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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

O Primeiro Combatente de Macieira!

Quando fui contactado e convidado para aparecer no I Convívio dos Combatentes de Macieira, parti do princípio que se tratava apenas da Guerra do Ultramar. Vi depois que apareciam também os nomes daqueles que fizeram comissão (e não propriamente a guerra) na Índia. Se a ideia era incluir todos os combatentes, vivos ou mortos, por que não incluir também os da I Guerra Mundial? Não faço a mínima ideia de quantos seriam, mas pelo menos um havia e que eu conhecia muito bem, o Tio João do Costa.


A conversa sobre armas químicas está na ordem do dia, por causa daquilo que se passa na Síria, havendo o risco de isso poder despoletar (como já dizem alguns) a III Guerra Mundial. Pois seria bom não esquecermos que os antepassados da Srª Merkel usaram os mesmos meios que os sírios, em 1917 e 1918, matando milhares de soldados, entre eles alguns portugueses. O Corpo Expedicionário Português, treinado à pressa (a mata-cavalos, como alguém escreveu) pelo Gen. Norton de Matos no Quartel de Tancos, foi para a Flandres participar na última fase da guerra, aquela em que os alemães desesperados usaram todos os meios para evitar a derrota.
Muitos dos soldados portugueses morreram, encontrando-se os restos mortais daqueles que foi possível recuperar sepultados no Cemitério Militar de Richebourg. Mas nem todos morreram e um dos que escapou foi o Tio João do Costa, morador no Lugar de Travassos da freguesia de Macieira. Escapou vivo, mas com os pulmões queimados pelo gás de cloro (ou talvez mostarda) lançado às toneladas pelos alemães sobre as tropas aliadas.


Durante a década de 50 do século passado, quem passasse pela estrada que atravessa o Lugar de Travassos podia ver o Tio João sentado à sua janela tentando sorver o ar que lhe faltava nos pulmões. Ali passou os últimos tempos da sua vida até que a morte o libertou do sofrimento. O tempo vai apagando as memórias das pessoas e os mais novos, nascidos depois de 1974, não dão a mínima importância a isso, pois não conviveram nem intervieram (ainda) em nenhuma guerra. Os mortos da I Guerra Mundial já foram praticamente esquecidos e em breve acontecerá o mesmo aos da Guerra do Ultramar. As coisas só doem quando as sentimos na nossa própria pele.

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