Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

domingo, 30 de junho de 2013

Personagens de Macieira - O meu Padrinho!

Muitas coisas me ligam à família do Couto, especialmente à do Tio Manel do Couto que foi o meu padrinho de baptismo. Ontem, durante a romagem ao cemitério que fizemos no decorrer do convívio dos «Combatentes de Macieira», tirei uma fotografia à campa onde está sepultado. A primeira coisa que me chamou a atenção foi o nome. Claro que eu não sabia o se nome completo, mas supunha que se chamasse "qualquer coisa" do Couto. Pois estava redondamente enganado, porque o seu nome é Manuel dos Santos Oliveira.
De conversas ouvidas em casa dos meus pais sabia que esta família que tem várias ramificações em Macieira descendia do Tio João do Couto que morava em Penedo (espero que a memória me não atraiçoe, mas conto com os leitores para deixarem um comentário corrigindo-me se estiver enganado). A sua descendência espalhou-se por vários lugares de Macieira. Sem garantias de lembrar-me de todos sei, por exemplo que havia um António no lugar do Outeiro, um Zacarias e uma Alexandrina no Carreiro, um João em Penedo, além do Manuel (meu padrinho) no lugar de Travassos.
O meu pai, nascido em Gueral, trabalhou em casa do Loureiro quase até ir para a tropa. De lá mudou-se para casa do meu padrinho e por lá andou no trabalho da lavoura até se casar. Aí começou a nossa ligação e daí veio a causa de se tornar meu padrinho. Quando nasci, o meu pai comentou que me queria baptizar mas não sabia a quem recorrer para ser o meu padrinho. Isto chegou aos ouvidos do homem que, segundo o que se dizia à boca pequena, tinha mais afilhados em Macieira. Mandou-o chamar lá a casa e perguntou-lhe:
- Ouvi dizer que queres baptizar o teu filho.
- É verdade, Sr. Manuel.
- E que não sabes quem há-de ser o padrinho do rapaz.
- Também é verdade. Sabe, eu não gosto de incomodar ninguém nem andar a pedir favores.
- Pois não te preocupes mais com isso. Esse teu problema já está resolvido, vou ser eu o padrinho que precisas e com muito gosto.
- Fico-lhe muito agradecido.
- Mas há uma condição, tem que chamar-se Manuel como eu.
- Ora isso não é problema. Para mim António ou Manuel, João ou Joaquim, qualquer me serve.
- Pronto, então estamos combinados, fala com o padre e depois avisa-me da data.
Assim simples e directo, como ele gostava de ser em tudo que fazia. Quando chegava a Páscoa era uma alegria ver os afilhados a sair de casa dele com as maiores roscas que se viam em macieira. O padeiro fazia bom negócio com ele, tanto pelo tamanho das roscas como pela quantidade que lhe vendia. Ou seja, era uma festa para os afilhados e para o padeiro também.
Depois chegou a hora de entrar na Escola Primária e quem havia de ser a minha professora? Nem mais nem menos que a Professora Alexandrina, irmã do meu padrinho. A minha relação com ela nem sempre foi pacífica, mas não me posso queixar dos seus métodos de ensino. Acho que aprendi aquilo que tinha que aprender para continuar os estudos depois de ter feito o exame da 4ª Classe, em Barcelos.
Mais tarde fui estudar para um Colégio de Jesuítas, por influência do Padre José Novais, e nas férias acompanhava o David (filho do meu padrinho) para todo o lado. Mais velho que eu uns 4 ou 5 anos era assim uma espécie de patrono ou protector. Por vezes levava-me para casa dele e a sua mãe enchia-me o bandulho, sabendo que em casa dos meus pais havia mais bocas que comida.
Durante os anos que passei no colégio dos Jesuítas, o meu padrinho sofreu uma trombose que se repetiria algum tempo depois e acabaria por falecer no dia 6 de Dezembro de 1958 com 60 anos de idade. Depois disso a vida levou-me por outros caminhos e nunca mais vi nem tive qualquer ligação com a sua família. Ontem, sentei-me ao lado do David, à mesa do almoço, e tentámos recuperar um pouco do tempo perdido pondo as nossas memórias comuns em ordem.
E termino esta mensagem que já vai um pouco longa demais, deixando aqui uns recortes da fotografa que fiz no cemitério, contribuindo assim para que a sua memória prevaleça no tempo e no espaço.



sábado, 29 de junho de 2013

O Pimpa!

Esta era a alcunha de um dos meus amigos de brincadeiras do tempo da escola primária, o Quim do Matos do Outeiro (filho do Tio Manel do Matos). Como saí de Macieira em 1955 para ir estudar e muito poucas vezes lá voltei, nunca mais me cruzei com ele. Há cerca de dois ou três anos encontrei casualmente a sua esposa quando atravessava Macieira vindo de Barcelos (coisa que faço com alguma frequência). Nessa altura fui informado do crítico estado de saúde do meu amigo que tinha sido atingido pela maldita doença do cancro.
Hoje, ao entrar na sala da Casa do Povo onde estavam expostas as fotos dos combatentes, avistei a foto de um marinheiro brilhando no meio de dezenas de fotos em fato camuflado que se espalhavam pelas paredes. Aproximei-me curioso e fiquei de boca aberta ao reconhecer o meu amigo de brincadeiras. Não fazia a mínima ideia que ele tinha sido marinheiro.

Joaquim da Silva Matos
Nascido a 23 de Julho de 1942
Falecido a 17 de Outubro de 2011

Claro que quis saber tudo que a ele e à sua passagem pela Marinha diz respeito, mas não houve ninguém que conseguisse satisfazer a minha curiosidade. Falei com a viúva que nada me soube dizer, a Caderneta Militar há muito se perdeu nos meandros da vida atribulada que ele viveu. Soube que deixou também 4 filhos e uma filha e rezo para que algum deles acabe por se lembrar de algo que possa esclarecer as minhas dúvidas. Sim porque não vou descansar enquanto não souber tudo sobre o tempo que passou na Marinha.
Se algum dos filhos vier a ler estas linhas apresento-lhe os meus sentidos pêsames e quero que saiba que eu e o pai nos divertimos a valer quando éramos crianças. E isso não há nada que o possa mudar!
N.B. - Acabei de enviar um pedido a um amigo que tenho na Marinha para ver se me descobre os dados da passagem do Quim pela Marinha de Guerra e da sua comissão de serviço em Angola. A título de registo deixo aqui a filiação do meu amigo (Manuel da Silva Matos e Alexandrina Ferreira da Silva).

Matar a sede na Fonte de Crujes!

Hoje, na minha deslocação a Macieira, dei um saltinho à Fonte de Crujes por ser um lugar com forte ligação à minha meninice.


Na minha memória havia um pequeno riacho que atravessava o caminho que liga o lugar do Outeiro a Talho. Para os transeuntes não molharem os pés (ou os sapatos, para quem os tinha) havia uma série de pedras estrategicamente colocadas que permitiam  a travessia sem grandes problemas.


Mas o que encontrei deixou-me completamente surpreso. Foi construido um pontão sobre o qual passa a rua, cerca de dois metros acima do leito do rio, e que dá um aspecto muito diferente a todo o conjunto.


Quanto à fonte propriamente dita não posso tecer grandes considerações. Um espesso manto de ervas cobre-a por completo e posso apenas supor que continua lá. Com água ou sem ela, potável ou imprópria para consumo é coisa que não pude comprovar.


O Rio do Souto que vem dos lados de Penedo e se junta ao Rio Codade no Lobar não é mais que um fio de água que quase desaparece no verão. Deslizava ao lado da Fonte de Crujes, sem nada ter a ver com esta e seguia o seu curso tranquilamente. Ao lado continua a passar e com certeza recebe a água que brota daquela fonte, e ninguém agora aproveita, engrossando um pouco o seu caudal que despeja no Codade que o leva até ao Este e este entrega ao Ave para o levar até ao mar, em Vila do Conde.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O dia da partida!


Em 1962 não havia ainda navios transporte de tropas organizados como haveria alguns anos mais tarde, quando era preciso enviar homens aos milhares para os 3 teatros de guerra. Quando chegou a minha vez de partir para Moçambique houve que recorrer aos serviços da FAP e fretar um avião para levar a Companhia de Fuzileiros Nº 2 em grupos de 40 homens de cada vez. A mim calhou-me fazer parte do 3º lote que saíu do aeroporto militar de Lisboa no dia 2 de Novembro.
Estava uma manhã fria naquele Dia de Todos os Santos e caía uma chuva miudinha. Enfarpelados com a roupa de inverno entramos no avião e partimos, por volta do meio dia, rumo a Bissau. Quando lá chegamos, ao fim da tarde, fazia um calor que derretia até os nossos miolos. Impossibilitados de mudar de roupa foi o primeiro grande sacrifício que tivemos que aguentar na nossa recém-iniciada comissão de serviço.
Infelizmente não seria o último nem o pior de todos eles.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Concelho de Barcelos - Mortos em Campanha!

Abade Neiva 2
Airó 1
Alheira 3
Alvelos 2
Alvito (S.Martinho) 1
Alvito (S.Pedro) 1
Arcozelo 3
Areias S.Vicente 1
Balugães 1
Barcelinhos 2
Campo 1
Carapeços 1
Carreira 4
Chavão 1
Cossourado 1
Cristelo 3
Faria 1
Fragoso 3
Galegos (S.Maria) 1
Galegos (S.Martinho) 3
Gueral 1
Lama 1
Lijó 1
Macieira de Rates 1
Mariz 1
Martim 1
Midões 2
Minhotães 1
Palme 1
Perelhal 3
Pousa 1
Remelhe 2
Rio Covo (S.Eulália) 4
Roriz 1
Silva 1
Silveiros 2
Tamel (S.Leocádia) 2
Tamel (S.Veríssimo) 5
Ucha 2
Várzea 1
Viatodos 1
Vila Boa 1
Vila Cova 2
Vila Frescainha (S.Martinho) 1
Vila Seca 2
Vilar de Figos 1
Vilar do Monte 2

Lista dos mortos (80 no total) na Guerra do Ultramar (ou Guerra Colonial) do Concelho de Barcelos ordenada por freguesias, conforme publicação no site UTW.

Ai que fome!


Nem só de tiros e rebentamento de minas se fez a guerra em Moçambique. Muito trabalho para ter instalações condignas e muita fominha porque o abastecimento era uma verdadeira dor de cabeça e nem sempre os mantimentos chegavam quando eram necessários.
Não posso esquecer-me de um período (durante o ano de 1967) em que ficamos isolados, com as estradas todas cortadas e a Força Aérea como único recurso para sermos abastecidos. O número reduzido de aviões que pudesse operar em pistas pequenas e uma avaria pontual fizeram com que ficássemos cerca de seis semanas sem abastecimento e o resultado via-se nitidamente no nosso paiol de géneros. Já só lá havia farinha, bacalhau e massa e o Cabo do Rancho e o Cozinheiro não sabiam o que apresentar na hora da refeição.
Valeu-nos a grande prodigalidade do Lago Niassa, no que refere à abundância de peixe e a habilidade do cozinheiro com os temperos para conseguirmos mitigar a fome. Mas mesmo assim não era coisa que nos mantivesse o físico em boa forma. Basta olhar para a foto acima para perceber isso!

Em memória do Geraldino!


Nasceu em Macieira, no ano de 1947, e foi morrer em Angola, nesta pequena vila próxima do Uíge (antiga Carmona). Como já referido numa mensagem anterior, o Geraldino foi o único filho da nossa terra que deixou a vida no Ultramar Português, embora não tenha caído em combate, mas antes vítima de um acidente em serviço. Numa manobra mal executada pelo condutor do Unimog em que seguia, foi projectado para fora da viatura batendo com a cabeça no asfalto com grande violência o que lhe veio a causar a morte.
Segundo informações que recebi, está sepultado no cemitério de Macieira e será visitado na romagem ao cemitério que faremos no próximo sábado.

domingo, 23 de junho de 2013

UltramarTerraWeb - Mapa do site

Para quem estiver interessado em assuntos sobre a Guerra do Ultramar ou notícias sobre os ex-combatentes.
Serve isto também de homenagem ao GERALDINO DA COSTA E SILVA, único macieirense vitimado por esta guerra (Angola - 30/08/69), cuja notícia encontrei neste site.

Apresentação de fotografias!


Gostava de perceber mais disto, mas se calhar já vou atrasado para aprender. Tenho andado às voltas com a questão das fotografias sem descobrir a solução ideal. Pedi alguns conselhos a quem sabe mais que eu, mas também não me dei bem. Voltei às minhas experiências e tentativas e parece que consegui algo aceitável.
Na coluna lateral aparecem duas hiperligações para Imagens. Uma leva-vos para o Sky Drive da MSN e a outra para o Google Drive. Vou deixar isto assim por uns tempos até se provar qual funciona melhor. Para tanto gostaria de ouvir os vossos comentários sobre o assunto.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Aviso à navegação!


Tive que fazer uma série de alterações por causa das fotos que, por razões que ainda não descobri, não podiam ser vistas. Acabei por repetir o carregamento dos dois álbuns no Sky Drive (da MSN) e parece que agora já se conseguem ver. Os dois links dão o mesmo resultado, mas por agora vou deixar a coisa assim até ver como isto evolui.
Outra coisa ainda é a questão dos seguidores. Tive que alterar para seguidores em geral, em vez de seguidores do Google+ para não deixar o acesso limitado aos clientes da Google. Mas gostava de ver os visitantes registarem-se como seguidores para eu saber quem anda por aqui. Posso contar com a vossa boa vontade?

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Serviço de guarda!

A estadia na cidade pressupunha o serviço de guarnição às Unidades de Marinha, de que o Comando Naval de Moçambique era a primeira de todas. As imagens retratam um dia de guarda no Comando Naval. Na primeira vê-se o filho de um dos meus superiores que veio até junto de mim e me pediu para segurar na G3. A sua altura pouco excedia a da arma mas sentia-se feliz da vida a segurar nela. Por vezes dou comigo a pensar por onde andará hoje. Na altura teria uns 8 anos, hoje deve estar a chegar aos 60.
Na segunda foto vê-se o render da guarda. A o domingo a guarda usava a farda branca e durante o resto de semana o fato camuflado, razão pela qual se vêem militares fardados de modo diferente.
No plano de fundo da segunda imagem pode ver-se a Baía do Espírito Santo, Em Lourenço Marques.


O fuzileiro e o aprendiz

O render da guarda

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A ida à missa!


Nos primeiros anos de comissão, muito antes de começar a guerra de guerrilha em Moçambique, a vida na cidade de Lourenço Marques era uma cópia daquilo que se passava cá na Metrópole. Em alguns casos um poucochinho melhor até, pois tínhamos algumas regalias que aqui não seriam possíveis. E depois a relação entre oficiais, sargentos e praças era muito mais facilitada em terras africanas.
A imagem acima retrata um grupinho, de que eu fazia parte, que todos os domingos de manhã se deslocava à igreja de S.José de Lhanguene para assistir à missa, coisa que muitas vezes motivava a chacota dos mais maçónicos que nos brindavam com umas piadas pouco católicas.

Navegar através do mato!

O Lago Niassa é um verdadeiro mar. Dizem que tem tantas milhas de comprimento como dias tem um ano e tantas de largura como as semanas desse mesmo ano. É muita água!
Mas toda essa água sem navios que nela possam navegar é um autêntico bicho de sete cabeças. A Marinha de Guerra Portuguesa construiu uma belíssima Base Naval nas margens desse lago e levou para lá uma pequena lancha, de seu nome Castor, que era tudo que havia quando lá cheguei em 1964.
Mas conforme a guerra foi aumentando de ritmo e mais e mais efectivos se iam envolvendo nela, tanto do Exército como da Marinha, tornou-se necessário levar para o lago algumas lanchas de fiscalização e de desembarque que pudessem transportar e dar apoio às nossas tropas envolvidas no conflito. Foi durante os anos de 1966 e 1967 que se pôs em prática um mirabolante plano de levar, em cima de um comboio e depois em camiões, uma série de lanchas de um e outro tipo. Foi uma autêntica epopeia a viagem através da selva carregando uns bicharocos daquele tamanho.
Todos os militares portugueses que fizeram a Guerra do Ultramar nas margens do Lago Niassa as conhecem e muitos deles nelas viajaram de um lado para o outro. E não menos importante, foram ainda essas lanchas que garantiram o abastecimento a muitos postos avançados quando as estradas minadas não permitiam o acesso de camiões. Depois da independência lá ficaram para o pessoal da Frelimo as usar a seu bel-prazer.






A minha guerra em imagens!

Vila Cabral, Niassa, Moçambique - Ano de 1967
Unimog do Exército depois de ter pisado uma mina




Outubro de 1965
A bordo do Niassa - Navio de Transporte de Tropas
A caminho de Moçambique para a 2ª comissão de serviço

terça-feira, 18 de junho de 2013

Imagens da minha terra!


Altar-Mor da Igreja paroquial de Macieira


Casa e capela no Lugar do Rio

Casa e Alminhas da Fareleira


Igreja Paroquial de Macieira


Capela do Lugar de Penedo


Alminhas da Rua da Pinguelinha

domingo, 16 de junho de 2013

Coisas marcantes de Macieira!

Há muito tempo que não visitava a minha terra natal e decidi ir até lá e fazer umas fotografias dos lugares mais marcantes. No Google podem encontrar-se milhões de fotografias de tudo e mais alguma coisa. Eu sei que Macieira não tem nada a ver com Paris ou Roma, mas esperava encontrar mais algumas fotos quando fiz a minha pesquisa. Uma da igreja, outra da Junta de Freguesia e ainda uma outra da bomba de gasolina que abriu em frente da Junta foi tudo que lá encontrei. Para além de meia dúzia delas da equipa de futebol e duns ciclistas todo o terreno que por lá gostam de pedalar. Vou tentar dar o meu contributo para melhorar isso.


Em primeiro lugar a Fonte do Outeiro que é (ou foi) um dos lugares mais marcantes da minha infância. Nos velhos tempos era um corrupio no bebedouro do gado e bosta por todo o lado. Hoje as vaquinhas bebem em casa, já nenhuma mulher vai lavar a roupa na poça que existe ali ao lado, enfim, está tudo ao abandono. Espero que a água continue a ser potável e uma das melhores da freguesia.


Uma coisa que sempre me fez alguma confusão é fazerem a festa a S.Tiago sendo o S.Adrião o orago da freguesia. Por falar nisso falta cerca de um mês para a festa anual em honra de S.Tiago e vou fazer os possíveis por ir até lá e ver como correm os festejos. E poderei arranjar mais algumas fotos para aqui publicar e serem apreciadas por quem as procura no Google.

sábado, 15 de junho de 2013

Moçambique - no mato!


A minha guerra, em zona de campanha, foi toda feita no distrito do Niassa, norte interior de Moçambique. A Marinha de Guerra Portuguesa construiu uma Base Naval nas margens do Lago Niassa e quando a guerra estourou, em Setembro de 1964, começou a guarnecê-la com Unidades de Fuzileiros, Lanchas de Desembarque e de Fiscalização.
Na noite de 24 para 25 de Setembro de 1964 foi transportado de avião, de Lourenço Marques para Vila Cabral, um pelotão de fuzileiros navais para fazer a guarnição da Base Naval e protegê-la de eventuais ataques da Frelimo. Eu tive a honra de fazer parte desse primeiro contingente de fuzileiros que pisou aquelas terras e tive o meu baptismo de fogo no dia 9 de Janeiro de 1965, quando incorporado numa patrulha formada por 10 homens caímos numa emboscada. Por sorte, apenas o nosso guia, um negro moçambicano, caiu ceifado por dois tiros certeiros.
Em meados de 1966, voltei a percorrer o mesmo caminho e passei cerca de 15 meses em Metangula. Em Metangula é uma forma de dizer, pois eram contínuas as saídas em operações, quer em terra quer embarcado dando protecção ou transportando outras tropas. A foto acima foi tirada numa tabanca enquanto fazíamos "psico" junto da população.

Moçambique - na cidade!


Dos 5 anos que passei em Moçambique uma grande parte passei-o na capital Lourenço Marques ou navegando pela costa em patrulha. Guerra ali não havia e a dificuldade estava em aturar os oficiais sempre carentes de salamaleques e continências e prontos para aplicar um castigo se as não recebessem.
Guardas de honra e paradas militares era o pão nosso de cada dia. E muito embora estivéssemos num país em guerra, era de ponto em branco que tínhamos que formar e raramente se usava o fato camuflado. Por essa razão e esquecendo um pouco o perigo de vida que se corria, era mais fácil a vida no mato que na cidade.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Encontros no Ultramar!


Na foto acima, tirada no Cobué/Niassa/Moçambique, no ano de 1967, apareço ao lado do Gabriel Moreira que foi o único Macieirense com quem me cruzei durante a Guerra do Ultramar.

Querem conhecer-me?

Produto da união entre o Ti Antone Canano e da Tia Rita da Eusébia, eu nasci no lugar do Outeiro, no dia 9 de Março de 1944, tendo sido minha parteira e madrinha de baptismo a Tia Clementina do Junqueiro
Entrei na Escola Primária no ano de 1951, na sala que funcionava por cima da sacristia e em que era professora a D.Alexandrina do Couto. Foram meus colegas de turma (alguns de que me lembro):



Armando do Alveitar
Quim do Salvador
Quim do Raul
Tone Pitoilo
Quim Pimpa
Amaro do Matos
Serafim Farinheiro
Delfim do Silvestre
Luciano do Mouro
Geraldino do Padrão
Jaime de Travassos
Quim do Santos

Depois de sair da Escola Primária, com a ajuda do Padre Zé da Fareleira, fui para o Colégio dos Jesuítas, em Cernache/Coimbra, onde fiquei até ao fim do 4º ano. Depois disso, estudei ainda mais um ano no Colégio D.Nuno, na Póvoa de Varzim, completando o 5º Ano do Liceu. Com 16 anos de idade dei entrada na vida real, no mundo do trabalho.
Insatisfeito com o emprego conseguido numa empresa têxtil de Vila do Conde, ofereci-me voluntário para a Marinha de Guerra Portuguesa. No fim do ano de 1962 já estava em Moçambique, onde acabei por cumprir duas comissões de serviço, regressando à Metrópole na primavera de 1968.
E foi assim que me tornei um «Combatente do Ultramar» e acabei por ser convidado para o 1º Convívio de Combatentes do Ultramar que se vai realizar no dia 29 de Junho, na Casa do Povo de Macieira de Rates.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Por algum lado se começa!


No próximo dia 29 vai realizar-se, em Macieira, o 1º Convívio de Combatentes do Ultramar. Criei este blog para permitir a publicação de notícias e fotos que tenham a ver com este evento. Quero ver se alguém o descobre e faz algum comentário!