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terça-feira, 16 de julho de 2013

O papel das mães!


Toda a gente sofreu com a Guerra do Ultramar. As noivas e namoradas, além das esposas que também havia algumas, embora poucas, e até os filhos eram os mais directamente atingidos pela partida dos combatentes e os primeiros na fila dos que, lavados em lágrimas, deles se despediam no cais de embarque. Mas, além de todos esses, havia outra pessos que chorava lágrimas de sangue e temia nunca mais voltar a ver aquele a quem agora dizia adeus, a mãe. Ela tinha carregado aquele filho no seu ventre durante nove meses, cuidara dele durante vinte anos, educara-o para se tornar um homem e agora via-se obrigada a entregá-lo para servir a Pátria e talvez dar a vida em sua defesa.
Por felicidade só uma das mães de Macieira perdeu o seu filho nesta guerra. Foi ela a única que viu o seu filho partir e viu confirmados os receios que sentira na hora da despedida, porque ele perdeu a vida naquela aventura em que se viu envolvido contra sua vontade, a mãe do Geraldino.
As aldeias  do Baixo Minho sofreram uma evolução muito rápida desde o tempo em que começou a Guerra do Ultramar e Macieira não foi excepção. A movimentação de tropas entre a Metrópole e o Ultramar e, em especial, o grande êxodo para a emigração começaram a fazer mexer as coisas e alterar o padrão de vida das gentes que ali moravam. Muitos dos que partiram para a guerra ficaram por lá ou pelas grandes cidades, como Lisboa ou Porto, na ânsia de melhorar de vida.


O lugar da freguesia onde morava o Geraldino, quando foi mobilizado para Angola, tanto quanto me consigo lembrar, era o mais pobre de toda a freguesia. A Cumieira não passava de um amontoado de barracas construídas à margem do caminho que, por entre pinheirais, ligava o lugar de Penedo à freguesia de Courel. Hoje está completamente diferente e, se calhar, apenas eu a recordo dessa maneira. De qualquer modo é assim que, ao fim de 60 anos, a mantenho na minha memória. Foi nesse lugar e no meio de muitas privações que a mãe do Geraldino o criou sem sonhar que eu, tantos anos depois, aqui estaria a contar a sua história e o que a Nação Portuguesa fizera do seu filho querido. Um herói que deu a sua vida em defesa da Pátria!

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