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quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O meu rio!


Uns fazem lindas poesias ao Rio Douro, outros cantam sentidos fados ao Rio Tejo, enquanto os estudantes de Coimbra namoram o Mondego no Choupal. Eu não tive a sorte de nascer nas margens de um desses grandes rios, mas também não me sinto triste com o meu pequeno rio em que aprendi a dar as primeiras braçadas.
Quando era criança ia muitas vezes a Chorente a recados da Tia Rita costureira (a senhora minha mãe) que me mandava levar a roupa a casa das clientes. Um dos caminhos que seguia para lá chegar era descendo por um carreiro até à Fonte da Gandarinha, seguir até à azenha do Mariano e daí até à Baralha, lugar onde confrontam as freguesias de Macieira, Gueral e Chorente.
O rio Codade que da encosta do monte de Chavão desce até à Baralha e daí num pulinho chega às Pousadas, onde eu e os meus colegas de brincadeira íamos nadar nos dias de verão, atravessava o caminho de lado a lado barrando o passo a quem queria passar de Macieira para Chorente. No verão, quando a água era pouca, passava-se sobre uma filinha de pedras para não molhar os pés. No inverno, a água subia perto de 1 metro de altura e só em cima de um carro de bois se conseguia passar.
Há muitos anos que por ali não passava, uma vez que aquilo fica completamente fora dos meus percursos habituais. Hoje deu-me a curiosidade de ver como estaria aquele recanto perdido do mundo que faz parte das minhas memórias de criança. Lá chegado mal reconheci o lugar. Um pontão foi construído para evitar que continuasse a passar-se por dentro de água e o lugar mudou completamente de figura. Não fora o trecho do rio que mostro na imagem acima e que está exactamente como dantes, eu passaria por ali sem reconhecer o lugar.
Não sou homem de fazer versos senão dedicaria uma pequena poesia ao meu rio, ao rio que fez rodar a mó do moinho que moeu o milho do pão que comi até aos 11 anos de idade e me ensinou a nadar para mais tarde enfrentar as águas do Ave, em Touguinha para onde os meus pais se mudaram, ou do Tejo, no Barreiro onde fui parar quando tinha 18 anos.
Depois disso nadei no Oceano Atlântico, no Índico, no Lago Niassa e em muitos outros lugares que já esqueci. Mas não posso esquecer que tudo começou ali muito perto da Baralha, no pequeno rio que atravessa Macieira de lés-a-lés, o Rio Codade.

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