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sábado, 2 de novembro de 2013

Guerra contra a Barragem!


Há tempos que ando a tentar encontrar-me com o Leopoldino Fonseca para ouvir o seu relato da passagem pela Guerra Colonial, mas por uma ou outra razão ainda o não consegui fazer. Nos dois anos que ele passou em Moçambique esteve em 3 lugares tão distintos como Nova Coimbra, no Niassa, Chiringa, em Tete, e até Lourenço Marques, capital da província. Nova Coimbra era o mais civilizado aquartelamento militar do «Estado de Minas Gerais», assim chamado por serem tantas as minas com que a Frelimo brindava as nossas tropas. A sua proximidade com Metangula, onde existia a Base dos Fuzileiros, fazia com que fosse sofrível a vida naquele canto do mundo. Um pouco mais a norte, no Lunho, as coisas fiavam mais miudinho. Espero ter uma boa história para contar depois de falar com o Leopoldino.
Do período passado em Lourenço Marques não haverá muito a dizer, uma vez que na capital não havia o mínimo sinal de guerra. Mas outra coisa é falar de Tete, onde a guerra se tornou um inferno por causa da construção da barragem de Cabora Bassa. Desde 1968 a 1972 foram 4 anos de muita luta, muita determinação para levar por diante uma obra daquela envergadura. Antes de começarem as obras não havia praticamente nenhuma actividade da guerrilha, mas conforme  a construção avançava aumentava o esforço da Frelimo para prejudicar o andamento da obra. A guerrilha aumentou os seus efectivos naquela zona que se tornou o principal teatro de guerra em Moçambique, ultrapassando o de Cabo Delgado. O Malawi fechava os olhos à passagem dos guerrilheiros enquanto que a Zâmbia os apoiava abertamente. O governo português não teve outro remédio senão responder da mesma maneira e começou a deslocar para a zona grandes contingentes de tropa.


Foi preciso construir de raíz os aquartelamentos onde as nossas tropas deviam ficar acantonadas e, à boa moda portuguesa, eram os próprios soldados que deixando a G3 em descanso se armavam em pedreiros e trolhas para dar vida àquilo que seria o seu lar nos tempos mais próximos. Assim aconteceu em Chiringa, na margem esquerda do Zambeze, numa zona que se transformara num autêntico corredor usado pelos "turras" vindos do Malawi para criar dificuldades na zona da barragem. E para lá foi enviado, no início do ano de 1970, o Leopoldino onde passou muitos meses criando condições para os camaradas que os iriam substituir quando chegasse o seu tempo de dizer adeus à guerra. Quando me encontrar com ele espero ter algumas fotografias para vos mostrar as coisas como elas eram.

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