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sábado, 28 de fevereiro de 2015

A Casa do Povo!

Infelizmente, não tenho dados históricos para fazer aqui um trabalho como eu gosto, deixando para a posteridade um historial do que foi e como nasceu a nossa Casa do Povo. Deixem-me, por isso, transcrever para aqui alguns pedaços de legislação que ajudam a perceber como a coisa começou.
Lei 23051, de 22 de Setembro de 1933. 

Autoriza a criação em todas as freguesias rurais de organismos de cooperação social, com personalidade jurídica, denominados Casas do Povo, constituídos nos termos do presente decreto lei.
A partir do Decreto-Lei n.º 30 710, de 29 de Agosto de 1940, passaram a funcionar como instituições de previdência para o mundo rural. Em representação profissional dos trabalhadores e dos demais residentes na sua área»

Lei 2144, de 29 de Maio de 1969.

Promulga a reorganização das Casas do Povo e os regimes de previdência rural - Revoga o Decreto-Lei n.º 23051, continuando, porém, em vigor a sua legislação complementar e a legislação sobre as federações das Casas do Povo em tudo o que não contrarie as disposições da presente lei.
As Casas do Povo são organismos de cooperação social, dotados de personalidade jurídica, que constituem o elemento primário da organização corporativa do trabalho rural e se destinam a colaborar no desenvolvimento económico-social e cultural das comunidades locais, bem como a assegurar a representação profissional e a defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores agrícolas e a realização da previdência social dos mesmos trabalhadores e dos demais residentes na sua área.

Portanto, segundo reza a lei, a partir de 1933 poderia ser fundada a Casa do Povo da nossa freguesia. O porquê de isso só ter acontecido em Novembro de 1937 não sei explicar, mas alguém que more em Macieira e recorrendo à memória dos mais velhotes que ainda são deste mundo, talvez possa dar uma ajuda. Descobri, hoje, que a Casa do Povo até tem uma página no Facebook e tudo. Pergunto-me porque não constará lá a história desse organismo e as fases porque passou ao longo da História.
Vivi em Macieira apenas os primeiros 11 anos da minha vida e não guardo, por conseguinte, grande memória das gentes e das coisas da minha freguesia de nascença. Num tempo em que não havia Cafés por toda a freguesia, como há agora, a Casa do Povo era realmente a casa onde o povo se encontrava para conviver ou tratar de assuntos do interesse comum. Aos domingos à tarde, antes e depois da reza, era ali que os homens se entretinham, enquanto os afazeres diários os não obrigavam a recolher aos seus lares.
Mais que uma vez assisti à projecção de filmes, como os Pastorinhos de Fátima e outros de que já não recordo os nomes. Só não consigo perceber as razões porque o grupo de teatro que levou à cena algumas peças, em que também participei, não utilizava aquele espaço para o fazer.
Pelo que me é dado perceber, a actividade da nossa Casa do Povo é pouco menos que inexistente, uma vez que não serve de "Café", nem de consultório médico às gentes da nossa terra. E é pena, que o edifício é muito bonito e o espaço presta-se para uma grande variedade de eventos. Até a Junta de Freguesia saiu de lá e foi para um lugar muito menos nobre. Ao menos poupavam na renda se ali se tivessem mantido.


sábado, 21 de fevereiro de 2015

Macieira de Rates!

Não tive muito sucesso com a minha última publicação. Além de não aparecer ninguém com vontade de deixar um comentário escrito para animar a malta, também as visitas foram, em geral, poucas. E depois, no Google continua a não aparecer nada. Talvez dependa do título que dou à mensagem e, em consequência disso, dei a esta o título que podem ver.
Seja como for, não me resta outra alternativa a não ser seguir em frente e publicar tudo que puder sobre a nossa freguesia para ver se acordo o monstro. Ora cá vai mais uma série de fotografias com as respectivas notas.

Altar da Capela dos Passos

Capelinha do Senhor dos Passos

Altar de S. Tiago na igreja paroquial


Andor de S. Tiago no dia da festa

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Falta de publicidade!

Estou farto de pesquisar no Google sobre Macieira e nada. Pelos vistos não há ninguém que escreva seja o que for sobre a nossa terra. Pois bem, vou começar eu a escrever umas linhas e publicar umas imagens, servindo-me deste blog como veículo para levá-las até ao Google, e veremos se começa ou não a aparecer quando se fizer uma pesquisa usando o topónimo Macieira ou Macieira de Rates.
E vou começar por falar em algo que poderá ser uma novidade para os mais jovens, o uso do milho como principal alimento dos velhos tempos. Hoje semeia-se milho para fazer silagem para o gado leiteiro ou para alimentar aves de capoeira, os macieirenses alimentam-se de pão de trigo que é importado do estrangeiro. Antigamente as famílias coziam a fornada de broa de milho para toda a semana. Havia pão na masseira 24 horas por dia e 7 dias por semana. À falta de coisa melhor comia-se broa. Quando o caldo de couves galegas era "rarinho" esmigalhava-se lá para dentro um pedaço de miolo do dito pão de milho e viva o velho.
Em Macieira cultivava-se o milho antes de mais nada. A riqueza de um lavrador media-se em pipas de vinho e carros de pão, tudo o resto era acessório. Havendo milho, o que faltava para se chegar ao pão? Uma azenha para o moer, claro está. E azenhas era o que não faltava em Macieira, embora o rio fosse tão pequeno que parecia impossível ser capaz de mover as mós de pedra que trituravam o milho e o transformavam em farinha. E no verão, quando a água escasseava, recorria-se a um motor a gasóleo para as fazer girar. Sem pão é que ninguém podia ficar.
Começando de montante para jusante, a primeira azenha era a do Tio Avelino Mariano que durante os primeiros onze anos e meio da minha vida moeu o milho e centeio para fazer o pão com que matei a fome. Hoje não falta nada aos meninos que vão para a escola, desde um croissant com fiambre ou chocolate a um queque ou bolo de arroz, no meu tempo havia um naco de broa na sacola feita de linhagem e era um pau. Na hora de lhe meter o dente, não era raro comer algum fio de cânhamo que se tinha desprendido da sacola e grudado no pão.
Depois havia a azenha do Sá, a do Lobar, a de Verdeal e ainda uma no lugar do Carreiro que, tanto quanto me lembro, era a última antes de o pequeno riacho entrar na freguesia de Balazar, já no concelho da Póvoa de Varzim, e entregar as suas águas ao rio Este que as leva ao rio Ave para este as carregar até ao oceano Atlântico.
Abaixo deixo algumas fotos para dar uma pouco de beleza às minhas palavras e ajudar os que nunca viveram em Macieira de Rates a perceber aquilo que tento descrever.

Em Gueral, a caminho da azenha do Mariano

Na estrada que vai para o Monte do Adro

Azenha do Lobar

O abandono na azenha de Verdeal

Caminho para a azenha da foto acima

Rio Cudado no lugar do Carreiro