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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

De novo à beira da guerra!

Num momento em que Moçambique enfrenta de novo a possibilidade de entrar em guerra, guerra civil para piorar as coisas, achei por bem trazer aqui um pequeno texto que encontrei na internet sobre a História de Moçambique, até à sua independência. É de facto muito resumido, mas tudo que se possa encontrar, com dados mais ou menos fidedignos, deve ser aproveitado. Aqui fica para quem se interessar pelo assunto.


A partir do século três e nos seguintes, os povos que ocupavam o território, dedicavam-se à caça e à pesca. O território foi depois invadido por vários humanos supostamente oriundos da floresta congolesa. Esta expansão designada banto, penetrou no território moçambicano através dos vales dos rios que provêm do interior do continente, e vieram introduzir as actividades agrícola e pecuária, difundindo simultaneamente a tecnologia da metalurgia do ferro.
Com a expansão do Islão ao longo de todo o litoral oriental africano, houve contacto entre as várias comunidades que coexistiam em importantes centros da faixa litoral onde se dedicavam essencialmente ao comércio. Desta fusão das comunidades Bantas, e dos Árabes nasceu a cultura Suailli de que faz parte o litoral do Quénia, Tanzânia e Norte de Moçambique.
No final do século XV os Portugueses chegaram então ao litoral de Moçambique. A sua chegada coincide com a expansão dos Muenemutapas, que se expandiram a partir do planalto do Zimbabwe e chegaram a ocupar um vasto território que se estendia por quase toda a África austral de costa a costa. Este império veio a desintegrar-se durante o século XVII. Os Portugueses ajudados pelos povos locais foram aumentando a sua presença por todo Moçambique, provocando o recuo da concorrência das comunidades árabe-suaillis. Foram então dominando todas as rotas comerciais de bens destinadas à Europa.
Contudo, a presença efectiva portuguesa no território era muito fraca. Sucederam-se então varias disputas entre os povos do interior.
Em 1884-1885, a conferência de Berlim impõe às potências colonizadoras a obrigatoriedade de ocupação efectiva dos territórios. Portugal intensifica então as operações militares no interior do território, que veio culminar com a detenção do soberano Gungunhana em 1895. Mas Portugal não tinha população suficiente para ocupar Moçambique, então pediu ajuda ao estrangeiro, começando assim uma longa história de dependência externa, nomeadamente da África do Sul, que recrutava no sul de Moçambique mão-de-obra para as suas minas, enquanto que o norte era arrendado a companhias estrangeiras, maioritariamente inglesas. As infraestruturas desenvolvidas em Moçambique, nomeadamente portos e vias de comunicação, são projectadas na perspectiva de servir as colónias inglesas no interior do continente. Assiste-se também, durante este período, à fixação de uma colónia de imigrantes portugueses que se ocupará do sector agrícola, beneficiando da expropriação de terras à população local.
A partir do século XX mais propriamente nos anos 30, o estado novo português tenta criar uma base produtiva mais consistente, desenvolvendo as culturas do algodão e do tabaco e introduzindo novas culturas como o caju e o coco. Com esta aposta económica, assiste-se ao desenvolvimento das cidades, dos transportes e do turismo, que levou a um grande crescimento económico ao qual atraiu uma nova vaga de colonos portugueses durante os anos 50 e 60.
Durante os anos 50, e devido aos movimentos de emancipação presentes no continente africano a seguir a segunda guerra mundial, surgem a Manu ( União Nacional Africana de Moçambique) na Tanzânia, e em Salisbúria é fundada a UDENAMO ( União Democrática Nacional de Moçambique).
Em 1960 a violenta repressão dos manifestantes de Mueda (situada na província de Cabo Delgado) salda-se por mais de meio milhar de mortos.
Em 1961 no Malawi, é fundada a União Nacional Africana para Moçambique Independente.
A 25 de Julho de 1962, Eduardo Mondlane (à data, funcionário das Nações Unidas) reúne na Tanzânia todos os líderes dos movimentos e das etnias do território e funda a FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique).
Mais tarde, a 5 de Setembro de 1964, a FRELIMO efectua um ataque a Mueda, dando início à luta armada contra o poder colonial. O General Alberto Chipande foi o homem a dar o primeiro tiro, matando um soldado português e dando inicio à guerra colonial.
Em 68, no âmbito da estratégia de promoção de um mais rápido crescimento económico e num contexto de estreitamento das relações económicas com a África do Sul, o governo de Salazar decide iniciar o processo que permitirá a construção da Barragem de Cabora Bassa.
Em 1969 Eduardo Mondlane, o grande líder e herói nacional da FRELIMO é assassinado em Dar-es-Salaam a 3 de Fevereiro. A FRELIMO não se deixou abalar e continua a guerra. Do II Congresso da FRELIMO, realizado no centro interior do Território, Samora Moises Machel é eleito o novo presidente e intensifica a luta armada.
1970, Kaúlza de Arriaga, comandante-chefe das forças armadas portuguesas em Moçambique, desencadeia a Operação Nó Górdio de que resulta o desmantelamento de grande parte do complexo da FRELIMO no planalto dos Macondes. Contudo, a FRELIMO não foi eliminada e procura levar a guerra para o sul.
Em 1971, nas Nações Unidas, a FRELIMO afirma controlar um terço do pais.
A FRELIMO consegue em 1972 passar o rio Zambeze e penetrar no sul do distrito de Tete. Contingentes das forças armadas portuguesas concretizam em Chawola, Wiriyamu e Juwau, três dos mais graves massacres ocorridos durante a guerra colonial. Em Wiriyamu (zona de Tete), foram assassinados 400 civis em 16 de Dezembro.
Em 1973 a insegurança chega a estrada entre a Beira e a Rodésia e no fim do ano verificam-se os primeiros incidentes na estrada Beira-Lourenço Marques. As autoridades portuguesas reforçam o dispositivo militar e fomentam a africanização das tropas, conseguindo que mais de 50% do contingente militar global seja formado por Moçambique.
Pouco tempo depois da revolução do 25 de Abril de 1974 em Portugal, iniciam-se as negociações com vista à independência de Moçambique, que será formalmente proclamada a 25 de Junho de 1975.

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