Moçambique foi a última das colónias portuguesas em África a entrar em guerra. Enquanto que a guerrilha já se batia com as tropas portuguesas desde 1961, em Angola, e desde 1963, na Guiné, só em Setembro de 1964 as coisas aqueceram em Moçambique. Embora seja apenas referido o ataque ao Posto Administrativo do Chai, no Cabo Delgado, também em Metangula houve um ataque com rajadas de metralhadora à lancha de fiscalização Castor que estava fundeada na baía de Tungo. Foi aliás esse acontecimento que fez com que eu (e o meu pelotão da Companhia de Fuzileiros Nº 2) fosse deslocado da capital Lourenço Marques para Metangula, na noite de 24 para 25 de Setembro, para garantir a segurança das instalações da Marinha naquela localidade.
A Tanzânia, naquele tempo chamada Tanganika, foi o país que sempre apoiou os guerrilheiros moçambicanos e foi, por essa razão, que a linha de fronteira entre os dois países se transformou no primeiro teatro de guerra a entrar em ebulição. Com o primeiro campo de treino situado em Bagamoyo, cidade costeira da Tanzânia que fica situada a norte de Mocímboa do Rovuma, entende-se o porquê de a primeira frente de guerra ter surgido no distrito de Cabo Delgado, na zona de Mueda.
Só alguns meses mais tarde as coisas começaram a dar dores de cabeça aos militares portugueses na fronteira oeste de Moçambique, ou seja, nas margens do Lago Niassa. Era aí que eu me encontrava e tive o meu baptismo de fogo no dia 9 de Janeiro de 1965, quando uma secção de fuzileiros, de que eu fazia parte, caíu numa emboscada na povoação do Lipoche, a poucos quilómetros da fronteira com a Tanzânia. A partir daí o número de guerrilheiros foi aumentando, as armas começaram a equiparar-se às nossas e a guerra entrou num crescendo cada vez maior.
Com o início da construção da barragem de Cabora Bassa a luta deslocou-se para a região de Tete e abrandou no Niassa. Enquanto que o vizinho Malawi se tentou manter sempre fora do conflito, a Zâmbia decidiu apoiar a guerrilha e ajudar os guerrilheiros a penetrar em Moçambique através da sua fronteira muito próxima de Tete. Este movimento fez com que a concentração de tropas aumentasse rapidamente naquela zona cortando o caminho aos guerrilheiros e nessa contingência a Frelimo tenha decidido criar uma rota de penetração que da Tanzânia descia para sul até atingir a região de Moatize e Tete. Esse período, de 1969 até ao fim da guerra, fez com que a guerra se agravasse de novo na zona do Niassa provocando nas nossas tropas algumas baixas e muitos feridos. O meio preferido da Frelimo era a minagem de estradas e caminhos de modo a causar baixas sem envolvimento nem grande risco do seu lado. Do nosso lado houve muito mais mortos em explosões de minas do que em tiroteio com o inimigo.
Espero que com a publicação das histórias pessoais de cada um dos combatentes que passou por Moçambique este assunto seja mais aprofundado de modo a que os leitores deste blog fiquem com uma ideia o mais precisa possível daquilo que se passou durante os 10 anos de guerra, 1964 a 1974, que conduziram à descolonização. E para terminar segue abaixo a lista dos combatentes de Macieira que prestaram serviço em Moçambique.
Espero que com a publicação das histórias pessoais de cada um dos combatentes que passou por Moçambique este assunto seja mais aprofundado de modo a que os leitores deste blog fiquem com uma ideia o mais precisa possível daquilo que se passou durante os 10 anos de guerra, 1964 a 1974, que conduziram à descolonização. E para terminar segue abaixo a lista dos combatentes de Macieira que prestaram serviço em Moçambique.
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