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segunda-feira, 29 de julho de 2013

O Sobreiro da Bruxa!

Quem segue pelo caminho que da azenha do Gamelas vai para o Monte do Adro, vai desembocar na «Encruzilhada dos Três Caminhos», lugar conhecido pelo nome de «Sobreiro da Bruxa». No post anterior falei da igreja que antigamente existia no Monte do Adro, neste vou falar de uma lenda, ou crença popular, que deu o nome de Sobreiro da Bruxa àquele lugar.
Do lugar referido partem três caminhos, um deles na direcção do noroeste vai para a Baralha,  lugar onde se encontram os limites de Gueral e Chorente, um outro na direcção sudeste vai dar a Negreiros e o último, apontado ao sudoeste, segue em direcção a Rates, passando pelo lugar de Talho, Rio do Souto e Penedo da freguesia de Macieira. Fácil se torna entender a razão da existência deste caminho depois de ler o que escrevi sobre a igreja do Monte do Adro, pois estabelecia uma curta e rápida ligação desta igreja ao Mosteiro de S.Pedro de Rates que era o centro da fé católica desde os tempos em que os Romanos por cá andaram e construíram o referido mosteiro.


Ora com a construção da nova igreja no lugar do Outeirinho e o consequente abandono da velha igreja e dos restos mortais dos primeiros habitantes de Macieira ali enterrados, o Monte do Adro transformou-se num lugar assombrado pelos fantasmas dos mortos abandonados e onde começaram a imperar as forças do mal. Por essa razão foi eleito como lugar de reunião das bruxas de toda a região em noites de lua cheia.
Logo que o sol desaparecia no horizonte, lá para os lados da Póvoa, e a lua redonda e brilhante iluminava todo o Monte do Adro, vindos dos três caminhos que formavam a encruzilhada, começavam a chegar umas figuras esbranquiçadas que se assemelhavam a porcos com uma vela acesa espetada no alto da cabeça. Pelo caminho do noroeste vinham os de Chorente, de Gueral, de Goios e das Carvalhas. Pelo de sudeste vinham os de Negreiros, de Chavão e de Gondifelos. E por último, pelo caminho que ligava Rates ao Monte do Adro, vinham os de Macieira, de Courel e de Rates. Chegados ao Sobreiro da Bruxa tomavam a forma humana e pegando na vela que traziam na cabeça sentavam-se ao redor de uma fogueira que ali ardia, acesa sabe-se lá por quem ou por que maléficos poderes. E até à meia noite entretinham-se a trocar receitas e segredos que eram passados de mães para filhas de modo a preservar a tradição da bruxaria.




Quando começavam a soar as badaladas da meia noite no sino da igreja do Outeirinho, todas as bruxas iniciavam um rodopiar frenético em torno da fogueira criando um verdadeiro tornado que a apagava e ao soar a última badalada esfumavam-se no ar e tudo regressava ao normal.
Ouvi gente contar que viu os porcos com as velas na cabeça, outros que sentiram a forte ventania que se levantava ao soar das badaladas e outros até, que armados em valentões, garantiam ter-se escondido no meio do mato e assistido à reunião das bruxas, sem no entanto terem apanhado algum dos segredos que elas confidenciavam às suas irmãs das terras vizinhas. E era voz corrente nessa altura que não havia no Baixo Minho outro encontro de bruxas maior ou mais importante que o de Macieira.


Na visita que ontem fiz ao local não vi nada que me fizesse recordar os velhos tempos. Os caminhos que antes eram estreitos, rasgados à largura das rodas dos carros de bois, e estavam cheios de mato são agora largos e limpos que dá gosto ver. E do velho sobreiro que deu nome ao lugar não encontrei qualquer indício. Talvez este pequeno que se vê na imagem seja filho ou neto do original.

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