Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Pobre rio!


Entre Goios, onde nasce, até Macieira, onde "quase" desagua, o nosso rio atravessa de uma ponta à outra a freguesia de Chorente. Há dias publiquei uma foto bem bonita do lugar onde ele entra na nossa terra, mas hoje pesa-me ter que mostrar o outro lado da coisa, um rio totalmente poluído. Alguma fabriqueta que está a despejar água suja no rio sem que ninguém se preocupe com isso. Pode até nem ser tóxico, mas bonito também não é.


Este até podia ser um lugar idílico. Um passeio empedrado à moda romana com o rio a correr ao seu lado bem podia dar um belo postal ilustrado para promover a freguesia de Chorente. Mas obstruído como está por ervas e outras porcarias e a água carregada de poluição é um autêntico desastre. Fechando os olhos consigo ver um riozinho de águas cristalinas, ladeado por um passeio bem tratado por onde se passeia um casal de namorados numa tarde de domingo. Mas ao abri-los vejo apenas um canal de esgoto a céu aberto.


Coisa estranha também é o rio ter maior caudal em Chorente que em Macieira, pois seria normal que este fosse aumentando conforme o rio se vai afastando da sua nascente. Mas numa altura em que o milho agradece todas as pingas de água que pode receber, eu acredito que a água encontra melhor destino do que ir simplesmente engrossar o caudal do rio Este. E os milheirais de Gueral e Macieira agradecem.

domingo, 27 de outubro de 2013

Combatentes - Manuel Silva!

Nome - Manuel Alves da Silva
Nascido em - 9 de Março de 1944
Incorporado em - 10 de Março de 1962
Ramo das F.A. - Marinha
Classe - Fuzileiros
Matrícula - 8079/62
Posto - Marinheiro
1ª Comissão:
Mobilizado em - 2 de Novembro de 1962
Unidade - Companhia de Fuzileiros Nº 2
Destino - Moçambique
Transporte - Avião da FAP
Regresso - 11 de Abril de 1965
Transporte - Navio Infante D.Henrique
2ª Comissão:
Mobilizado em - 15 de Outubro de 1965
Unidade - Companhia de Fuzileiros Nº 8
Destino - Moçambique
Transporte - Navio Niassa
Regresso - 20 de Março de 1968
Transporte - Navio Vera Cruz


A minha passagem pela guerra teve um pouco de tudo. Na primeira comissão, quando não havia ainda sinais da guerra que começaria apenas no fim do mês de Setembro de 1964, foram dois anos de autênticas férias na capital Lourenço Marques. Fazer serviço de rotina no aquartelamento, situado nos arredores da cidade, manter o físico em ordem e namorar tudo que fosse possível. Que se podia esperar de um jovem que ainda nem 20 anos de vida tinha completado?
Faltava pouco para terminar a comissão e regressar a Lisboa quando rebentou a bomba. Uma cena de tiros contra um Posto Administrativo no distrito de Cabo Delgado e umas rajadas de metralhadora contra uma Lancha de Fiscalização no Lago Niassa acabaram com a "dolce-vita" que durava há dois anos. Depois de recebida a ordem do Comando Naval demorou menos de 3 horas para um pelotão completo se apresentar no aeroporto e rumar a Vila Cabral, capital do distrito do Niassa. Tão séria era a ameaça, ou assim foi tomada pelo nosso governo, que até o Almirante Comandante Naval nos acompanhou nessa viagem.
A vila de Augusto Cardoso, mais conhecida entre nós pelo nome original de Metangula, não tinha mais que a Base da Marinha, um Posto Administrativo e uma Cantina que vendia aos habitantes da zona os bens de primeira necessidade, além de um amontoado de palhotas onde viviam umas poucas centenas de pessoas. Aí permaneci até ao fim de Janeiro de 1965 sem ter sentido quaisquer sinais de guerra. Se havia por lá alguns membros da Frelimo, eles faziam tudo para não se deixarem ver. Eles de um lado e nós do outro, vivíamos a nossa vida na paz dos anjos.


No dia 9 de Janeiro de 1965, a lancha de fiscalização Castor dirigiu-se a uma povoação costeira, junto da fronteira com o Tanganica (era assim que se chamava nessa altura), para uma acção de «busca e controlo» ordenada pela PIDE. Um guia nativo, uma secção de fuzileiros, composta por 9 homens, comandada por um oficial de baixa patente, a tripulação da lancha, composta de 6 homens, o comandante da Base da Marinha e um agente da referida polícia política eram as forças em presença naquela praia, nesse dia.
Com o guia e o agente da PIDE a abrir a marcha e os fuzileiros a garantir-lhes a segurança, e a lancha ainda aproada à areia da pequena praia, foi desencadeado um tiroteio que podia ter ditado a morte de muitos de nós. Dois ninhos de metralhadoras, estrategicamente colocados em pontos altos de frente para a margem do lago, se manejados por mãos experientes poderiam ter feito grandes estragos entre os 12 homens que se encontravam em terra. Felizmente não acertaram em ninguém e só na altura do reembarque, quando já ninguém contava com eles pensando que teriam fugido após as primeiras rajadas, acertaram dois tiros no nosso guia que não resistiu aos ferimentos. O Comandante achou que não íamos preparados nem valia a pena, pois o risco era grande, ir em perseguição dos "turras" e deu ordem de retirada.


A mesma secção de fuzileiros, numa acção semelhante alguns dias depois, abateu um negro que se pôs em fuga quando foi mandado parar. Carregava um grande fardo à cabeça e suspeitou-se que pudessem ser armas ou munições, afinal não passava de um grande cesto cheio de mandioca. Se tivesse obedecido à ordem, nada lhe teria acontecido.
Tanto quanto recordo e pelo que ouvi contar, foram estes dois negros as primeiras vítimas da guerra no distrito do Niassa, noroeste de Moçambique. Alguns dias depois fomos rendidos por um Destacamento de Fuzileiros Especiais e regressámos a Lourenço Marques para preparar a viagem de regresso a Lisboa. Em Outubro desse mesmo ano, eu estaria de regresso a Lourenço Marques para uma nova comissão de dois anos, mas isso é outra história que fica para contar mais tarde.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

De novo à beira da guerra!

Num momento em que Moçambique enfrenta de novo a possibilidade de entrar em guerra, guerra civil para piorar as coisas, achei por bem trazer aqui um pequeno texto que encontrei na internet sobre a História de Moçambique, até à sua independência. É de facto muito resumido, mas tudo que se possa encontrar, com dados mais ou menos fidedignos, deve ser aproveitado. Aqui fica para quem se interessar pelo assunto.


A partir do século três e nos seguintes, os povos que ocupavam o território, dedicavam-se à caça e à pesca. O território foi depois invadido por vários humanos supostamente oriundos da floresta congolesa. Esta expansão designada banto, penetrou no território moçambicano através dos vales dos rios que provêm do interior do continente, e vieram introduzir as actividades agrícola e pecuária, difundindo simultaneamente a tecnologia da metalurgia do ferro.
Com a expansão do Islão ao longo de todo o litoral oriental africano, houve contacto entre as várias comunidades que coexistiam em importantes centros da faixa litoral onde se dedicavam essencialmente ao comércio. Desta fusão das comunidades Bantas, e dos Árabes nasceu a cultura Suailli de que faz parte o litoral do Quénia, Tanzânia e Norte de Moçambique.
No final do século XV os Portugueses chegaram então ao litoral de Moçambique. A sua chegada coincide com a expansão dos Muenemutapas, que se expandiram a partir do planalto do Zimbabwe e chegaram a ocupar um vasto território que se estendia por quase toda a África austral de costa a costa. Este império veio a desintegrar-se durante o século XVII. Os Portugueses ajudados pelos povos locais foram aumentando a sua presença por todo Moçambique, provocando o recuo da concorrência das comunidades árabe-suaillis. Foram então dominando todas as rotas comerciais de bens destinadas à Europa.
Contudo, a presença efectiva portuguesa no território era muito fraca. Sucederam-se então varias disputas entre os povos do interior.
Em 1884-1885, a conferência de Berlim impõe às potências colonizadoras a obrigatoriedade de ocupação efectiva dos territórios. Portugal intensifica então as operações militares no interior do território, que veio culminar com a detenção do soberano Gungunhana em 1895. Mas Portugal não tinha população suficiente para ocupar Moçambique, então pediu ajuda ao estrangeiro, começando assim uma longa história de dependência externa, nomeadamente da África do Sul, que recrutava no sul de Moçambique mão-de-obra para as suas minas, enquanto que o norte era arrendado a companhias estrangeiras, maioritariamente inglesas. As infraestruturas desenvolvidas em Moçambique, nomeadamente portos e vias de comunicação, são projectadas na perspectiva de servir as colónias inglesas no interior do continente. Assiste-se também, durante este período, à fixação de uma colónia de imigrantes portugueses que se ocupará do sector agrícola, beneficiando da expropriação de terras à população local.
A partir do século XX mais propriamente nos anos 30, o estado novo português tenta criar uma base produtiva mais consistente, desenvolvendo as culturas do algodão e do tabaco e introduzindo novas culturas como o caju e o coco. Com esta aposta económica, assiste-se ao desenvolvimento das cidades, dos transportes e do turismo, que levou a um grande crescimento económico ao qual atraiu uma nova vaga de colonos portugueses durante os anos 50 e 60.
Durante os anos 50, e devido aos movimentos de emancipação presentes no continente africano a seguir a segunda guerra mundial, surgem a Manu ( União Nacional Africana de Moçambique) na Tanzânia, e em Salisbúria é fundada a UDENAMO ( União Democrática Nacional de Moçambique).
Em 1960 a violenta repressão dos manifestantes de Mueda (situada na província de Cabo Delgado) salda-se por mais de meio milhar de mortos.
Em 1961 no Malawi, é fundada a União Nacional Africana para Moçambique Independente.
A 25 de Julho de 1962, Eduardo Mondlane (à data, funcionário das Nações Unidas) reúne na Tanzânia todos os líderes dos movimentos e das etnias do território e funda a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
Mais tarde, a 5 de Setembro de 1964, a FRELIMO efectua um ataque a Mueda, dando início à luta armada contra o poder colonial. O General Alberto Chipande foi o homem a dar o primeiro tiro, matando um soldado português e dando inicio à guerra colonial.
Em 68, no âmbito da estratégia de promoção de um mais rápido crescimento económico e num contexto de estreitamento das relações económicas com a África do Sul, o governo de Salazar decide iniciar o processo que permitirá a construção da Barragem de Cabora Bassa.
Em 1969 Eduardo Mondlane, o grande líder e herói nacional da FRELIMO é assassinado em Dar-es-Salaam a 3 de Fevereiro. A FRELIMO não se deixou abalar e continua a guerra. Do II Congresso da FRELIMO, realizado no centro interior do Território, Samora Moises Machel é eleito o novo presidente e intensifica a luta armada.
1970, Kaúlza de Arriaga, comandante-chefe das forças armadas portuguesas em Moçambique, desencadeia a Operação Nó Górdio de que resulta o desmantelamento de grande parte do complexo da FRELIMO no planalto dos Macondes. Contudo, a FRELIMO não foi eliminada e procura levar a guerra para o sul.
Em 1971, nas Nações Unidas, a FRELIMO afirma controlar um terço do pais.
A FRELIMO consegue em 1972 passar o rio Zambeze e penetrar no sul do distrito de Tete. Contingentes das forças armadas portuguesas concretizam em Chawola, Wiriyamu e Juwau, três dos mais graves massacres ocorridos durante a guerra colonial. Em Wiriyamu (zona de Tete), foram assassinados 400 civis em 16 de Dezembro.
Em 1973 a insegurança chega a estrada entre a Beira e a Rodésia e no fim do ano verificam-se os primeiros incidentes na estrada Beira-Lourenço Marques. As autoridades portuguesas reforçam o dispositivo militar e fomentam a africanização das tropas, conseguindo que mais de 50% do contingente militar global seja formado por Moçambique.
Pouco tempo depois da revolução do 25 de Abril de 1974 em Portugal, iniciam-se as negociações com vista à independência de Moçambique, que será formalmente proclamada a 25 de Junho de 1975.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

A Maria do Rio!

Falar da Maria do Rio, em Macieira, é falar da filha da Casa do Novais do Rio, mulher sobejamente conhecida pela sua ligação à igreja e ao grupo de canto coral que animava as cerimónias religiosas a que eu assistia quando criança. Mas em minha casa falar da Maria do Rio era falar de uma das filhas da Tia Alzira do Torres e do Sr. Porfírio, aliás, Maria do Porfírio era outro dos nomes por que era conhecida É desta Maria que hoje vou falar, mas a história começa muitos anos antes.
A minha mãe nasceu em Rio Mau, mas ainda criança muito pequena mudou-se para Macieira. Embora a minha bisavó (a famosa Eusébia da casa do Velho que deu nome à família) fosse natural de Macieira casou para a freguesia de Barqueiros e foi lá que nasceu a minha avó. Os azares da vida levaram esta até Rio Mau e, anos mais tarde, já com uma filha pela mão foi ter a Macieira, talvez movida pelo chamamento dos seus antepassados. A Barqueiros nunca mais voltou, parece não ter ficado com saudades daquilo que deixou para trás, nem da terra nem da família.
Quis o destino que fosse morar para casa do Torres, no lugar de Talho. A minha mãe foi crescendo lado a lado com os filhos da família do Torres e com eles ganhando grande afinidade. Uma das filhas, a Alzira, era pouco mais ou menos da idade da minha mãe e, criadas juntas, ficaram amigas para a vida. Quando esta se casou com o Sr. Porfírio e foi morar para o Rio perderam o contacto estreito que vinham mantendo desde crianças, mas quando a sua filha Maria quis aprender a arte de costureira as coisas voltaram ao que eram. Era comum ver em minha casa a Maria, a sua mãe e alguma das irmãs. E era também usual nós irmos até casa da «Maria do Rio» por uma ou outra razão, qualquer desculpa servia.
Macieira não é terra de muitas nogueiras e como nozes era coisa que se não vendia nas lojas, quem tinha nogueiras comia nozes e quem não tinha ficava a ver navios. Uma das coisas que nunca se apagou da minha memória tem a ver com nozes e nogueiras que havia na Casa do Porfírio. Quando lá ia de visita não saía sem algumas nozes no bolso. Os poucos luxos que naqueles tempos tínhamos no Natal eram uns poucos de figos secos, algumas nozes, pinhões e castanhas. E quase tudo isto era colhido na natureza ou oferecido por quem tinha essas árvores em casa. Ainda não tinha chegado a era dos Continentes e Pingos Doces.


Na minha última passagem pelo Lugar do Rio apontei a câmara fotográfica para essa casa, onde não entro há perto de 60 anos, gravei a imagem sem nenhum propósito em especial e todas estas recordações me vieram à cabeça, como se tivesse regressado ao passado.

domingo, 20 de outubro de 2013

Outros combates!


À primeira vista nada fora do normal se nota nesta foto. Parece exactamente aquilo que é, uma cena que corresponde à actuação de um rancho folclórico.
Mas prestando mais atenção aos pormenores começam a notar-se sinais de que afinal as coisas não são assim tão normais como parecem. A começar pelas pernas das raparigas que têm mais pelos do que deveriam. Em segundo lugar vê-se que a assistência é constituída apenas por negros e militares.
E a partir desses sinais começa-se a perceber que a cena se passa em África, que o mais provável é acontecer nas instalações de uma qualquer Unidade Militar e, por último, que as "mulheres" não passam de militares com trajes femininos. Desvendado o mistério, posso dizer-vos que se trata do «Rancho Folclórico do Batalhão de Artilharia 1886» e a actuação que a foto documenta aconteceu em Cabinda, nos anos de 1966 a 1968, época em que o batalhão lá esteve.
Como é fácil perceber, a guerra não eram apenas tiros, minas, mortos e feridos. Havia também algum divertimento para ajudar a esquecer as agruras da guerra e evitar que o estado psicológico das tropas atingisse o ponto de ruptura. Este tipo de programas recreativos, feitos com a «prata da casa» eram mais comuns do que possa parecer. Encenações de teatro, noites de fado, cantares ao desafio requeriam alguma habilidade e não dispensavam a presença feminina. Num mundo feito só de homens não havia outro remédio senão mascarar alguns que tinham mais jeito e se disponibilizavam para a coisa.
Eu assisti a alguns e posso garantir que a coisa funcionava. E nunca se recusavam os aplausos aos artistas que, em muitos casos, eram bem merecedores deles.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O Combatente de Cabinda!

Há dias, quando publiquei o perfil do Zé (Risso) Rodrigues, faltavam-me uma série de dados que entretanto consegui reunir. Além disso, consegui também entrar em contacto com um dos seus antigos camaradas da Companhia de Comando e Serviços (CCS) e pedir que me enviasse algumas fotografias, coisa que ele fez de imediato e das quais podem já ver aqui alguns exemplos.

Pessoal da CCS

Aquartelamento de Dinge


Camaradas em formatura "agranelada"


Camaradas fardados a rigor


Um pelotão completo


Aquartelamento militar em Cabinda

O Batalhão de Artilharia 1886 foi mobilizado pelo Regimento de Artilharia Pesada 2 (RAP2) de Vila Nova de Gaia e fez-se a concentração de todos os efectivos no Quartel de Viana do Castelo, antes de partirem rumo à África. Além da CCS, a que pertencia o Zé Rodrigues, constituíam o batalhão as Companhias 1543, 1544 e 1545.
Chegados a Cabinda dirigiram-se para o aquartelamento de Batasano (Zona de Buco Zau), no nordeste do Enclave e alguns meses depois foram transferidos para o de Dinge, um pouco mais para sul. Mas não foi este o destino final do batalhão que foi transferido para Belize, muito mais para nordeste do território, para aí continuar a sua comissão de serviço. Já próximo do fim da comissão regressaram a Dinge, de onde seguiriam mais tarde para Luanda, para preparar a viagem de regresso à Metrópole. Mas como não era coisa que se organizasse do pé para a mão, aí ficaram cerca de dois meses até, finalmente, entrarem a bordo do mesmo Niassa que os tinha levado para lá, dois anos antes.
Encontrei várias menções na internet a um morto da CArt 1543, mas não consegui reunir pormenores suficientes para saber se foi em combate ou se é um dos 7 mortos em acidentes, como mencionado no meu post anterior. Se conseguir confirmar ou completar esta notícia voltarei a este assunto mais tarde.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Ligação à «Liga dos Combatentes»!


NÚCLEO RIBEIRENSE
PARTICIPA EM ENCONTRO DE
COMBATENTES DA GUERRA DO ULTRAMAR

O Núcleo da Liga dos Combatentes da Vila de Ribeirão participou no I Convívio de Combatentes da Guerra do Ultramar, naturais da freguesia de Macieira de Rates, concelho de Barcelos, realizado em 29 de Junho, fazendo-se representar pelo seu presidente, tesoureiro e primeira vogal.
Recebidos pelo autarca daquela freguesia, coube ao núcleo ribeirense, em representação da Liga dos Combatentes, a honra de presidir às cerimónias.
Convidado a tomar a palavra, o Presidente do Núcleo de Ribeirão agradeceu antes de mais em nome do Núcleo e da Liga dos Combatentes o convite para estarem presentes, dizendo ser uma honra presidir a uma cerimónia solene com um significado simples mas objectivo, conciso, patriótico e de relevo social.

O Picoto hoje!


Tanto quanto me consigo lembrar, o Picoto era um dos lugares mais pobres de Macieira. Pelo que se vê nesta foto, as coisas parece terem mudado para melhor. O caminho que subia do Lobar para o Picoto era pouco menos que intransitável e não entrava em Negreiros seguindo o trajecto actual. Rasgado em cima de penedos que afloravam à superfície pelas rodas dos carros de bois chapeadas a ferro, não era de molde a grandes passeatas. Só por ali passava quem a isso era obrigado.
Há muito, muito tempo, há quem diga que viveram ali naquela grande casa, ou noutra que a precedeu, a primeira família de macieirenses. Até pode ser verdade, mas não temos provas para o afirmar.

domingo, 13 de outubro de 2013

Macieira em 1950!

Aqueles que vão ler estas linhas não poderão lembrar-se daquilo que aqui vou referir. E os que se lembram não o vão ler, pois não se dão bem com os computadores nem com nada que tenha a ver com as novas tecnologias.
Quer isso dizer que não devia dar-me ao trabalho de o escrever?
Claro que não, pois se o não fizesse nunca ninguém saberia como era a nossa terra na primeira metade do Século XX. É assim que se faz a história, escreve-se hoje para ser lido e apreciado daqui a muitos anos. Hoje talvez ninguém ligue muito a estas coisas, por estarmos ainda muito perto dos acontecimentos, mas os filhos dos vossos filhos, a viver num mundo completamente diferente, vão gostar de saber como era a vida dos seus tetravós.


Não sei a data exacta, mas foi por volta do ano de 1955 que Macieira viu a luz eléctrica pela primeira vez. Agora quero que imaginem como é que os alunos da escola primária estudavam ou faziam os trabalhos de casa nos longos e escuros dias de inverno. Aqueles que pertenciam a famílias mais abastadas sempre teriam direito a um candeeiro a petróleo igual ao que vêem na imagem acima. Ao fim de algumas horas de utilização, a chaminé de vidro ficada toda defumada e era preciso lavá-la com água e sabão para tirar partido de maior luminosidade. Quanto ao combustível era só dar um pulinho à Venda do Sr. Campos e comprar um ou dois quartilhos que custavam apenas alguns tostões. Poluente e muito era com toda a certeza, mas nesse tempo ninguém se preocupava com esses pormenores.


Nas casas onde o dinheiro era mais escasso (como a minha, não tenho vergonha nenhuma de o dizer) o remédio era contentarmos-nos com uma candeia como esta que aqui vêem. Cada um tinha a sua e carregava com ela para qualquer lado que fosse, pois a sua capacidade de iluminação não cobria mais que um metro quadrado. Para estudar o livro de História ou Geografia era preciso pô-la quase debaixo do nariz, com o fumo negro que ela soltava a entrar pelas narinas adentro. Nada saudável como se pode imaginar.


E a estrada que, partindo das Fontaínhas, atravessa a nossa freguesia e vai até à sede do nosso concelho, não fazia a mínima ideia do que é o alcatrão. Também, na verdade, não fazia grande diferença uma vez que não havia automóveis para a usar e para os bois ou cavalos que puxavam os carros que por lá transitavam era muito melhor assim. Cada vez que chovia a enxurrada arrastava o saibro para as valetas deixando à vista o cascalho que formava o lastro da estrada. E depois lá vinha o cantoneiro de carrinho de mão, pá e enxada para repor as coisas no seu lugar.
Mais ou menos na altura em que foi electrificada a freguesia, foi também alcatroada a estrada até Barcelos e inaugurada a carreira, feita pela «Auto Viação Costa & Lino» de Parada, entre Macieira e Barcelos, mas só nos dias de feira. Nos outros dias, as mercadorias eram transportadas em carros de bois ou carroças de burros e cavalos. A rapaziada nova fazia-se transportar nas suas bicicletas e anunciava-se com o som da indispensável corneta montada no guiador da sua bicicleta. Lembro-me que havia toques personalizados e verdadeiros artistas com essas cornetas.


Disse que não havia automóveis em Macieira, mas vejo-me obrigado a rectificar a minha afirmação, pois na verdade havia dois automóveis, embora a sua utilização fosse bastante restrita. Este que vêem acima era pertença do Dr.João Alves e valeu-me uns valentes puxões de orelhas e umas bem assentes palmadas nos fundilhos das calças, porque cada vez que tinha oportunidade entretinha-me a esvaziar-lhe os pneus e nunca faltava quem me denunciasse.


O segundo automóvel, de que não lembro nem a marca nem o modelo, mas que era sensivelmente igual à imagem de cima, pertencia ao «Manel do Velho» e era o táxi da nossa terra. Quando chegou o dia de ir a Barcelos fazer o exame da "Quarta Classe" metemos lá dentro quase metade da turma e ... ala que se faz tarde. Os nossos pais fizeram uma vaquinha para pagar o serviço e para nós que nunca tínhamos entrado numa dessas máquinas, foi uma festa.

sábado, 12 de outubro de 2013

Combatentes - Viriato Barbosa!

Nome - António Viriato Barbosa da Silva Pereira
Nascido em - 9 de Novembro de 1947
Alistado em - 29 de Julho de 1968
Ramo das F.A. - Exército
Especialidade - Escriturário
Matrícula - 84687/68
Posto - 1º Cabo
Mobilizado em - 8 de maio de 1969
Destino - Angola
Unidade - Batalhão de Caçadores 2872 / Companhia CCS
Transporte - Navio Uíge
Regresso - 12 de Agosto de 1971
Transporte - Navio Niassa
Mortos na Companhia - 1
Mortos no Batalhão - 10

O Batalhão de Caçadores Nº 2872 embarcou para Angola em 8 de maio de 1969. O paquete Uíge não era nada comparado com o Infante D.Henrique ou o Príncipe Perfeito, mas era ainda assim um dos melhorzinhos dedicado ao transporte de tropas. Mas como diz o ditado - no melhor pano cai a nódoa - e o Uíge não se deu bem com a travessia do Equador e avariou. Nada de mais nem que afectasse directamente os "passageiros", a não ser um aumento dos dias de viagem. Mas acredito que ninguém estivesse com pressa de chegar a Angola e meter-se numa guerra para que não se tinha oferecido como voluntário.
Além da CCS, a que pertencia o Viriato, compunham o Batalhão as Companhias de Caçadores Nº 2504, 2505 e 2506. Cada uma delas exerceu funções diferentes, lutou em teatros de guerra diferentes, mas andaram de lado para lado, ocupando 3 zonas diferentes, durante a comissão, mantendo-se as quatro companhias relativamente próximas.
Não há muita coisa publicada na internet sobre este batalhão, mas mesmo assim duas das Companhias têm um blog aberto onde vão publicando algumas notícias e fotografias dos convívios anuais que realizam. Vou deixar aqui os links para quem estiver interessado em dar uma vista de olhos.
Companhia de Caçadores 2504 - http://ccac2504.blogspot.pt/
Companhia de Caçadores 2505 - http://ccac2505.blogspot.pt/
O batalhão embarcou de regresso à Metrópole, no navio Vera Cruz, e chegou a Lisboa no dia 1 de Julho de 1971. Por fazer parte da comissão liquidatária do batalhão, o Viriato ficou retido em Luanda não tendo embarcado com os camaradas. Supostamente, regressaria mais tarde de avião, mas como tardava em arranjar lugar nos aviões que viajavam sempre "à pinha", acabou por regressar a Lisboa a bordo do Niassa, o mais piolhoso dos navios que se dedicavam ao transporte de tropas.


O primeiro ponto de paragem do Batalhão 2872 foi em Luanda. Ficaram aquartelados na zona do Grafanil (marcado no mapa com o nº 1) por um curto período, mas mesmo assim não se livraram de entrar em funções e dar apoio às outras forças que já estavam no terreno. Daí partiu para o ponto mais a sudeste de Angola, Coutada de Mucusso (marcado no mapa com o nº 2) que acredito deve ter sido o ponto mais sossegado de toda a comissão. E já com um ano de Angola, foram enviados para o Leste, Lucusse Marcado no mapa com o nº 3) onde completaram a comissão regressando a Luanda para embarque de regresso

Imagem de N.Senhora numa capelinha construida
no tronco de um embomdeiro, no Grafanil.

Imagem encontrada na internet que mostra
a Coutada de Mucusso, mas acredito que
seja uma imagem actual e não daquele tempo


Mapa da Zona Leste que mostra
a posição exacta de Lucusse e Lumbala
onde a Marinha tinha a sua Base.


Como toda a gente sabe, o Rio Zambeze nasce em Angola e vai desaguar a Moçambique. Onde houvesse uma grande zona de água era certo e sabido que a Marinha e, em especial, os Fuzileiros tinham que estar presentes. E assim acontecia no Zambeze, tanto em Angola como em Moçambique. Com a Base na zona da Lumbala/Chilombo era fatal que acabassem por cruzar-se, no desempenho das suas funções, com as forças do Exército e foi isso que aconteceu com o pessoal do Batalhão 2872, tal como descobri ao ler um dos blogs cujos links deixei acima.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Combatentes - José Vieira!




Nome - José Alves Vieira
Ramo das F.A. - Exército
Posto - Soldado
Mobilizado em - 10 de Janeiro de 1968
Unidade - Pelotão de Morteiros 2005
Destino - Guiné
Regresso - 8 de Novembro de 1969



Há aqueles que falam demais e há os que nem com um saca-rolhas se lhes consegue arrancar meia dúzia de palavras. O Zé Vieira pertence a este último grupo e na entrevista em que falámos sobre a sua passagem pela Guiné, como combatente da Guerra Colonial, além de alegar falta de memória não se mostrou nada interessado no trabalho para o qual pedi a sua colaboração.
Acho que arrancar-lhe a identificação da Unidade do Exército em que prestou serviço já foi um milagre. Sobre episódios de guerra também diz não ter nada para contar. Sendo uma Unidade de apoio, limitavam-se a ficar no seu buraco à espera de ordens para disparar umas morteiradas segundo as coordenadas que lhes eram fornecidas por quem de direito.


Queimei as minhas pestanas em infindáveis pesquisas na internet e não encontrei nada sobre o «Pelotão de Morteiros 2005». E pior que isso, numa lista de todos os efectivos militares que passaram pela Guiné, nem sequer aparece mencionado. Se eu não tivesse visto AQUI o guião deste Pelotão ia dizer que o Zé Vieira se tinha enganado na informação que me deu. Noutro site encontrei este registo (Pel.Mort 2005 BC 10 - Chaves Jan-68 Nov-69) referindo-se às Unidades do Exército que passaram pela Guiné. Assim sendo podemos ter a certeza que não há engano na informação. Pena é que seja tão incompleta.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Coisas velhas para novos recordarem!


Ao olhar para esta imagem consigo imaginar a minha avó (nascida 10 anos antes de acabar o Século XIX) com os joelhos dentro do caixão e debruçada sobre o lavadouro de pedra esfregando os trapos a que nós chamávamos roupa. Lavadouro largo onde cabiam várias mulheres ao mesmo tempo, aquilo era um esfrega-esfrega que nunca mais acabava. Ensaboar, esfregar, torcer, bater com a peça de roupa no lavadouro, passar por água, ensaboar de novo e por aí fora até expulsar toda a sujidade.
Nesses tempos ninguém tinha ainda ouvido falar de máquinas de lavar, nem tão pouco havia electricidade em Macieira para as fazer andar. E a palavra caixão, hoje em dia, só é ouvida nas casas funerárias em em dia de enterro, mas na época a que me refiro era uma peça fundamental para as lides domésticas. Não só para levar para a «Poça do Outeiro», para evitar meter os joelhos na lama, mas também para esfregar e encerar o soalho lá de casa quando era preciso. Recordo-me bem de cada «Semana Santa» em que o soalho da minha casa tinha direito a um tratamento de luxo para receber o «Compasso», no domingo de Páscoa.


A "serúdia", a planta que vêem a sair da parede, era usada pela minha avó para curar eczemas de pele, conhecidos entre nós pelo nome de "impingens" e que funcionava muito bem. Com os antigos o negócio das farmácias não era tão florescente como agora, pois eles sabiam recorrer à natureza para curarem muitas das suas mazelas. Por outro lado, o pouco dinheiro que cada um conseguia juntar mal dava para comida e essa é que era a prioridade das prioridades, tudo o resto se resolvia conforme Deus ou o destino o permitissem.
Estas memórias parecem coisa de loucos, especialmente para quem nasceu depois do 25 de Abril e viveu toda a sua vida num mundo «eléctrico, electrónico, dos computadores e telemóveis», e pode acontecer que alguém acredite que é invenção de quem não tem mais que fazer, mas garanto que não há nelas nada de ficção. Era assim a vida em Macieira na primeira metade do Século XX.

Lista de Combatentes - Moçambique

Moçambique foi a última das colónias portuguesas em África a entrar em guerra. Enquanto que a guerrilha já se batia com as tropas portuguesas desde 1961, em Angola, e desde 1963, na Guiné, só em Setembro de 1964 as coisas aqueceram em Moçambique. Embora seja apenas referido o ataque ao Posto Administrativo do Chai, no Cabo Delgado, também em Metangula houve um ataque com rajadas de metralhadora à lancha de fiscalização Castor que estava fundeada na baía de Tungo. Foi aliás esse acontecimento que fez com que eu (e o meu pelotão da Companhia de Fuzileiros Nº 2) fosse deslocado da capital Lourenço Marques para Metangula, na noite de 24 para 25 de Setembro, para garantir a segurança das instalações da Marinha naquela localidade.
A Tanzânia, naquele tempo chamada Tanganika, foi o país que sempre apoiou os guerrilheiros moçambicanos e foi, por essa razão, que a linha de fronteira entre os dois países se transformou no primeiro teatro de guerra a entrar em ebulição. Com o primeiro campo de treino situado em Bagamoyo, cidade costeira da Tanzânia que fica situada a norte de Mocímboa do Rovuma, entende-se o porquê de a primeira frente de guerra ter surgido no distrito de Cabo Delgado, na zona de Mueda.
Só alguns meses mais tarde as coisas começaram a dar dores de cabeça aos militares portugueses na fronteira oeste de Moçambique, ou seja, nas margens do Lago Niassa. Era aí que eu me encontrava e tive o meu baptismo de fogo no dia 9 de Janeiro de 1965, quando uma secção de fuzileiros, de que eu fazia parte, caíu numa emboscada na povoação do Lipoche, a poucos quilómetros da fronteira com a Tanzânia. A partir daí o número de guerrilheiros foi aumentando, as armas começaram a equiparar-se às nossas e a guerra entrou num crescendo cada vez maior.


Com o início da construção da barragem de Cabora Bassa a luta deslocou-se para a região de Tete e abrandou no Niassa. Enquanto que o vizinho Malawi se tentou manter sempre fora do conflito, a Zâmbia decidiu apoiar a guerrilha e ajudar os guerrilheiros a penetrar em Moçambique através da sua fronteira muito próxima de Tete. Este movimento fez com que a concentração de tropas aumentasse rapidamente naquela zona cortando o caminho aos guerrilheiros e nessa contingência a Frelimo tenha decidido criar uma rota de penetração que da Tanzânia descia para sul até atingir a região de Moatize e Tete. Esse período, de 1969 até ao fim da guerra, fez com que a guerra se agravasse de novo na zona do Niassa provocando nas nossas tropas algumas baixas e muitos feridos. O meio preferido da Frelimo era a minagem de estradas e caminhos de modo a causar baixas sem envolvimento nem grande risco do seu lado. Do nosso lado houve muito mais mortos em explosões de minas do que em tiroteio com o inimigo.
Espero que com a publicação das histórias pessoais de cada um dos combatentes que passou por Moçambique este assunto seja mais aprofundado de modo a que os leitores deste blog fiquem com uma ideia o mais precisa possível daquilo que se passou durante os 10 anos de guerra, 1964 a 1974, que conduziram à descolonização. E para terminar segue abaixo a lista dos combatentes de Macieira que prestaram serviço em Moçambique.


Nome
Posto
Embarque
Regresso
Abílio Ferreira Fonseca
Soldado
23-03-1970
27-06-1972
Ademar Ferreira dos Santos
Soldado
07-05-1974
14-07-1975
Albino G. Faria Gomes
1º Cabo
24-10-1972
07-09-1974
António Carvalho Ferreira
Soldado
07-09-1966
04-09-1968
António da Silva Martins
1º Cabo
24-04-1968
13-06-1970
António Martins Falcão
Soldado
21-08-1974
24-06-1975
Armindo Ferreira de Carvalho
Soldado
11-03-1972
18-02-1974
David Alves da Silva
Marinheiro
16-11-1969
04-02-1972
Domingos M. Alves Novais
1º Cabo
24-04-1968
13-06-1970
Francisco Ferreira da Silva
Furriel
25-06-1974
29-04-1975
Gabriel dos Santos Martins
1º Cabo
30-04-1966
08-09-1968
Horácio Lopes de Oliveira
Soldado
31-10-1969
07-12-1971
Joaquim Alves Araújo
Soldado
1966
1968
Joaquim António C. Leitão
Soldado
13-01-1970
19-03-1971
Joaquim G. Faria Gomes
1º Cabo
07-03-1973
17-07-1974
Joaquim Lopes de Oliveira
Furriel
12-03-1973
18-04-1975
Joaquim Rodrigues Carvalho
Soldado
09-11-1966
18-12-1968
Joaquim S. Ferreira de Sousa
1º Cabo
18-05-1968
13-06-1970
José da Silva Leitão
Soldado
11-11-1973
18-01-1975
José Gomes Azevedo
Soldado
23-07-1968
16-09-1970
José Maria Ferreira da Silva
Soldado
23-04-1966
13-07-1968
José Pereira Costa
1º Cabo
23-07-1968
16-09-1970
José Sousa Ferreira
Soldado
11-10-1967
15-12-1969
Leopoldino C. Alves Fonseca
1º Cabo
12-04-1969
18-06-1971
Manuel Alves da Silva (1)
Marinheiro
02-11-1962
11-04-1965
Manuel Alves da Silva (2)
Marinheiro
15-10-1965
20-03-1968
Manuel Alves Vieira
Soldado
30-04-1966
13-07-1968
Manuel Araújo Gomes
Soldado
20-05-1970
13-06-1972
Manuel Gomes Simões Faria
Soldado
05-12-1970
26-01-1973
Manuel Martins Alves Novais
Soldado
23-04-1966
11-06-1968



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Combatentes - David F.Oliveira!

Nome - David Ferreira de Oliveira
Nascido em - 25 de Dezembro de 1936
Alistamento em - Agosto de 1962
Ramo das F.A. - Exército
Especialidade - Cavalaria
Matrícula - 110/C
Posto - Tenente
Mobilizado em - 20 de Julho de 1963
Unidade - Companhia de Cavalaria 484
Destino - Angola
Transporte - Navio Vera Cruz
Regresso - 9 de Setembro de 1965
Transporte - Navio Vera Cruz
Mortos - ??
oooOooo

A Companhia de Cavalaria Nº 484 era uma Companhia independente que foi mobilizada para Angola pelo Regimento de Cavalaria 7 de Lisboa. O seu primeiro destino foi Muxaluando, na província do Bengo, uma das zonas mais quentes da Guerra Colonial, em Angola. A Companhia funcionava como reserva do Sector B e a proximidade de Nambuangongo era a melhor garantia de que nunca teriam um dia de descanso. O período de cerca de um ano que ali passou foi fértil em episódios de guerra, tal como pudemos ouvir na intervenção feita pelo David no dia do nosso primeiro convívio. O relato feito com lágrimas nos olhos e que fizeram brotar lágrimas nos olhos de muitos dos presentes na sala é prova evidente do stress provocado em quem esteve debaixo de fogo e teve a vida em risco e que, mesmo depois de todos os anos já passados, continua latente no espírito de cada combatente.


Depois deste ano passado no norte de Angola, a Companhia 484 foi enviada para o Leste de Angola, na fronteira da província do Katanga, Congo Belga. Nana Candundo, Massibi ou Camafuafua foram as zonas por onde foi espalhada a Companhia 484 com a missão de dar protecção a outras Unidades, fazer escoltas e participar em operações conjuntas com outras forças em serviço na mesma zona.
Alguns mortos e muitos feridos foi o resultado do trabalho árduo destes militares na sua passagem pela guerra. Pesquisei durante horas, na internet, e não encontrei praticamente nada que me ajudasse a desenvolver este tema e como os relatos dos interessados também são pouco menos que inexistentes nada mais posso acrescentar.


No mês de Agosto de 1965 chegou a ordem para regressar a Luanda e preparar a viagem para Lisboa que teve lugar a bordo do paquete Vera Cruz, um belíssimo navio em que também tive o prazer de viajar.