Ontem estive em Macieira e encontrei-me com alguns dos Combatentes cujos dados ainda não tinha recolhido. Um deles é o Aires Ribeiro que foi para a Guiné e regressou antes do conflito armado ter começado. Sorte a dele que foi poupado a muitos dissabores. Eu tinha decidido não publicar os dados daqueles que estiveram no Ultramar antes da guerra propriamente dita ter começado, mas pensando melhor e uma vez que me foram fornecidos aqui vão eles, embora de uma forma reduzida.
Nome - Aires Alves Ribeiro
Ramo das FA - Exército
Número - 293/59
Unidade - Companhia de Caçadores Nº 52
Destino - Guiné
Partida - 12/8/59
Regresso - 24/8/61
Como estamos a referir-nos a um período de «antes da guerra» achei por bem trazer aqui uma pequena parte de um relato (muito bem feito) por um ex-combatente da Guiné que conta o antes, o durante e o depois de tudo o lá aconteceu. Intitula-se «O Princípio do Fim», foi escrita por José Marcelino Martins e publicada no blog do «Luís Graça & Camaradas da Guiné. Refere-se, no entanto, ao período após a comissão do Aires, pois nada escreveu sobre o período que vai de 1959 a 1961.
- Em 10 de Agosto de 1961 embarca com destina à Guiné a Companhia de Artilharia nº 250, mobilizada no Regimento de Artilharia Pesada nº 2, aquartelado em Vila Nova de Gaia, assim como a Companhia de Cavalaria nº 252, mobilizada no Regimento de Cavalaria nº 3, aquartelado em Estremoz, e a Companhia de Polícia Militar nº 257, mobilizada no Regimento de Lanceiros nº 2, aquartelado em Lisboa, para reforço da guarnição normal.
- A comissão da ONU responsável pelo acompanhamento dos territórios ainda sob dominação ou tutela colonial condena explicitamente, no mês de Novembro de 1961, por oitenta e três contra três votos, o governo português pela atitude de intransigência que mantém no que diz respeito à possibilidade de negociação dos processos de autodeterminação e independência das respectivas províncias ultramarinas.
- O Ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Dr. Franco Nogueira, entrega ao Presidente do Conselho de Ministros, Dr. Oliveira Salazar, em 12 de Janeiro de 1962, um documento intitulado “Notas sobre a Política Externa Portuguesa”. Neste Documento, de dezoito páginas, era preconizada a entrega de Macau à China e Timor à Indonésia, enquanto à Guiné e São Tomé e Príncipe seria dada a autonomia e independência. Os territórios de Angola, Moçambique e Cabo Verde seriam mantidos como colónias essenciais.
- Início, em 23 de Janeiro de 1963, da luta armada na Guiné, com um ataque ao quartel de Tite pelo PAIGC. Amílcar Cabral tentou fazer-se ouvir, com propostas e apelos ao diálogo, mas é com pelas armas que a Guiné se torna na segunda frente de combate africana.
- Nessa madrugada em que se deu o combate de Tite tombou o primeiro militar português, desconhecendo-se se por causa do fogo inimigo ou fogo amigo, sendo ele Veríssimo Godinho Ramos, Soldado Condutor Auto Rodas nº 834/59, do Batalhão de Caçadores nº 237, mobilizado no Regimento de Infantaria nº 6, no Porto, solteiro, filho de Joaquim Ramos e Ricardina Joaquim Godinho, natural da freguesia de Vale de Cavalos e concelho de Chamusca. Faleceu no dia 23 de Janeiro de 1963 durante o ataque a Tite, vitima de ferimentos em combate, Foi inumado no Cemitério de Vale de Cavalos.