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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A forja do ferreiro!

Um grande fole para soprar as brasas de modo a mantê-las sempre acesas, acionado por um braço de madeira à altura da cabeça de um homem. Uma bigorna de ferro no centro da oficina montada sobre um enorme tronco de madeira, onde o ferreiro malhava o ferro em brasa até o moldar à sua vontade. Uma enorme pedra de amolar que girava dentro de uma caixa de madeira com um pouco de água no fundo e que era tocada a pedal pelo ferreiro. Um caldeiro cheio de água suja de fuligem e ferrugem para a tempera das ferramentas completava a forja do ferreiro de Macieira.
Como que hipnotizado, eu sentava-me a olhar para ele a ver a sachola ou o machado que ali tinha levado para amolar sair do carvão de pedra ao rubro e com meia dúzia de marteladas tomar outra forma. Operação que era repetida duas ou três vezes até a ferramenta estar na forma pretendida e pronta para a tempera e depois a pedra de amolar para os retoques finais.
Para quem não tinha qualquer espécie de divertimento a não ser ver os carros de bois andarem de um lado para o outro, ou olhar para uma junta de bois a puxar um arado e lavrar os campos, aquilo era uma novidade e uma espécie de arte que eu adorava ver. Para mim o ferreiro era um artista a esculpir a sua obra, coisa que mais ninguém na aldeia sabia fazer.
Além de moldar, temperar e afiar as nossas ferramentas (de toda a gente da freguesia) ainda arranjou tempo para fabricar meia dúzia de rapazes de entre os quais saíram dois Combatentes de Macieira. Deixei-os em Macieira quando de lá saí em 1960, alistei-me na Marinha, fui até Moçambique de onde só regressei na primavera de 1968. Ainda antes do fim desse ano, casei-me e fiquei a morar na Póvoa onde vim encontrar o ferreiro e a sua família. Os pais já morreram, mas os filhos "Combatentes" por aqui continuam a fazer-me companhia.

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