O Vitorino cumpriu parte do serviço militar em Sá da Bandeira. Tendo-se distinguido como condutor. Foi condecorado porque num grande acidente em que perdeu a vida um companheiro nosso, e vários outros feridos, ele conseguiu carregar todos para o hospital, apesar de ter um estilhaço de granada no peito, e só depois desmaiou.
«António Alves»

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Alguns dados históricos!

A reforma administrativa de 2012 que levou à extinção de cerca de um quarto das freguesias portuguesas, também conhecida por «Reforma do Relvas», não foi a primeira nem vai ser a última. Do modo que toda a gente ficou descontente com o resultado, pode adivinhar-se que a próxima não demorará muito a aparecer. Se o António José Seguro ganhar as próximas eleições legislativas, o que é bem provável que possa acontecer, e for homem de palavra, a lei que originou a reforma será revogada e aí começará tudo de novo.
Barcelos sempre teve poderes administrativos, desde o início da nossa História. Muitos concelhos portugueses apareceram e desapareceram ao sabor dos ventos da política, mas, de acordo com as pesquisas que levei a cabo, Barcelos não é um desses casos. Para se perceber melhor o que têm sido essas reformas, podem encontrar aqui abaixo o número de concelhos existentes em Portugal ao longo de todo o Século XIX e até ao fim da Monarquia.

Ano              1827  1832  1835  1836  1842  1853  1878  1911
Concelhos     806    796    799    351    381    268    290    291

Como se pode deduzir dos números acima, criar e extinguir concelhos parece ser o nosso desporto nacional. No que respeita às freguesias não consegui encontrar dados, mas não deve ter sido muito diferente do que se passou com os concelhos.
Em cada uma das Reformas Administrativas levadas a cabo, o concelho de Barcelos sofreu grandes alterações. No mapa abaixo pode ver-se como era por volta de 1822, quase o dobro daquilo que é hoje.


Apenas 20 anos depois já o concelho de Barcelos tinha um aspecto completamente diferente, tal como se pode ver nesta imagem:


No que se refere à nossa freguesia de Macieira, é frustrante a exiguidade de informação existente na internet. E não havendo nada que nos faça acreditar no contrário, pode assumir-se que, ao longo dos últimos dois séculos, nada ou quase nada tenha mudado. Depois de publicada a Lei 11-A/2013, o concelho de Barcelos passou de 89 para 61 freguesias. As 28 extintas passaram, na pratica, a ser lugares daquelas que foram escolhidas para serem as sedes das novas freguesias criadas pela agregação.
Tomando por base a população residente, a maior freguesia é Arcozelo (13.375 Habitantes) e a mais pequena é Adães (739 Habitantes).
E tomando por base a área total da freguesia, a maior passou a ser Chorente (16,47 Kms2) e a mais pequena Silva (2,20 Kms2).
Quanto a Macieira, ocupamos o 21º lugar por número de habitantes (1.967) e o 15º lugar se considerarmos a área da freguesia (7,56 Kms2).
Já o concelho, este ocupa o 23º lugar a nível nacional em número de habitantes (cerca de 122.000).

sábado, 2 de novembro de 2013

Guerra contra a Barragem!


Há tempos que ando a tentar encontrar-me com o Leopoldino Fonseca para ouvir o seu relato da passagem pela Guerra Colonial, mas por uma ou outra razão ainda o não consegui fazer. Nos dois anos que ele passou em Moçambique esteve em 3 lugares tão distintos como Nova Coimbra, no Niassa, Chiringa, em Tete, e até Lourenço Marques, capital da província. Nova Coimbra era o mais civilizado aquartelamento militar do «Estado de Minas Gerais», assim chamado por serem tantas as minas com que a Frelimo brindava as nossas tropas. A sua proximidade com Metangula, onde existia a Base dos Fuzileiros, fazia com que fosse sofrível a vida naquele canto do mundo. Um pouco mais a norte, no Lunho, as coisas fiavam mais miudinho. Espero ter uma boa história para contar depois de falar com o Leopoldino.
Do período passado em Lourenço Marques não haverá muito a dizer, uma vez que na capital não havia o mínimo sinal de guerra. Mas outra coisa é falar de Tete, onde a guerra se tornou um inferno por causa da construção da barragem de Cabora Bassa. Desde 1968 a 1972 foram 4 anos de muita luta, muita determinação para levar por diante uma obra daquela envergadura. Antes de começarem as obras não havia praticamente nenhuma actividade da guerrilha, mas conforme  a construção avançava aumentava o esforço da Frelimo para prejudicar o andamento da obra. A guerrilha aumentou os seus efectivos naquela zona que se tornou o principal teatro de guerra em Moçambique, ultrapassando o de Cabo Delgado. O Malawi fechava os olhos à passagem dos guerrilheiros enquanto que a Zâmbia os apoiava abertamente. O governo português não teve outro remédio senão responder da mesma maneira e começou a deslocar para a zona grandes contingentes de tropa.


Foi preciso construir de raíz os aquartelamentos onde as nossas tropas deviam ficar acantonadas e, à boa moda portuguesa, eram os próprios soldados que deixando a G3 em descanso se armavam em pedreiros e trolhas para dar vida àquilo que seria o seu lar nos tempos mais próximos. Assim aconteceu em Chiringa, na margem esquerda do Zambeze, numa zona que se transformara num autêntico corredor usado pelos "turras" vindos do Malawi para criar dificuldades na zona da barragem. E para lá foi enviado, no início do ano de 1970, o Leopoldino onde passou muitos meses criando condições para os camaradas que os iriam substituir quando chegasse o seu tempo de dizer adeus à guerra. Quando me encontrar com ele espero ter algumas fotografias para vos mostrar as coisas como elas eram.