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sábado, 14 de fevereiro de 2015

Falta de publicidade!

Estou farto de pesquisar no Google sobre Macieira e nada. Pelos vistos não há ninguém que escreva seja o que for sobre a nossa terra. Pois bem, vou começar eu a escrever umas linhas e publicar umas imagens, servindo-me deste blog como veículo para levá-las até ao Google, e veremos se começa ou não a aparecer quando se fizer uma pesquisa usando o topónimo Macieira ou Macieira de Rates.
E vou começar por falar em algo que poderá ser uma novidade para os mais jovens, o uso do milho como principal alimento dos velhos tempos. Hoje semeia-se milho para fazer silagem para o gado leiteiro ou para alimentar aves de capoeira, os macieirenses alimentam-se de pão de trigo que é importado do estrangeiro. Antigamente as famílias coziam a fornada de broa de milho para toda a semana. Havia pão na masseira 24 horas por dia e 7 dias por semana. À falta de coisa melhor comia-se broa. Quando o caldo de couves galegas era "rarinho" esmigalhava-se lá para dentro um pedaço de miolo do dito pão de milho e viva o velho.
Em Macieira cultivava-se o milho antes de mais nada. A riqueza de um lavrador media-se em pipas de vinho e carros de pão, tudo o resto era acessório. Havendo milho, o que faltava para se chegar ao pão? Uma azenha para o moer, claro está. E azenhas era o que não faltava em Macieira, embora o rio fosse tão pequeno que parecia impossível ser capaz de mover as mós de pedra que trituravam o milho e o transformavam em farinha. E no verão, quando a água escasseava, recorria-se a um motor a gasóleo para as fazer girar. Sem pão é que ninguém podia ficar.
Começando de montante para jusante, a primeira azenha era a do Tio Avelino Mariano que durante os primeiros onze anos e meio da minha vida moeu o milho e centeio para fazer o pão com que matei a fome. Hoje não falta nada aos meninos que vão para a escola, desde um croissant com fiambre ou chocolate a um queque ou bolo de arroz, no meu tempo havia um naco de broa na sacola feita de linhagem e era um pau. Na hora de lhe meter o dente, não era raro comer algum fio de cânhamo que se tinha desprendido da sacola e grudado no pão.
Depois havia a azenha do Sá, a do Lobar, a de Verdeal e ainda uma no lugar do Carreiro que, tanto quanto me lembro, era a última antes de o pequeno riacho entrar na freguesia de Balazar, já no concelho da Póvoa de Varzim, e entregar as suas águas ao rio Este que as leva ao rio Ave para este as carregar até ao oceano Atlântico.
Abaixo deixo algumas fotos para dar uma pouco de beleza às minhas palavras e ajudar os que nunca viveram em Macieira de Rates a perceber aquilo que tento descrever.

Em Gueral, a caminho da azenha do Mariano

Na estrada que vai para o Monte do Adro

Azenha do Lobar

O abandono na azenha de Verdeal

Caminho para a azenha da foto acima

Rio Cudado no lugar do Carreiro

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