Para qualquer assunto relacionado com os combatentes podem contactar-me através do e.mail «maneldarita44@gmail.com»

sexta-feira, 19 de julho de 2013

As madrinhas de guerra!


Pode-se dizer que não há combatente que não tenha tido uma (ou várias) madrinha de guerra. Não sei quem, quando ou como apareceu esta designação para as meninas (ou senhoras) que gastavam o seu tempo escrevendo cartas, postais ou aerogramas tentando animar os milhares de militares portugueses espalhados pela selva africana que se viam forçados a um isolamento forçado que, por vezes, ultrapassava os dois anos de duração. E na maior parte dos casos sem um mínimo de condições de segurança e higiene. Bem precisados estavam dessa injecção de ânimo que as suas madrinhas lhe enviavam camuflada entre palavras mais ou menos sentidas que cada um interpretava conforme queria.
Alguns combatentes coleccionavam madrinhas, outros tratavam-nas como verdadeiras namoradas, criaram-se laços muito estreitos entre madrinhas e afilhados e muitos casamentos aconteceram por causa dessas ligações. Pedir a uma menina para ser sua madrinha de guerra era muitas vezes a desculpa para iniciar uma relação que sempre teve o namoro como objectivo final. E elas que não eram parvas nenhumas, iam dando corda ao pretenso afilhado até terminar a comissão. Depois de desembarcar em Lisboa, metade das madrinhas desapareciam da vida dos combatentes sem mais notícia. Outras recebiam ainda uma ou outra carta, umas palavras de agradecimento pelas palavras escritas com mais ou menos sentimento, em seguida o esquecimento. Por último havia aquelas que eram visitadas, que de madrinhas passavam a namoradas e por vezes a esposas. Não era caso raro.
Na foto acima vêem-se dois combatentes de Moçambique, o Gabriel e eu mesmo, com uma menina entre nós, a Ana, que fez o papel de madrinha de guerra no que refere ao nascimento deste blog. Quando iniciei esta experiência era apenas uma tentativa para aliciar algum macieirense mais ligado à internet, talvez filho ou neto de algum combatente, que pudesse achar piada à minha iniciativa e participar na "conversa". Como essa experiência foi um fracasso total, não houve um único comentador que tenha deixado uma palavra de ânimo, esteve em vias de ficar por aí. Foi a Ana que me incentivou a continuar, que me empurrou para a linha de fogo e me fez enfrentar as "balas".
Por essa razão a considero a madrinha de guerra do blog dos «Combatentes de Macieira». Só não a consegui convencer ainda a fazer um comentário a qualquer das mensagens publicadas.

Sem comentários: