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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Farinheiros - A história!


No primeiro post sobre os «Farinheiros» escrevi aquilo que a minha memória guardou dos poucos anos que convivemos, em Macieira. Depois eles partiram para Angola e eu para Coimbra e nunca mais soubemos uns dos outros. Hoje consegui encontrar um meio-irmão, de quem desconhecia a existência, e soube o resto da história, além de ter falado com o único irmão que mora cá em Portugal, o Benjamim.
Mas vamos começar a história pelo princípio. O Tio David era originário de Macieira e casou com a Tia Carma que era de Carapeços. Quando se casou e veio viver para Macieira a Tia Carma já tinha um filho chamado Manuel. Do casamento com o Tio David nasceram 4 rapazes, o Serafim, o Benjamim, o Domingos e o Manuel que, no verão de 1955, acompanharam os pais e uma avó que ainda era viva rumo a Nova Lisboa, Angola. Lá nasceriam ainda mais dois filhos, um rapaz e uma rapariga.
Quando chegou a altura do serviço militar, todos os 4 filhos nascidos em Macieira foram incorporados no Exército, como seria normal com qualquer cidadão português. Em 1964 foi o Serafim que tirou a especialidade de condutor auto, em 1966 o Benjamim que saiu artilheiro, em 1968 o Domingos que optou pela Infantaria e, finalmente, em 1970 o Manuel seguiu Cavalaria. Dos dois mais novos não sei os detalhes, mas um por ser rapariga e outro por ser novo demais estou em crer que escaparam a essa obrigação.
Quanto à história como combatentes fica-se por aqui a informação que consegui até agora, talvez mais tarde a possa completar. Quanto à grande dúvida que eu tinha sobre o seu regresso ou não a Portugal, depois da independência, também fiquei esclarecido. Só o Benjamim regressou, todos os outros decidiram ficar por lá. Dos 5 irmãos que lá ficaram só 2 são vivos ainda, o Serafim e a Conceição. O Domingos, o Manuel e o outro irmão, já nascido em Nova Lisboa, tal como também o pai, a mãe e a avó partiram há muito deste mundo e lá ficaram sepultados.
A fazenda que o Tio David tinha comprado em 1955 e que durante perto de 20 anos garantiu o sustento da família foi nacionalizada após a independência e todos eles forçados a ir viver para a cidade e arranjar emprego para sobreviverem. Hoje, os dois sobreviventes vivem no Lobito, não sei se juntos ou separados.
O Benjamin que na altura da independência era já casado e tinha um filho resolveu regressar e escolheu a terra da mulher como destino, Vila Real, onde ainda vive. Já enviuvou e tem 3 filhos, dois dos quais foram ao encontro do tio Serafim, no Lobito, para ver se a vida por lá se torna mais fácil de levar do que por aqui, pois isto está uma verdadeira desgraça. E depois, o mais velho tinha curiosidade de conhecer a terra onde nasceu. É o espírito de África a chamar por ele.
Depois de tudo esclarecido a coisa até parece fácil, não é?
O meu próximo desafio vai ser tentar entrar em contacto com o Serafim e talvez arranjar uma foto para publicar aqui. Com as novas tecnologias tudo é possível.

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