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domingo, 20 de outubro de 2013

Outros combates!


À primeira vista nada fora do normal se nota nesta foto. Parece exactamente aquilo que é, uma cena que corresponde à actuação de um rancho folclórico.
Mas prestando mais atenção aos pormenores começam a notar-se sinais de que afinal as coisas não são assim tão normais como parecem. A começar pelas pernas das raparigas que têm mais pelos do que deveriam. Em segundo lugar vê-se que a assistência é constituída apenas por negros e militares.
E a partir desses sinais começa-se a perceber que a cena se passa em África, que o mais provável é acontecer nas instalações de uma qualquer Unidade Militar e, por último, que as "mulheres" não passam de militares com trajes femininos. Desvendado o mistério, posso dizer-vos que se trata do «Rancho Folclórico do Batalhão de Artilharia 1886» e a actuação que a foto documenta aconteceu em Cabinda, nos anos de 1966 a 1968, época em que o batalhão lá esteve.
Como é fácil perceber, a guerra não eram apenas tiros, minas, mortos e feridos. Havia também algum divertimento para ajudar a esquecer as agruras da guerra e evitar que o estado psicológico das tropas atingisse o ponto de ruptura. Este tipo de programas recreativos, feitos com a «prata da casa» eram mais comuns do que possa parecer. Encenações de teatro, noites de fado, cantares ao desafio requeriam alguma habilidade e não dispensavam a presença feminina. Num mundo feito só de homens não havia outro remédio senão mascarar alguns que tinham mais jeito e se disponibilizavam para a coisa.
Eu assisti a alguns e posso garantir que a coisa funcionava. E nunca se recusavam os aplausos aos artistas que, em muitos casos, eram bem merecedores deles.

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