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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Uma volta de 50 anos!


Foi na famosa década de 60 (do século passado) que aconteceu a maior vaga de emigração de que há memória em Portugal. A falta de condições para a nossa sobrevivência obrigou-nos a procurar fora de Portugal aquilo que aqui não encontrávamos. A agricultura era a miséria que todos sabemos, pois ninguém consegue alimentar uma família com alguns carros de milho e umas pipas de vinho. As poucas batatas, feijão ou centeio que também se tiravam da terra eram basicamente para consumo próprio e não traziam ao lavrador o ganho necessário para a sua subsistência. Indústria era coisa que não havia e a construção civil ocupava pouca gente.
Por outro lado, havia as nossas colónias em África, mas o grande Salazar não achava que estivesse aí a solução para os nossos problemas e tudo o que ganhámos com isso foi uma guerra que levou à morte muita da nossa juventude dessa época. Quando as coisas estavam já condenadas à desgraça houve muita gente que partiu, principalmente para Angola, para depois terem que abandonar tudo e regressar de mãos a abanar. Lembro-me de haver quem dissesse, antes de ter começado a Guerra do Ultramar, que o ideal seria mudar a capital de Portugal para Luanda e devolver o «rectângulo luso, jardim à beira-mar plantado» aos espanhóis para fazerem dele o que quisessem.
É verdade que a guerra, como acontece em todas as guerras, provocou uma mudança radical nos hábitos dos portugueses. Partiram das suas aldeias com os olhos fechados e regressaram com outra visão do mundo. Aprenderam a andar pelo mundo e muitos nunca mais regressaram a casa.. Começou a haver dinheiro no bolso das pessoas que não provinha da agricultura e dava para outras larguezas. Ao mesmo tempo, com o afastamento da crise pós-II Guerra Mundial, a indústria começou a ganhar terreno e empregar muitas pessoas.
Mas o grande remédio para os nossos males foi a emigração. Os países europeus, destruídos pela guerra tinham que ser reconstruidos e para isso era preciso mão de obra que eles não tinham. Morreram milhões de pessoas na Europa nessa guerra e, principalmente, homens e jovens que eram quem empunhava as armas, tanto do lado de quem atacava como de quem defendia. De Portugal, assim como da Grécia, da Jugoslávia, da Itália e da Espanha, sairam os braços que foram substituir os que tinham tombado na guerra. Com isso resolveu-se o problema deles e também o nosso com a garantia de um emprego bem pago que na nossa terra não havia hipótese de arranjar.
Passados 50 anos, com o Império Ultramarino e a guerra que o tornou livre completamente esquecidos, voltamos ao mesmo. Basta entrar no Facebook para descobrir que metade da juventude da Macieira vive na emigração. Seja em Inglaterra, na Suíça ou no Canadá (nem falo na França ou Alemanha a quem ficamos ligados desde a primeira vaga da emigração) é vê-los agarrados ao computador ou telemóvel para se ligarem aos familiares e amigos que ficaram por cá. Sim, porque ir é preciso, mas as raízes com os nossos nunca são cortadas.
Até eu, através deste pouco frequentado blog, sinto a influência dos macieirenses que andam por fora ,pois são diárias as visitas de alguns que consigo identificar através das terras onde labutam para ganhar a vidinha. Aproveito para daqui enviar uma abraço para todos eles e dizer-lhes que se agarrem ao que têm, porque aqui a vida está cada vez mais negra (infelizmente).

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