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quarta-feira, 3 de julho de 2013

O Padre Portela!


Durante os anos que vivi em Macieira foi sempre o Padre Marques que paroquiou a freguesia. Mas lembro-me de ouvir muitas histórias a respeito do Padre Portela, o pároco que o antecedeu. Foi ele quem casou os meus pais e baptizou as minhas duas irmãs mais velhas.
Lembro-me de ouvir contar que ele mantinha as raparigas solteiras com rédea curta. Todas ou quase todas pertenciam à JAC (Juventude Agrária Católica) ou à JOC (Juventude Operária Católica), punha-as a cantar no coro ou a ensinar doutrina às crianças. O que era preciso era não lhes tirar os olhos de cima, mantê-las longe da tentação da carne.
O meu pai tinha-lhe uma raiva danada. Só de ouvir o nome dele ficava próximo da apoplexia. Pelos vistos o padre não era favorável ao namoro dele com a minha mãe e quando lhe foram participar que se queriam casar foi ainda pior. Como ele era natural de Gueral obrigou-o a ir a Braga tirar a licença para se casar em Macieira. E quando chegou com o papel disse-lhe que não estava de acordo com o que ele queria e obrigou-o a voltar lá para emendar o que estava mal. Para ir de Macieira a Braga, fazia-se o caminho a pé até Nine e depois de comboio até Braga. Imaginem o castigo de fazer a mesma viagem duas vezes no mesmo dia, correndo o risco de encontrar os serviços do Arcebispado já fechados quando lá chegasse.
O meu pai tinha uma saúde de ferro e dizia que havia de chegar aos 100 anos. Afinal sofreu um AVC 4 meses antes de fazer os 90, ficou em coma profundo e viria a morrer 11 meses depois. Mas uma coisa vos posso garantir, do Padre Portela nunca se esqueceu. E tudo por lhe ter roubado uma das Jocistas e catequistas mais apreciadas da paróquia.

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